Setor se renova com a chegada de refugiados sírios e em casas que apostam nas tradições herdadas de antigos imigrantes do Líbano e da Turquia, entre outros países
O cheiro de quibe frito no último quarteirão da Rua Paraíba, na Savassi, vem do Sítio Sírio, que conquistou popularidade em apenas dois anos de portas abertas. A cozinha é comandada pelo chef John Eshak, nascido na capital Damasco, em parceria com o amigo Elian Sokkar, da cidade de Hama. Eles vieram para o Brasil em 2014. “Trabalhamos por dois anos, 12 horas por dia e sem folga para juntar dinheiro e abrir o nosso negócio”, conta Eshak.
Apesar da dificuldade de acesso a temperos e condimentos especiais – muitos ingredientes vêm de Brasília e São Paulo –, o investimento foi bem-sucedido. Inicialmente pequena, a lanchonete já ocupa lojas ao lado. Nos próximos meses, o Sítio Sírio vai abrir um restaurante no Bairro Funcionários, com maior dedicação a pratos especiais. Em breve, outra unidade chegará à Vila da Serra.
Entre os fregueses fiéis estão descendentes de árabes que vivem em BH. “Muitos clientes dizem que nosso cardápio lembra a comida da avó. Aprendi a cozinhar com minha mãe, isso dá um sabor diferente às receitas. Quando eles comem o primeiro quibe, levam 10 para casa”, garante Eshak.
SHAWARMA Sempre em busca de novidades, o chef acrescentou recentemente ao cardápio os charutos de folha de uva (R$ 7; 100g), recheados com arroz e carne ou arroz e tomate. Entre as pedidas mais tradicionais está o shawarma, sanduíche típico que leva frango com pasta de alho, salada de repolho, picles e tomate (R$ 10,90, pequeno; R$ 18,90, grande). Para quem não come carne, o recheio de falafel sai pelo mesmo preço.
Também é possível montar o próprio prato (R$ 70/1kg), com três tipos de pastas e salada, além de uma opção de carne. Estão disponíveis cafta, quibe cru, frango assado e cordeiro. Há opção vegana: bolinho de falafel e grão-de-bico frito.
O quibe frito pode ser recheado com carne (R$ 5,90), catupiri ou batata com grão-de-bico. Há ainda esfirra de espinafre com ricota (R$ 5), três queijos (muçarela, ricota e catupiri; R$ 5), zaatar (tradicional tempero libanês; R$ 5) e carne (R$ 5,90). A vitrine de doces típicos tem baklawa (de pistache com nozes) e halawe (de pistache com gergelim) – R$ 5, preço médio.
AVÔ A tradição familiar é a receita do sucesso de Maria Márcia de Campos, proprietária do Ibrahim, na Pampulha. O nome é homenagem a Ibrahim Sheik, avô de seu marido, que deixou a Síria e veio morar em BH ainda jovem. Ao abrir o empório, Maria Márcia contou com a ajuda da enteada e do marido dela, ambos com formação gastronômica, que comandam outro restaurante árabe: o Omã, no Anchieta.
“Se você traçar um mapa dos restaurantes árabes em BH, vai perceber que muitos vêm da união de familiares ou são administrados por descendentes que dão continuidade ao negócio dos pais”, observa Maria Márcia. “A comida que sirvo é a mesma que fazemos na casa da minha sogra, com receitas familiares de charutinho e quibe”, conta.
O cliente monta seu próprio prato, com proteína, pasta e acompanhamento (R$ 18,90), sempre com salada na entrada e finalizado com cebolas crocantes. As opções variam a cada dia da semana: quibe cru, cordeiro, frango caramelizado com grão-de-bico e charuto na folha de repolho ou de uva, entre eles. Sexta-feira é dia da galinhada árabe, enquanto o cuscus marroquino é servido no sábado. Vários produtos podem ser levados para casa.
Para beliscar, a legítima esfirra árabe vem com recheio de carne, frango ou alho-poró com ricota (R$ 6, cada). E também berinjela e quatro queijos com rúcula e tomate confitado (R$ 7, cada). O shawarma do Ibrahim é especial: leva pastinha de grão-de-bico, tahine, alface-americana, tomate, cebola caramelizada e proteína à escolha (frango grelhado, kafta ou falafel; R$ 19).