ONU

Mais de 100 países subscreveram hoje uma carta de apoio ao secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), António Guterres, após Israel declará-lo persona non grata pela maneira como condenou o ataque do Irã ao seu território.

"Este apoio significativo reflete o apoio majoritário da comunidade internacional ao trabalho do chefe do órgão e ao papel das Nações Unidas", diz o documento que teve a iniciativa do Chile e inicialmente foi apoiada pelo Brasil, Espanha, México, Colômbia, África do Sul, Uganda, Indonésia e Guiana, mas conta com o apoio e a participação ainda de grandes potências, como os Estados Unidos e a Alemanha.

O texto alerta que tais medidas, como a aprovada pelo governo israelense, minam a capacidade da ONU para cumprir o seu mandato, incluindo a mediação de conflitos.

"No Oriente Médio, isto pode atrasar ainda mais o fim de todas as hostilidades e o estabelecimento de uma via credível para uma solução de dois Estados, com dois países a viverem lado a lado em paz e segurança. Em tempos de tensão acrescida, o papel do secretário-geral é essencial para fomentar o diálogo e promover a paz e a compreensão. O seu trabalho continua a ser crucial para assegurar o diálogo, facilitar os esforços humanitários e promover a paz e a estabilidade em todo o mundo. Reafirmamos o nosso total apoio e confiança no secretário-geral e no seu trabalho. Confiamos no seu empenho em prol da paz e da segurança e no cumprimento do direito internacional e das resoluções pertinentes da ONU relativas à situação no Oriente Médio", afirma o documento assinado pelas 105 nações.

Os países incentivam também a todas as partes a trabalhar de modo construtivo com a ONU para alcançar uma solução sustentável e justa através dos canais diplomáticos e a evitar ações que possam enfraquecer o papel fundamental das Nações Unidas.

No dia 2 deste mês, o governo do primeiro-ministro israelense, Benjamim Netanyahu, declarou Guterres 'persona non grata'. O Ministro das Relações Exteriores, Israel Katz, criticou fortemente Guterres por não ter condenado inequivocamente o ataque de mísseis do Irã um dia antes contra território israelita e o acusou de ser um "secretário-geral anti-israelense que apoia terroristas, violadores e assassinos.

Dias após, durante uma sessão do Conselho de Segurança da ONU, em que participaram os embaixadores de Israel e do Irã, Guterres veio condenar mais uma vez, nos termos mais veementes, o ataque maciço de mísseis do Irã contra Israel. No entanto, condenou os dois inimigos declarados, denunciando o "ciclo doentio" de violência numa região à beira de um "precipício".

No dia 01 deste mês, o Irã bombardeou Israel com mísseis, em retaliação pelos assassinatos do líder do Hezbollah, Hassan Nasrallah, e de um general iraniano em Beirute, assim como do líder político do Hamas, Ismail Haniyeh, em Teerã. Na sequência deste ataque, Israel prometeu que irá responder e, por sua vez, o Irã insistiu que se isso acontecer reagirá com mais força.