Brasil247 - O ministro das Relações Exteriores da Ucrânia, Andrii Sybiha, destacou em entrevista à revista Veja a relevância da atuação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) nas tentativas de mediação entre Kiev e Moscou. A declaração foi dada em Kiev, na quarta-feira (10), a um grupo de jornalistas de países de língua portuguesa, e publicada neste domingo (14).

Segundo Sybiha, Lula atendeu a um pedido do governo ucraniano para interceder junto ao presidente da Rússia, Vladimir Putin, antes de uma reunião realizada em Istambul. “Agradecemos muito ao presidente Lula porque ele tentou ajudar a fazer negociação com a Rússia. Nós pedimos que ele falasse com Putin para fazer esse encontro e ele aceitou esse pedido e falou”, afirmou o chanceler, acrescentando que a expectativa é de que o Brasil mantenha essa linha de apoio às conversas de paz.

Brasil e os BRICS no centro das tensões

O chanceler ucraniano ressaltou que o Brasil pode desempenhar papel relevante ao evitar que a Rússia use os BRICS supostamente como plataforma para justificar sua posição. 

“O Brasil pode forçar a Rússia a não atacar instalações civis e não atacar instalações de infraestrutura, especialmente no início do inverno, porque são crimes de guerra. O Brasil pode nos ajudar a parar isso”, disse Sybiha.

Escalada no conflito

O cenário descrito pelo ministro aponta para uma intensificação do conflito. No início de setembro, a Rússia teria lançado mais de 800 drones e 13 mísseis contra diferentes regiões da Ucrânia. “Estamos em uma nova etapa da guerra. O lado russo atacou pela primeira vez, desde o início da agressão em larga escala, um prédio do governo com um míssil lançado com intenção. Isso significa uma mudança de escala”, avaliou Sybiha.

O papel dos EUA e a busca por cessar-fogo

Sybiha ressaltou ainda a importância das recentes reuniões promovidas pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, em Washington e no Alasca, como oportunidade para avançar em direção a um cessar-fogo.

“Estamos prontos para um cessar-fogo. A nossa lógica é que, depois do cessar-fogo, teremos oportunidade para uma negociação de paz mais ampla”, declarou o ministro, sublinhando que o presidente Volodymyr Zelensky está disposto a se encontrar com Putin.