Em 2022, Chico Diaz completa quatro décadas de sua estreia no cinema, com o filme “O Sonho Não Acabou”, dirigido por Sérgio Rezende. De lá para cá, o ator viveu alguns dos personagens mais marcantes do cinema brasileiro, como um cangaceiro em “Corisco e Dadá” ou o açougueiro machista de “Amarelo Manga”.


Com seu biotipo muito particular, que lhe permitiu interpretar personagens dos vários cantos do país, Diaz participou de um dos momentos mais férteis do cinema nacional, a partir da descentralização da produção. Filmou no Ceará, em Pernambuco, na Bahia, em Goiás, no Amazonas, em Minas Gerais e no Pará.


O marcante trabalho de Diaz será destacado na 16ª Mostra de Cinema de Ouro Preto (CineOP), com início nesta quarta (23). Receber o troféu Vila Rica significa “reconhecimento e gratidão” para o ator nascido na Cidade do México. “Mais ainda por estar inserido em conceitos para mim importantes, como preservação, história e educação”, salienta.

De Lisboa, onde apresenta a peça “A Lua vem da Ásia” – baseada em romance do autor mineiro Campos de Carvalho – no Festival de Teatro de Almada, Diaz avaliou a sua trajetória no cinema como “milagrosa e abençoada”. Para ele, é um privilégio “poder estar atento a meu povo em diversas paisagens e épocas, assim representando-o na tentativa de um recorte justo e humano, e aprender tanto”.

“Nunca usei preparador, o que não quer dizer nada, mas aprendi muito a cada desafio e vi que o procedimento de aproximação e diagnóstico de personagem varia em cada filme e em cada fase minha”
Todos os papéis que representou nessas quatro décadas foram desafiadores, cada um à sua maneira, mas elege “Corisco e Dadá”, de Rosemberg Cariry, como aquele que lhe obrigou a “frequentar instâncias mais radicais”. Também cita “O Ano da Morte de Ricardo Reis”, produção portuguesa de João Botelho, que “exigiu de mim novas chaves e procedimentos”.


O filme de Botelho será exibido na abertura da Mostra, que apresentará outros oito longas-metragens do ator. A reencenação de “A Lua Vem da Ásia”, levada pela primeira vez aos palcos em 2011, também fará parte da programação, em transmissão online. Diaz vai participar da mesa que se debruçará sobre o ainda inédito “Girassol Vermelho”, dirigido pelo mineiro Éder Santos.

“Não posso adiantar nada, a não ser que me deu um grande prazer em trabalhar com artistas de tal qualidade como o Éder Santos, André Hallak e Leandro Barão Fonseca. É um roteiro que toca no que vivemos hoje em dia. Muito inteligente. A saga daquele herói é de forte impacto poético”, registra o ator sobre o filme.

Outros trabalhos estão na fila, aguardando lançamento. Entre eles ‘Homem Onça”, de Vinicius Reis, “Vermelho Monet”, de Halder Gomes, “Yacaa”, de Ramiro Gomez, e “Noites alienígenas”, de Sérgio de Carvalho.