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Cantora será presença certa em premiações do cinema e da música

Ao longo de 10 anos sob os holofotes, Lady Gaga, 32, causou polêmicas, teve trabalhos elogiados, outros criticados. Hoje, porém, ninguém questiona sua coroa de rainha pop.

Neste ano, os olhos do público estarão voltados à artista por sua voz e por sua atuação como atriz. Ela deve ser uma das indicadas ao Oscar por “Nasce uma Estrela”, filme de Bradley Cooper, do qual é protagonista.

Gaga tem se exercitado nesta nova carreira e já ganhou um Globo de Ouro de melhor atriz em série limitada, em 2016, por sua participação na série “American Horror Story: Hotel”. Neste ano, ela concorre ao prêmio de melhor atriz em filme de drama. “Nasce uma Estrela” recebeu outras quatro indicações: melhor filme, melhor ator (Bradley Cooper), melhor diretor (Bradley Cooper) e melhor canção (“Shallow”, de Gaga). A cerimônia do Globo de Ouro será no domingo.

“Ela estudou para ser atriz, mas deixou de lado. Só que, de certa forma, esse seu lado esteve presente na sua carreira. Sempre existiu teatralidade em tudo o que ela fez”, afirma o jornalista Douglas Bianchini, que defendeu uma tese de mestrado sobre a cantora.

Com “Nasce uma Estrela”, a artista também conquistou quatro indicações ao Grammy, sendo duas delas nas categorias principais, as de música do ano e melhor gravação para “Shallow”. Somente a cantora Celine Dion havia conseguido essa façanha, em 1999, com “My Heart Will Go On”, do filme “Titanic”, de James Cameron. Na época, Celine Dion venceu as duas categorias. As outras indicações que “Shallow” recebeu são melhor música pop em dueto ou grupo e melhor canção para audiovisual.

A ascensão de Gaga é notória. Além de ser notícia por causa de sua música e de suas experimentações nas telas, o estilo sempre original e mutante de Gaga – que se inspira no visual “glam” do camaleão do rock David Bowie e também em artistas como Madonna e Michael Jackson – faz barulho entre os fãs e a coloca no centro das atenções. Já tem gente ansiosa pelos tapetes vermelhos do ano. Os fãs esperam algo nada discreto, claro!

“Ela nunca foi apenas música. É uma abordagem multimídia de arte, com discursos altamente políticos e uma estética e performance de atitude e aparência. O sucesso dela não é repentino dado o seu histórico: ela foi educada pra isso. Estudou piano desde criança, frequentou escolas de arte e compôs para muita gente até estourar”, diz Bianchini.

Artista vive aspirante a cantora

Quando Lady Gaga apareceu toda “montada” para fazer o teste de “Nasce Uma Estrela”, o papel de Ally quase lhe escapou. O estreante diretor Bradley Cooper a deixou de cara lavada e deu a ela seu primeiro papel de protagonista no cinema. Gaga não decepcionou Cooper nem os fãs. “O filme me emocionou e fui embora com a imagem da estrela pop com algo a dizer através de suas músicas”, comenta Douglas Bianchini.

Na telona, contrariando as expectativas de muitos, os novatos se dão bem. “Nasce uma Estrela” é o remake de um produção de 1937, que já foi refilmada outras duas vezes. A primeira, em 1954, tem Judy Garland no papel principal. Já a versão de 1977 é protagonizada pela atriz e cantora Barbra Streisand.

O filme acompanha o encontro de Jackson Maine, um famoso cantor, com Ally, uma garçonete e cantora de bar que sonha em viver de música. Quando a ouve cantar, Jackson decide ajudá-la a construir uma carreira. Os dois se apaixonam, claro. Porém, enquanto a fama dela cresce, a carreira dele despenca por causa do vício em álcool e drogas. Ainda que apaixonados, a relação entre os dois se torna insustentável.

Ver a nova-iorquina como essa garota simples e sonhadora é algo bem inusitado. “Quando se trata de Lady Gaga e você acha que viu tudo, ela pode te surpreender”, fala o jornalista, que destaca o lado político da artista. “É impossível falar de Lady Gaga sem falar de questões de gênero, minorias, empoderamento, militância. Ela é a voz de muita gente excluída desde de 2008”.

“Bad Romance” chega a 1 bi de visualizações

Lady Gaga fechou 2018 com chave de ouro. No último dia do ano, o videoclipe de “Bad Romance” chegou à marca de 1 bilhão de visualizações. Com isso, “Bad Romance”, que em 2019 celebra dez anos de lançamento, passou a ser o único clipe feminino dos anos 2000 a superar esse número. Vale lembrar que ele foi eleito, em julho do ano passado, como o melhor videoclipe do século XXI pela revista “Bilboard”.

Um ano após “Bad Romance”, Gaga estreou em disco com “The Fame”, sucesso de público e de crítica. As músicas “Just Dance” e “Poker Face” se tornaram hits, chegando ao topo da “Billboard”. “Em 2008, a indústria do pop não tinha nenhum nome em evidência, e é Gaga que começa a ditar o que deveria ser a demanda do pop da próxima década”, afirma Danilo Bianchini.

Já em sua estreia, a cantora recebe sete indicações ao Grammy e, no ano seguinte, ela faz sua primeira turnê mundial e lança o EP “The Fame Monster”, que chegou aos 10 milhões de cópias vendidas mundialmente.