A Alemanha interrompeu ontem a flexibilização das restrições para conter o coronavírus e introduziu outras. É o mais novo caso de um país europeu a se mobilizar para enfrentar o ressurgimento de casos de infecção causado pelo turismo e eventos das férias de verão.

As novas medidas aprofundam as já existentes e visam a reforçar testes de pessoas que retornam de países de alto risco, garantir a reabertura segura de escolas e limitar reuniões que se mostraram terreno fértil para a incidência do vírus.

“Este é um pacote amplo de medidas”, disse a premiê Angela Merkel. “Muito ainda está em aberto, muitas coisas ainda são possíveis. Mas agora sabemos onde temos de concentrar nossa atenção.”

A Europa conseguiu controlar o vírus em maio e junho, mas os novos casos de infecção voltaram a crescer em julho, após a suspensão da maioria das restrições de confinamento e da retomada das viagens internacionais.

Desde então, os governos nacionais passaram a endurecer as regras de segurança de novo, na esperança de evitar um segundo confinamento geral no fim do ano, o que seria um desastre para a já prejudicada economia europeia. Ao contrário do que ocorreu no segundo trimestre, os governos têm tentado mirar riscos e surtos específicos e manter as empresas e a sociedade abertas sem colocar a saúde pública em risco.

O diretor da Organização Mundial de Saúde (OMS) para a Europa, Hans Kluge, disse ontem que “definitivamente existe um pequeno aumento” de casos na Europa. Segundo ele, recentemente a região teve uma alta de 10% na taxa de incidência da doença em 14 dias.

Kluge afirmou que as autoridades de saúde e os políticos aprenderam muito sobre como “mirar o vírus e não a sociedade” e acrescentou que a situação atual é séria, mas não deve ser comparada com o aumento descontrolado de casos de infecção e mortes ocorridos na primeira fase da pandemia.

Os dirigentes nacionais e estaduais da Alemanha entraram em acordo para manter a obrigatoriedade de testes para viajantes que retornam de países de alto risco, que também precisarão cumprir quarentena de 14 dias. As pessoas que se recusarem a usar máscaras onde isso for obrigatório estarão sujeitas a multa de € 50. A proibição de grandes reuniões e eventos, como a Oktoberfest, e eventos esportivos e concertos, continuará em vigor até o fim do ano, em vez de terminar em outubro.

O governo também acertou que vai providenciar € 500 milhões em financiamentos para melhorar a infraestrutura digital e ajudar as escolas a se prepararem para o ensino online no caso de uma classe ou escola precisar ser fechada.

Mas Merkel não conseguiu convencer os Estados a impor restrições a reuniões privadas, como casamentos e funerais, e a decisão sobre como permitir a realização de eventos de massa – como o das festas anuais de carnaval em Colônia ou os das partidas de futebol da Bundesliga – foi adiada.