Durante 27 anos, Leonardo Chaves Zapalá Pimentel, conhecido do público como Léo, se apresentou sempre acompanhado de uma segunda voz, a do irmão Victor, com quem manteve a dupla sertaneja Victor & Léo.
 
Na próxima sexta-feira (8), o cantor lança em BH sua turnê como artista solo, não por acaso batizada de Identidades. “É um frio na barriga, que se transforma em vontade, dedicação, responsabilidade e foco. É um desafio subir ao palco sozinho, principalmente depois de tanto tempo cantando junto, mas estou bem animado”, afirma.


E é precisamente na cidade que moldou os dois artistas que Léo inicia a nova fase. “Já tinha feito apresentações mais intimistas em eventos corporativos, mas show grande, com venda de ingressos, será o primeiro”, diz.

“BH é um aglomerado de interioranos. Gente vinda de Viçosa, onde estudei; de Ponte Nova, onde nasci; de Manhuaçu, onde tenho amigos, e de tantos outros lugares. É uma volta às raízes, já que é um lugar que marcou a profissionalização da nossa dupla. Foi em BH que nós entendemos como era o mundo da música, o processo de ensaio, de montar um repertório. Por isso é muito interessante voltar”, afirma.

Reinventar é o verbo que tem norteado o artista de 43 anos nos últimos tempos. E sua reinvenção artística inclui também uma mudança na característica do repertório. Além do gênero que o consagrou, Léo cantará MPB, hits internacionais e até arrocha.
 
A julgar pelos últimos singles que divulgou – Sol das seis, que contou com a participação da funkeira Ludmilla, e Cover, faixa com ritmo latino que ganhou coreografia dos dançarinos do FitDance, a nova fase do cantor e compositor é marcada pela diversidade.
 
“Daí a ideias de Identidades. A grande diferença é que, agora, não canto somente o que o Léo gosta ou faz, inclusive músicas da dupla, mas canto a sociedade, um país. É como se eu interpretasse vários personagens no palco, vários brasileiros. O que asseguro é que será uma noite comemorativa.”
 
O público do show de sexta terá algumas surpresas, segundo Léo, que revela uma delas: será gravado no KM de Vantagens o clipe da música Wifi do vizinho, parceria dele com o compositor goiano Hebert Mano Dutra.


Segundo o cantor, a decisão de se separar do irmão, tomada no ano passado, já vinha sendo amadurecida há algum tempo. Ele afirma que o afastamento não tem ligação com os problemas pessoais de Victor, como a acusação de agressão à mulher, Poliana Bagatini, em 2017, então grávida. Diz ainda que esse não é o fim da dupla, mas sim uma pausa na carreira.


“Definitivamente, a gente vai voltar no futuro. Não houve briga, discussão, nada disso. Foi uma decisão muito lúcida, pensada e saudável. Há uma cobrança das pessoas para que a gente volte logo, mas têm que entender que estamos em um outro momento da nossa trajetória. Era um conjunto que dava muito certo, mas formado por duas partes diferentes, duas bandas diferentes, que agora querem seguir o seu caminho, querem experimentar algo novo”, afirma.

Assim como tudo na vida, a decisão tem um lado bom e outro ruim. O artista revela que o melhor de estar sozinho é a liberdade de escolha e de decisões. “Quando a coisa é compartilhada, a gente sempre fica amarrado. Essa liberdade artística é muito interessante também. Já o peso maior é não ter o talento do meu irmão ali do meu lado, com seu violão, a segunda voz. Esse espaço não tem como ser ocupado por ninguém.”


Ele também ressalta que estreitou os laços fraternos com o ex-parceiro de palco, relação que andava meio “amornada”, segundo diz. “O mais bacana de agora é que estamos experimentando mais a relação de irmãos, falando sobre filhos, a vida. Durante todo esse período, era mais Victor & Léo como profissionais do que como irmãos. Até trocamos umas figurinhas sobre música, já que ele continua na ativa, compondo. Mas nosso foco é outro. Não são mais os negócios”, pontua o cantor, que vive em Uberlândia, enquanto Victor mora em Campinas (SP).
 

Léo vai aproveitar a vinda a BH para lançar o seu segundo livro – o primeiro foi No colo dos anjos. Em A grande arte de se reinventar – As 7 habilidades que podem mudar a sua vida (Editora Planeta), Léo divide com o leitor sua jornada de autoconhecimento que o levou a tomar as rédeas da própria vida.

 

A publicação estará à venda no local do show e haverá sessão de autógrafos  em BH no sábado (9), às 11h, na Livraria Leitura, no Pátio Savassi. O historiador Leandro Karnal assina o prefácio do livro, no qual o autor desenvolve o conceito de habilidade revolucionária, que é a capacidade de atingir metas, algo que proporcionará mudanças significativas em diversos âmbitos da vida. O objetivo é ajudar o leitor a se separar de tudo o que lhe faz mal e abraçar o que traz felicidade.


“Acho que tudo se fundamenta numa reinvenção constante, nesse processo de sair do ontem e buscar sua versão de hoje. Com essa velocidade em que as coisas estão acontecendo, nessa era da informação, nesse capitalismo que escraviza, muitas pessoas acreditam que ser feliz é chegar num determinado lugar, fica naquele pódio, sentar-se nele o resto da vida e ficar ali de braços cruzados. A felicidade está na busca, nos percursos do dia a dia, na entrega. E isso tem muito a ver com o que o brasileiro tem enfrentado nos dias de hoje”, afirma.
 

Além de cantar e escrever, nessa nova fase de sua carreira, Léo também atua como palestrante, atividade que começou a desenvolver há aproximadamente quatro anos. Ele percorre o país dividindo suas experiências de vida e auxiliando profissionais na construção de suas marcas pessoais. Léo confessa que se surpreendeu com o próprio desempenho e que, no passado, não se considerava habilidoso na arte de comunicar.

“Isso também foi uma reinvenção. Eu tinha um forte entrave com relação a isso de falar, de me expor em público. Mas, um dia, apontei para o espelho e disse: 'vou te vencer'. Com muitas horas de cursos, muito estudo, dedicação e treinamento, consegui me superar nesse sentido.”


No início, ele diz, conviveu com certo preconceito. “Cheguei a ouvir: 'O que um cantor sertanejo tem para falar pra mim, para me ensinar?' Mas esses bloqueios e decepções acabaram me ajudando. Entrei no mercado e hoje faço de seis a sete palestras por mês. É bem intenso.”
 
Boa parte de sua agenda é voltada para esse segmento. Aos poucos, ela vai retomando a vida nos palcos e, em paralelo, se dedica também ao Instituto Hortense, que nasceu com a proposta de proporcionar melhora na relação interpessoal por meio da metodologia da educação socioemocional criada pelo psicanalista, professor e escritor Augusto Cury.


A ideia, segundo Léo, é ser um agente multiplicador na melhoria da gestão da inteligência emocional com vistas a um mundo melhor. A instituição conta com psicólogos e pedagogos, que desenvolvem um trabalho de capacitação com professores de escolas, principalmente da área rural. Eles ensinam e estimulam os alunos a desenvover suas habilidades socioemocionais.
 
“Essa inciativa já atende a cerca de 35 mil crianças de escolas na região do Triângulo Mineiro. A sociedade se relaciona muito mal, há pouco diálogo, comunicação e empatia. Acredito que essa seja a vacina para o caos em que a gente vive.”

 

LÉO – TURNÊ SOLO IDENTIDADES
Na sexta (8), às 22h, no KM de Vantagens Hall 
(Avenida Nossa Senhora do Carmo, 230, São Pedro). 
Ingressos: de R$ 40 a R$ 120, à venda na bilheteria e 
pelo site www.ticketsforfun.com.br.