PANDEMIA


A cidade de Buenos Aires aprovou na quinta-feira (27) uma lei que garantirá em seu território o "direito à despedida" aos pacientes da Covid-19, que frequentemente morrem sozinhos por questões de contaminação. 


Por unanimidade, a Câmara de Buenos Aires aprovou o protocolo que estará válido para o sistema de saúde e que permitirá que um familiar entre 18 e 60 anos acompanhe o paciente em estado terminal. 


"Em grande parte do mundo, o novo coronavírus era definido como a doença da solidão. São muitos os casos de parentes que sentem que seus entes queridos morreram porque se sentiram sozinhos", afirmou o deputado Facundo Del Gaiso, autor do projeto. 


"Os médicos, as enfermeiras podem acompanhar (os pacientes). De verdade, acompanham, passam afeto. Porém, não são as pessoas com quem conviveram toda a vida que os acompanham, e que dão acolhimento aos pacientes em estado terminal. Já são quase 8.000 argentinos que morreram nestas condições, vítimas da Covid-19", acrescentou Del Gaiso. 


O protocolo estabelece que o acompanhante do paciente da covid-19 não deve ter doenças pré-existentes que o incluam em grupo de risco, nem ser gestante. 


Os centros de saúde devem fornecer a ele um kit de biossegurança igual ao usado pelos médicos para que ele permaneça com o paciente. Além disso, irão facilitar o acompanhamento psicológico. 


"Procuramos aproximar os pacientes dos seus entes queridos e oferecer os meios necessários para uma despedida digna, sem colocar sua vida em risco", explicou a deputada María Luisa González Estevarena na sessão desta quinta-feira. 


Até agora em Buenos Aires, um hospital e uma clínica privada permitiam o acompanhamento de pacientes em estado terminal com a Covid-19. Projetos semelhantes ao aprovado por Buenos Aires estão sendo propostos em uma dezena de províncias argentinas. 


Além disso, o governo publicou recomendações sobre o tema para o sistema de saúde em todo o país. A Argentina vive um momento de forte aumento no número de casos e mortes pelo novo coronavírus. 


Na quarta-feira, o país registrou o recorde de 10.550 casos e 237 mortos. Com 44 milhões de habitantes, o país tem um total de mais de 370 mil casos e quase 8 mil mortes.