A situação dos 28 cidadãos brasileiros que estão atualmente na Faixa de Gaza, incluindo uma idosa e 15 crianças, indica um quadro desesperador. Diplomatas que monitoram de perto a situação temem que o grupo possa enfrentar a fome se não houver sucesso na tentativa do governo brasileiro de evacuá-los através da fronteira com o Egito.

Um diplomata, sob a condição de anonimato, afirmou à coluna de Monica Bergamo, da Folha de S.Paulo: "Sim, eles vão morrer de fome." Os 28 brasileiros em Gaza estão alojados em uma escola católica, onde estão recebendo uma dieta limitada, composta por queijo, pão, fatias finas de carne, o que, dadas as circunstâncias, é considerado um verdadeiro banquete. Os suprimentos de alimentos da Unrwa, a Agência das Nações Unidas de Assistência aos Refugiados da Palestina, só serão suficientes para mais quatro dias, e é essa comida que está chegando aos brasileiros. 

O Governo Federal mobilizou o avião da Presidência da República para resgatar brasileiros que estão em Gaza. A aeronave, com capacidade para 40 lugares, decolou em caráter de urgência nesta quinta-feira, às 16h30, da Base Aérea de Brasília. O avião fará uma parada técnica em Cabo Verde e pousará em Roma, Itália, por volta das 6h de sexta-feira (13), horário local. Na capital italiana, a tripulação aguardará autorização para prosseguir para o Egito, onde buscará os brasileiros após a obtenção da autorização para cruzar a fronteira entre Gaza e o Egito.

Israel já declarou que não fornecerá eletricidade, comida ou água a Gaza enquanto o grupo armado Hamas mantiver reféns no território. O ex-presidente Lula fez um apelo, através de uma carta, para que Israel abra corredores humanitários a fim de permitir a saída de civis de Gaza e a entrada de ajuda alimentar. Outros países, incluindo o Egito, também estão pressionando por um acesso seguro para a assistência humanitária em Gaza, mas até agora esses apelos não tiveram sucesso. De Gaza, brasileiros mandam mensagens pelas redes sociais:

A situação desses brasileiros palestinos é muito diferente da dos brasileiros que estavam em Israel e estão retornando ao Brasil em voos da Força Aérea Brasileira. Eles não são turistas e não possuem recursos financeiros. São pessoas em situação de extrema vulnerabilidade, que viviam em Gaza como cidadãos palestinos. >>> ONU alerta que comida e água estão acabando rapidamente em Gaza, em razão do cerco promovido por Israel

Os ataques aéreos de Israel continuam a atingir a Faixa de Gaza pelo sexto dia consecutivo, levantando crescentes preocupações sobre um genocídio na região palestina sob cerco. O governo israelense anunciou que lançou 6.000 bombas, totalizando 4.000 toneladas de explosivos sobre Gaza durante os últimos seis dias, resultando na perda de vidas de mais de 1.400 pessoas.

Autoridades em Gaza relataram que entre as vítimas fatais, 447 eram crianças, 248 mulheres e 10 profissionais de saúde. Somente na quinta-feira, mais de 150 pessoas perderam suas vidas devido aos bombardeios incessantes. Os bairros inteiros na Faixa de Gaza, uma área habitada por 2,3 milhões de pessoas, com metade delas sendo crianças, foram devastados por esses ataques, forçando 338 mil palestinos a abandonar suas casas em busca de abrigo seguro.