O príncipe da Arábia Saudita, Mohamed bin Salman, "não está envolvido" no assassinato do jornalista Jamal Khashoggi e culpá-lo é cruzar "uma linha vermelha", alertou o ministro das Relações Exteriores da Arábia Saudita, Adel Al Jubeir, nesta sexta-feira (8).

"Qualquer um que pense que pode determinar o que temos que fazer, o que nossos líderes devem fazer, é ridículo", disse ele a repórteres em Washington.
"É como se disséssemos a outro país: 'Queremos que mude seu primeiro-ministro, queremos que limite os poderes de seu presidente'. É grotesco", protestou o ministro saudita, que na quinta-feira se reuniu com o secretário de Estado dos EUA, Mike Pompeo.
O presidente dos EUA, Donald Trump, tem teoricamente até esta sexta-feira para dizer, a pedido do Congresso, se o príncipe herdeiro saudita é responsável pelo assassinato e, se necessário, impor sanções.
Mas seu governo, comprometido em preservar o relacionamento com Riad, parece ignorar este prazo legal, alegando que já sancionou 17 autoridades sauditas.
O Senado acredita unanimemente que Salman é "responsável" pelo assassinato e vários senadores democratas e republicanos apresentaram um projeto de lei para proibir a venda de armas à Arábia Saudita, devido ao caso Khashoggi, mas também por causa do polêmico papel de Riad na guerra do Iêmen.
"Esses tipos de medidas não são necessárias porque estamos fazendo a coisa certa, reconhecemos esse erro", disse Al Jubeir sobre o assassinato do jornalista em 2 de outubro no consulado de seu país em Istambul por um comando de agentes sauditas de Riad.
"Estamos investigando e incriminando as pessoas por responsabilidade", insistiu ele.
Segundo o ministro, "a lógica seria esperar até o final do processo antes de julgar", mas "as pessoas colocam o carro na frente dos bois".
"É um crime horrível, nós entendemos isso, mas acredito que o bom-senso deve prevalecer", disse ele, que pediu ao Congresso dos EUA que "recue, olhe para toda a relação" entre a Arábia Saudita e os Estados Unidos.