Um ataque israelense em larga escala contra o Hospital Nasser, em Khan Younis, no sul da Faixa de Gaza, causou a morte de pelo menos 20 pessoas, incluindo cinco jornalistas que trabalhavam para meios de comunicação das agências de notícias internacionais Reuters e Associated Press (AP) e para as emissoras Al Jazeera, do Catar, e NBC, dos EUA, segundo relataram as respectivas mídias.

O repórter fotográfico Hussam al-Masri, um dos jornalistas mortos nos ataques segundo as mesmas fontes, trabalhava para a Reuters. O fotógrafo Hatem Khaled, também contratado pela mesma empresa, ficou ferido, de acordo também com a agência de noticias. Outra vítima mortal foi Mariam Dagga atuava como freelancer para a AP desde o início da guerra, assim como para outros veículos de comunicação social. É uma das vítimas mortais.

A Al Jazeera confirmou também que o seu jornalista Mohammed Salam está entre os mortos na ofensiva ao hospital Nasser. Segundo a AP, a outra vítima mortal é Muath Abu Taha, que trabalhava para o canal norte-americano NBC. 

O exército de Israel confirmou ter realizado um ataque na área do hospital Nasser, em Khan Younis, na Faixa de Gaza, e que o Chefe do Estado-Maior ordenou uma investigação. "A FDI lamenta qualquer dano a civis não envolvidos e não tem como alvo jornalistas. A FDI atua para reduzir ao máximo os danos a civis não envolvidos, mantendo a segurança das tropas da FDI", diz o comunicado das Forças de Defesa de Israel.

Os ataques ocorreram uma semana apos outros cinco pacientes no mesmo hospital, localizado na região de Khan Younis terem morrido depois de uma operação israelense ter provocado a perda de energia na unidade, comunicou as autoridades médicas locais, que a Organização Mundial da Saúde (OMS) classificou de profundamente alarmante. “O Complexo Médico Nasser estava sem eletricidade, água, alimentos e aquecimento, após a ofensiva lançada no dia 15 de agosto pelas Forças de Defesa de Israel (IDF), que resultou também na detenção de várias pessoas”, diz a nota.

Além disso, testemunhas citadas pela agência Reuters, reportaram que aviões e tanques israelenses bombardearam os subúrbios da Cidade de Gaza durante a madrugada deste domingo, destruindo vários prédios e casas.

Enquanto isso, um grupo de 27 países exigiu que o governo de Tel Aviv permita o acesso imediato de jornalistas estrangeiros independentes à Faixa de Gaza e ainda que os profissionais que estão na região sejam protegidos. "Os jornalistas e os profissionais de comunicação social desempenham um papel vital para lançar luz sobre a realidade devastadora da guerra", afirmam os 27 signatários, entre os quais Reino Unido, Alemanha e França, no documento divulgado pela diplomacia britânica.

Os países que assinaram o documento integram a Coligação para a Liberdade da Mídia, uma parceria global com a participação de 51 membros de todos os continentes. Israel não integra a coligação.

"Condenamos também veementemente toda a violência dirigida contra jornalistas e profissionais dos meios de comunicação social, especialmente o número extremamente elevado de mortes, prisões e detenções", aponta o texto.

No apelo, o grupo de países, além disso, destaca a catástrofe humanitária em curso em Gaza e assinala a sua oposição a todas as tentativas de restringir a liberdade de imprensa e de bloquear a entrada de jornalistas durante os conflitos.

"Atacar deliberadamente jornalistas é inaceitável e ofende o Direito Internacional. Apelamos para que todos os ataques contra profissionais dos meios de comunicação social sejam investigados e que os responsáveis sejam processados, em conformidade com a legislação nacional e internacional”, enfatizam os países da Coligação para a Liberdade da Mídia, que pedem igualmente às autoridades israelenses que garantam que os profissionais em Gaza, mas também em Israel e nos territórios palestinos ocupados, possam realizar o seu trabalho com liberdade e segurança.

No final do texto, o grupo reitera ainda a necessidade de um cessar-fogo imediato na Faixa de Gaza e acesso irrestrito de ajuda humanitária ao território, além de um caminho para uma solução de dois Estados, e para a paz e a segurança a longo prazo.

Recentemente mais de uma centena de jornalistas, repórteres de guerra e fotojornalistas internacionais assinaram uma petição para exigir o acesso imediato da imprensa estrangeira ao enclave palestino. A petição pode ser assinada através da página "Freedom to Report" na rede social X ou no site freedomtoreport.org.