Há um novo papel dos judiciários latino-americanos. De garantia do Estado de direito passaram a ser agentes da expropriação da soberania popular, mediante processos de judicialização da política. Articulados com a ação dos meios de comunicação de destruir reputações públicas dos líderes de esquerda, prestam serviço inestimável à direita latino-americana, que não sabia como responder só sucessos dos governos populares e suas políticas sociais.

Incapaz de comparar o governo Lula com o de Temer, tratou de acusar o Lula, sem provas, condena-lo por convicções, prende-lo sem a presunção de inocência, tirá-lo sem rasos da disputa eleitoral para a qual era o favorito para voltar a ser presidente do Brasil no primeiro turno, e mudar radicalmente o destino politico do país.

Incapaz de comparar o governo de Nestor e Cristina Kirchner com o de Mauricio Macri, a direita tenta apagar da memoria dos argentinos tudo o que o país avançou neste século, para colecionar acusações contra ela, com processos de todo tipo, incluído sobre orientações do seu governo. Incapaz de comparar o governo de Rafael Correa com o de Lenin Moreno, busca desqualificar a imagem do presidente mais importante que o Equador teve com acusações absurdas, sem fundamento e sua condenação.

O essencial para a direita latino-americana, que fracassou miseravelmente com a insistência em suas políticas neoliberais, frente aos governos de maior sucesso da nossa historia, os de lideres como Lula, Cristina, Rafael Correa, entre outros, é tratar de desqualificar a imagem desses lideres, na impossibilidade de ganhar uma disputa eleitoral democrática, limpa, transparente, comparando propostas e, mais do que isso, comparando governos concretos. Uns governos que levaram a esses países a retomar o crescimento econômico, com inclusão social, com prestígio no mundo. Outros, com recessão, desemprego, rebaixando a imagem desses países no mundo.

Basta que surja algum líder que se oponho ao ideário neoliberal, para que a direita tire do bolso sua nova estratégia, a da guerra híbrida, para instalar regimes de exceção, que limitem e deformem a expressão da vontade democrática do povo. Assim nasceram governos como os do Temer e agora o de Bolsonaro, o de Macri, o de Lenin Moreno, expressões da guerra hibrida, que é o que o imperialismo e a direita latino-americana tem a propor.

Na Colômbia, depois de longas e sofridas negociações de paz, houve novas eleições presidenciais. A direita, comandada sempre por Alvaro Uribe, lançou seu candidato, que tinha coordenado a campanha da direita contra os acordos de paz. Foi favorito, liderou no primeiro turno, mas que teve que se enfrentar com um candidato da esquerda Gustavo Petro, que pela primeira vez teve um candidato no segundo turno das eleições presidenciais colombianas.

Petro tinha sido prefeito de Bogotá. Tinha sofrido processos em relação a formas de gestão do governo suspensas por medidas cautelares, que lhe permitiam manter seu mandato de senador e ser o principal líder da oposição. Agora a Corte Constitucional trata de tirar seu mandato, mostrando como a judicialização da política se torna, também na Colômbia, o instrumento político e jurídica fundamental da direita. Além das acusações mentiras e absurdas contra de Petro, ele tem também que se enfrentar ao monopólio dos meios de comunicação, reunidos absolutamente contra ele.

Petro reagiu imediatamente: "Querem tirar da vida política legal da Colômbia ao candidato que obteve 8 milhões de votos e quase chega a ser presidente". É uma mudança da doutrina tradicional dessa Corte, com um objetivo claramente de perseguição politica, aderindo ao "lawfare", o uso das leis como instrumento de guerra politica. Se busca, diz Petro, não apenas que ele saia do Senado, mas que não volte a ser candidato a presidente do país.

Petro se vê assim incorporado, ainda antes de ser eleito presidente da Colômbia, à lista de lideres democráticos latino-americanos, como Lula, Cristina, Rafael Correa, que são criminalizados, e aos quais se tenta excluir da vida politica não mediante disputas eleitorais democráticas, mas pela judicialização da política, pela criminalização das suas posições politicas e dos seus governos, pela condenação sem provas, em processos manipulados jurídica e politicamente. No caso de Petro, é uma perseguição preventiva, dado que ele será o candidato favorito para as próximas eleições presidenciais na Colômbia.

Esta é a realidade mais marcante da América Latina hoje. Uma ofensiva estratégica da guerra híbrida do imperialismo, assumida pelas direitas de cada país, apoiadas nas arbitrariedades de juízes e na campanha sórdida dos meios de comunicação. É uma disputa desigual, mas fundamental para a democracia no continente, que determinará seu futuro.

Sórdida de los medios.