O grupo de ultraconservadores da Igreja Católica se coloca contra algumas posições públicas do Pontífice, como a comunhão para divorciados, tolerância a homossexuais, aborto e diversidade religiosa
Grupo de padres e acadêmicos católicos pediu em carta aberta aos bispos que acusem o papa Francisco por heresia. O grupo de ultraconservadores da Igreja Católica se coloca contra algumas posições públicas do Pontífice, como a comunhão para divorciados, tolerância a homossexuais, aborto e diversidade religiosa. As informações são do jornal O Globo.
A carta foi publicada nesta terça-feira, 30 de abril, em um site católico conservador intitulado LifeSiteNews, local que é frequentemente usado para ataques ao Papa. O texto pode ser conferido na íntegra, em inglês, clicando aqui.
"Tomamos esta medida como último recurso para responder ao prejuízo acumulado causado pelas palavras e ações do Papa Francisco ao longo de vários anos, que deram origem a uma das piores crises da História da Igreja Católica", afirmam os assinantes em trecho da carta.
Os argumentos são de que Francisco teria amolecido a posição da Igreja em uma série de assuntos. A carta aponta que o papa não tem se declarado abertamente o bastante sobre o aborto, tem sido muito hospitaleiro aos homossexuais e tolerante demais com protestantes e muçulmanos.
A publicação pede aos bispos católicos que "urgentemente lidem com a situação da adesão pública do Papa Francisco à heresia", além de solicitar que os clérigos "advirtam publicamente o Papa Francisco a abjurar as heresias que professou".
Um dos focos da carta é um documento papal datado de 2016, a "Amoris Laetitia" (A alegria do amor, em tradução livre), que é base da tentativa de Francisco de fazer da Igreja Católica um ambiente mais inclusivo e menos condenador. Nesta publicação, o Papa solicitou aos fiéis que sejam menos restritivos e compassivos em relação a qualquer integrante "imperfeito", como aqueles que se divorciam e posteriormente se casam novamente em cerimônias civis.
Pelas leis da Igreja, divorciados não podem receber a comunhão a não ser que se abstenham de fazer sexo com seus novos parceiros, já que a comunhão do casamento continua válida aos olhos da Igreja. Francisco permitiu algumas exceções, passando a decisão para um pároco ou bispo juntamente com o fiel, numa avaliação caso a caso.
Também são listadas na carta "evidências do Papa Francisco ser culpado do delito de heresia", por ter dito que Martinho Lutero ("pai" da Reforma Protestante) "não tinha intenções equivocadas", além de não condenar forte o suficiente o aborto e ter sido brando com católicos homossexuais.
Inicialmente, a carta foi assinada por 19 padres e acadêmicos. Na quarta-feira, 1º de maio, mais 12 nomes foram adicionados. Nesta quinta-feira, até o início da tarde, outros 20 nomes foram adicionados à publicação, o que leva ao total de 51 pessoas.
Um porta-voz do Vaticano foi procurado pela reportagem, mas não quis comentar a carta.