Da RFI - Para todos ele era "Bébel". Com a morte do ator francês Jean-Paul Belmondo, aos 88 anos, em Paris, nesta segunda-feira (6), a 7ª arte perde uma de suas figuras mais populares. “Um ator que sabia fazer de tudo, sem se levar muito a sério, e que brilhou em filmes de ação, assim como nas melhores obras do cinema autoral”, comentaram seus colegas do mundo do cinema.

"Estou completamente arrasado. Agora vou tentar aguentar firme para não fazer a mesma coisa em cinco horas. Observe, não seria ruim se nós dois partíssemos juntos. É uma parte da minha vida, começamos juntos há 60 anos", disse Alain Delon, 85, outro monstro sagrado do cinema francês em entrevista ao canal CNews.

Muitas vezes retratados erroneamente como rivais, os dois atores tiveram carreiras paralelas e sua amizade, marcada por uma certa rivalidade, alimentou a lenda.

“Estou chocada com a morte de Jean-Paul. Ele foi e continuará a ser para mim, como para tantos outros, a própria imagem da vitalidade. Nunca deixará de estar no meu coração e na minha memória”, reagiu a atriz Claudia Cardinale, em comunicado enviado à AFP por seu agente.

“Vou sentir saudades ... vamos sentir muito a sua falta. Obrigado Jean-Paul”, comentou no Instagram o ator francês Jean Dujardin, para quem “Bébel” era nada menos do que um modelo.

Ator morreu em casa

Com 80 filmes na carreira, Belmondo morreu ao meio-dia (7 horas da manhã no Brasil), de acordo com o comunicado da família transmitido por seu advogado, no qual não consta a causa da morte.

“Jean-Paul morreu hoje (segunda-feira). Saiu para se juntar a seus antigos colegas do Conservatório. Seu sorriso sincero estará sempre conosco”, escreveu a família do ator, referindo-se ao desaparecimento de seu “pilar”.

Belmondo, que havia sido hospitalizado no início do ano por cansaço geral, morreu cercado por sua família, em sua casa na capital francesa. Ele deixa na memória de franceses e de amantes do cinema em todo o mundo uma lista de papéis inesquecíveis, como o jovem com um cigarro na boca em "Acossado" de Jean-Luc Godard (1960) ou o personagem pendurado em um helicóptero em Veneza no título "Le Guignolo", de Georges Lautner (1980).
 
“O Magnífico”  

“Ele permanecerá para sempre o Magnífico”, escreveu o presidente francês Emmanuel Macron no Twitter. “Jean-Paul Belmondo foi um tesouro nacional, cheio de bravura e gargalhadas, um herói sublime e figura familiar, um incansável mágico das palavras. Todos nós nos reconhecemos em Belmondo", acrescentou.

Paralelamente, os Festivais de Cannes e de Veneza também homenagearam "Bébel", elogiando um homem e ator "generoso" e um "ícone" do cinema.


Com uma carreira iniciada nos palcos, em meio século ele chegou às alturas das bilheterias francesas, com 130 milhões de espectadores acumulados no cinema.

Ator estava afastado das telas

Um dos últimos grandes astros populares de sua geração, ao lado de Alain Delon e Brigitte Bardot, Belmondo estava afastado das telas, após sofrer um derrame, em 2001.

Sua fala foi afetada, mas a simpatia permaneceu intacta, o que lhe permitiu responder com um sorriso durante as cerimônias em sua homenagem, como em 2017, quando recebeu um César honorário. O público francês, contudo, não se cansa de ver seus filmes, na tela grande ou na televisão. 

O Homem do Rio

O físico de boxeador lhe rendeu alguns de seus maiores sucessos como "O Homem do Rio", um filme de Philippe De Broca (que teve 4,8 milhões de ingressos vendidos, em 1964). Parte da produção foi rodada no Brasil, para onde o personagem viaja em busca da namorada que havia sido sequestrada e levada para a Amazônia.

Outros títulos marcantes são "O profissional" (1981), de Georges Lautner e "O ás dos ases "(1982), de Gérard Oury (com mais de 5 milhões de espectadores).

Histórias de amor

“Bébel”, que obteve o seu único César para o filme “Itinerário de uma criança mimada” (1988) de Claude Lelouch, que o canal francês TF1 transmite na noite desta segunda-feira em sua homenagem, dividiu a tela com algumas das maiores atrizes, como Catherine Deneuve e Claudia Cardinale. O galã teve histórias de amor com outros nomes famosos do cinema, como Ursula Andress e Laura Antonelli.

Este bon vivant teve quatro filhos (incluindo uma filha, Patrícia, já falecida) de duas uniões. Ele deixa um clã familiar que permaneceu ao seu lado até o fim e ao qual passou sua paixão pelo cinema. Paul, seu filho, se aventurou no teatro e na televisão, paralelamente à carreira de piloto de automóvel. Victor e Annabelle, dois de seus netos, acabam de fazer sua estreia no cinema.

A ministra da Cultura da França, Roselyne Bachelot, anunciou que uma "homenagem seria prestada" a Jean-Paul Belmondo, cabendo ao "Presidente da República definir os detalhes”.