Nascido em Estrasburgo em 1989, ele estava fichado por radicalização pelo Serviço Antiterrorista Francês, após sua passagem pela prisão entre 2013 e 2015
O autor do ataque que deixou três mortos e 13 feridos na terça-feira à noite (11/12) em um mercado de Natal de Estrasburgo, que se encontra foragido, nasceu há 29 anos nesta cidade do leste da França, é considerado um radical e tem antecedentes penais.
Mais de 600 policiais foram mobilizados para encontrar o homem que "espalhou o terror", de acordo com as palavras do ministro do Interior, Christophe Castaner, ao abrir fogo contra a multidão às 20h locais (15h em Brasília) em pleno centro de Estrasburgo.
O suspeito foi ferido por militares da Operação Sentinela, que patrulham todo o território francês diante da ameaça terrorista, mas conseguiu escapar das forças de segurança. Testemunhas do ataque ouviram no momento em que ele gritou "Alá é grande" em árabe, segundo o procurador responsável pela investigação.
De acordo com uma foto de identidade, à qual a AFP teve acesso, o suspeito tem olhos e cabelos escuros, sobrancelhas grossas e barba curta.
Nascido em Estrasburgo em 1989, ele estava fichado por radicalização pelo Serviço Antiterrorista Francês (tinha um "arquivo S"), após sua passagem pela prisão entre 2013 e 2015. Nesse período, chamou a atenção do serviço de Inteligência por seu comportamento violento, por sua radicalização na prática religiosa e por seu proselitismo.
Por este motivo, foi monitorado de "forma bastante séria" depois de sair da prisão em 2015, explicou o secretário de Estado do Interior, Laurent Niñez.
Antecedentes "bastante importantes
Apesar do registro de antecedentes "bastante importantes", como quase 20 penas por crimes comuns na França e na Alemanha, onde cumpriu penas de prisão, "nunca havia estado envolvido em delitos relacionados com o terrorismo", completou Nuñez, que negou uma tentativa de viagem à Síria.
O secretário de Estado pediu prudência antes que as pessoas apontem um motivo terrorista, pois isto "ainda não foi determinado", apesar de o Departamento Antiterrorista da Procuradoria de Paris ter assumido a investigação.
Durante o período na prisão, o atirador "defendia uma prática religiosa radical, mas nada indicava que poderia passar à ação", afirmou o secretário de estado.
A ministra francesa da Justiça, Nicole Belloubet, disse que ele cumpriu duas penas de prisão de dois anos cada. "Saiu (da prisão) há três anos, após sua última condenação", afirmou.
De acordo com as autoridades alemãs, o suspeito também foi condenado na Alemanha a dois anos e três meses de prisão em 2016 por roubo. Ele passou pouco mais de um ano em uma prisão desse país até ser expulso para a França. "Não estava muito envolvido com o Islã", explicou à AFP Zach, de 22 anos, que morava no mesmo bairro de conjuntos habitacionais que o agressor, na periferia de Estrasburgo.
O vizinho o descreve como um homem "discreto", que morava sozinho em um pequeno apartamento. Seus pais residiam no mesmo bairro.
Antes do ataque de terça-feira, o fugitivo já era procurado por outro caso, um roubo a mão armada supostamente cometido com outros criminosos em agosto e que terminou mal, com uma tentativa de homicídio, segundo uma fonte próxima à investigação. Agentes do serviço de Inteligência francês o procuraram na terça-feira em seu apartamento, mas encontraram apenas uma granada e uma pistola.
Embora a motivação exata não tenha sido determinada, a Procuradoria considera que há provas suficientes para iniciar uma investigação por "assassinatos e tentativas de assassinatos relacionadas com um projeto terrorista".