Um ataque a tiros em uma loja de Jacksonville, Flórida (EUA), deixou quatro mortos neste sábado (26). De acordo com as autoridades locais, um homem branco acertou três pessoas negras e o caso é tratado como crime com motivação racial.

Em entrevista coletiva, a polícia de Jacksonville disse que o atirador, morto logo após acertar dois homens e uma mulher, queria matar negros e estava armado com um fuzil e uma pistola.

O caso aconteceu em uma unidade da Dollar General, loja de variedades nos Estados Unidos.

O atirador não teve seu nome divulgado e a polícia disse acreditar que ele tenha agido sozinho. Antes do ataque ele havia escrito "vários manifestos" para a mídia, seus pais e autoridades, detalhando seu ódio pelos negros.

TK Waters, xerife de Jacksonville, disse que o atirador foi visto na Edward Waters University, faculdade local conhecida por receber estudantes negros. Ele vestiu um colete e uma máscara antes de seguir para a Dollar General. 

O governador da Flórida, Ron DeSantis, condenou o ataque e disse que o atirador optou por uma saída "covarde".

"O ataque, baseado no manifesto que descobriram do vagabundo que fez isso, teve motivação racial. Ele mirou em pessoas com base na raça delas. Isso é totalmente inaceitável", disse DeSantis, que concorre nas primarias do partido Republicano para a eleição presidencial de 2024.

Alejandro Mayorkas, secretário do Departamento de Segurança Interna dos EUA, afirmou que o governo norte-americano está monitorando a situação em Jacksonville e que seguirá exigindo o cumprimento da lei para manter os moradores da Flórida em segurança.

CRIMES RACIAIS NOS EUA
Este é mais um caso de crime com motivação racial nos Estados Unidos e que mostram o avanço da violência armada no país.

Dados coletados pelo Centro de Controle e Prevenção de Doenças e compilados em um estudo por pesquisadores de grandes universidades revelou que em 2021, a cada homem branco assassinado por meio de uma arma de fogo nos EUA, mais de 22 homens negros foram mortos sob as mesmas circunstâncias.

Foram 48.953, entre homicídios e suicídios, no ano passado —o maior índice desde 1981, quando o CDC começou a analisar os dados. O recorde equivale a 134 mortes por dia —ou a praticamente um americano morto por armas a cada 20 minutos. Ao mesmo tempo, expõe a disparidade dos efeitos da violência sobre diferentes grupos sociais.

A discussão sobre o acesso a armas também é uma constante na sociedade norte-americana e será tema durante o processo eleitoral de 2024.

Enquanto os democratas tentam produzir leis mais duras contra o armamento da população, os republicanos fazem contraponto nesta disputa.

Em maio de 2022, dez pessoas morreram em um ataque a tiros em Buffalo, Nova York. Naquele caso, que ocorreu em um supermercado da região, 13 pessoas foram atingidas, sendo 11 delas pessoas negras.

O atirador, um supremacista branco confesso foi condenado a prisão perpétua em fevereiro deste ano. Ele havia se declarado culpado por 15 crimes estaduais relacionados à ação.

Dias antes do crime, ele publicou na internet um manifesto racista de 180 páginas.