Brasileiros que vivem em Taiwan viveram momentos de terror na madrugada desta quarta-feira (03/4) por causa do terremoto que deixou pelo menos menos nove mortos e mais de 800 feridos.

O abalo sísmico com magnitude superior a 7 graus na escala Richter também provocou danos em diversos prédios e levo à emissão de um alerta de tsunami na costa leste da Ásia, que foi suspenso horas depois.

James Chuang é brasileiro e filho de taiwaneses. Há doze anos, ele vive em Taipé, capital da ilha. Chuang viralizou nas redes sociais ao registrar um vídeo com o início do tremor. Assustado, ele mostra quadros e lâmpadas de casa balançando. “Tá trepidando tudo! Caraca! Tenho que sair de casa", diz no registro.

Ao jornal Folha de São Paulo, James contou que o tremor foi repentino e começou com muita força. Ele estava tomando seu café da manhã, quando percebeu que havia algo errado. “Já peguei vários [terremotos], mas este foi o mais forte", declarou.

 

“Como a gente já é instruído, a primeira coisa foi abrir as portas, porque se o prédio tiver algum dano estrutural, você não consegue mais. Aí fui ver se estourava cano de gás, água. A torneira caiu, ficou aberta. Começaram a cair coisas, enfeites, latas de coleção", apontou. O brasileiro conta que, mesmo com o alerta do prédio, ele não correu para o elevador, com medo de ficar preso. “O condomínio onde moro é mais novo, já segue as leis que exigem que os prédios suportem acima de oito pontos na escala Richter. Fiquei dentro até parar de balançar para depois descer", explicou.

Segundo a mídia taiwanesa, os tremores de hoje foram os mais fortes do local nos últimos 25 anos. O abalo também foi sentido em cidades da costa da China, incluindo Xangai. Houve impacto ainda em outros países como Japão e Filipinas, que chegaram a emitir alertas de tsunamis.

‘Corri desesperadamente’
A brasileira Helena Wang também viveu momentos de tensão com o abalo sísmico. À Folha de São Paulo ela contou que estava arrumando seu apartamento quando sentiu um tremor. Wang, que mora no segundo andar de um prédio de quatro andares em Hualien, no leste de Taiwan, resolveu sair de casa. A cidade foi uma das mais atingidas pelos tremores. “Eu corri desesperadamente, porque nunca vi tão forte. Começaram a cair as coisas aqui em casa, os vidros começaram a quebrar. Eu saí tão desesperada que nem peguei chinelo. Descalça, quase rolando as escadas, porque mexia muito, para lá e para cá, nos degraus”, relatou.

A mulher de 38 anos tinha acabado de voltar para casa, após deixar sua filha de 11 anos na escola, no centro da cidade. Helena disse que nunca havia visto nada parecido nos três anos que vive em Taiwan. Por conta do terremoto, ela não foi ao trabalho e está abrigada em um hotel. As aulas foram suspensas e sua filha levada até ela. “Depois do primeiro terremoto, deu uma pausa, depois teve outro, está tendo até agora, vários", disse ela.

O diplomata Miguel Magalhães também contou ao jornal como se sentiu durante os tremores. “Foi apavorante. Nos meus 40 anos de diplomacia, nunca vi um terremoto assim. A gente mora no 14º andar, balança muito mais", apontou, citando que o tremor destruiu uma estante em seu apartamento. Segundo Magalhães, a comunidade brasileira em Taiwan já foi contatada e não há registros de mortos ou feridos.

‘Corpo tremendo’
Ao portal G1, o brasileiro Vanderbergh Fernandes conta que o tremor foi o mais aterrorizante que já sentiu, chegando a abalar seu corpo. Ele vive na Ásia há 16 anos, sendo 5 deles em Taiwan. “Todos os terremotos, a gente sente e não fica com medo, sente e não fica preocupado. Esse foi o terremoto que me deu mais medo e que me deixou com o corpo tremendo", afirmou.

Fernandes relatou que recebeu um alerta de terremoto por SMS e, segundos depois, a terra começou a tremer. “Foi um balanço fraco e depois virou um balanço bem forte, e a gente não conseguia ficar em pé", lembrou. Ele mora no 15º andar de um prédio e não se retirou do edifício.

"A recomendação não é sair correndo nas ruas, tem vídeos de pedaços de prédios caindo na rua. Então, se você sair correndo, é mais perigoso do que você ficar no local esperando o terremoto passar", justificou. Vanderbergh disse que o tremor deixou móveis, copos, estátuas e quadros revirados em sua casa. “"Já podemos voltar ao normal. O aviso é que podem ocorrer outros abalos menores, até as placas se acomodarem, mas que não tem chance de ter um terremoto grande", declarou.