Mesa de Unidade Democrática chama pleito de 'fraudulento' e 'ilegítimo'

CARACAS
FOLHA DE SÃO PAULO
UOL

A coalizão de partidos da oposição da Venezuela afirmou nesta quarta-feira (21) que não irá participar nas eleições "fraudulentas e ilegítimas" de 22 de abril devido às condições criadas pelo governo do ditador Nicolás Maduro.

A decisão da Mesa de Unidade Democrática (MUD), composta por cerca de 20 partidos, deixa Maduro praticamente disputando sozinho a reeleição e deve provocar críticas internacionais. Há apenas uma candidatura rival confirmada: a do pastor evangélico Javier Bertucci.

"Não contem com a Unidade Democrática nem o povo para apoiar o que até agora é só um simulacro fraudulento e ilegítimo de eleição presidencial", disse um comunicado da MUD lido pelo coordenador político Angel Oropeza,.

A votação foi antecipada de dezembro para 22 de abril. Agora o chavismo também avalia antecipar as eleições legislativas de 2020 para o mesmo dia, renovando uma Assembleia Nacional de maioria oposicionista.

Na terça-feira (20), o ex-prefeito de Caracas hoje no exílio Antonio Ledezma já havia dito que a oposição não registraria candidatos para as eleições. "Não é um boicote. Nós estamos, na verdade, ignorando uma armadilha. Não podemos chamar de uma eleição, porque sabemos que será uma fraude", disse.

Os dois principais rivais de Maduro estão impedidos de concorrer: Leopoldo López está em prisão domiliciar, enquanto Henrique Capriles está proibido de assumir mandatos devido a acusações de má conduta quando era governador.

Além disso, a comissão eleitoral já havia banido a MUD e alguns de seus principais partidos de concorrer com candidatos sob suas legendas.

"O evento prematuro anunciado para 22 de abril não apresenta as condições apropriadas e é um show do governo para dar uma impressão de legitimidade que não tem em meio à agonia e ao sofrimento dos venezuelanos", afirmou a nota da coalizão, em referência à crise econômica e humanitária que o país atravessa. "Em nome da imensa maioria dos venezuelanos, desafiamos o governo Maduro disputar eleições reais."

Há uma dúvida se o ex-chavista e hoje oposicionista Henri Falcon vai romper com a oposição e lançar uma candidatura própria.

AFP e REUTERS