Defensor do Coelho se destaca e chama atenção de grandes clubes como Flamengo, Palmeiras e Corinthians

De dispensado pelo Cruzeiro, a cogitado por grandes clubes do futebol brasileiro e uma multa de R$ 40 milhões. Essa é a trajetória do zagueiro Messias até se tornar titular do América e uma das boas revelações recentes do futebol brasileiro. Há quatro anos no Coelho, o defensor conquistou a titularidade e não saiu mais, formando ao lado de Rafael Lima a melhor defesa da Série B, com apenas 25 tentos sofridos. O objetivo agora é seguir evoluindo, manter o alviverde na elite e chegar à Europa e à seleção brasileira.

A história de Messias com o futebol mineiro poderia ter começado em outro clube do Estado, caso não tivesse sido dispensado pela Raposa. “Fiz um teste e fui aprovado no América-TO. Só que o treinador do América-TO trabalhou muitos anos no Cruzeiro. Ele ligou para a Toca, me indicou, falou que eu tinha qualidade e me arrumou um teste. Passei e fiquei durante um ano no Cruzeiro, onde eu aprendi muita coisa, mas acabei sendo dispensado”, relembra.

Após a saída do time celeste surgiu a oportunidade do defensor jogar no Coelho, clube que lhe abriu as portas do mundo da bola. “Surgiu a oportunidade de vir para o América, onde já estou há quatro anos. Agradeço demais a todos os clubes que eu passei na base, mas principalmente ao América, que me deu a oportunidade de me profissionalizar”, afirma.

Com a atuação na Série B de 2017, Messias acabou despertando o interesse de Flamengo, Palmeiras e Corinthians. O jogador se sentiu lisonjeado pelas sondagens desses grandes clubes do futebol brasileiro. “Recebo com muita felicidade. São grandes equipes que se interessaram no meu futebol. É continuar trabalhando firme para fazer o melhor para o América. Se chegar alguma proposta, alguma coisa, o América fará a melhor opção”, declara.

Para se precaver da possibilidade de perder uma de suas principais revelações nos últimos anos, o alviverde agiu rápido, renovou o contrato de Messias por cinco anos e estipulou uma multa milionária. Especula-se que o valor esteja em torno de R$ 40 milhões.

“Eu sou leigo nesse assunto de valores. O América e o meu agente, que é uma pessoa que eu confio muito, discutiram os valores, creio que chegaram em um valor bom para o América e bom pra mim”, desconversou.


Confira a entrevista, na íntegra, do zagueiro Messias para o Super FC:

Como foi o seu início de carreira até chegar à titularidade do América?
Meu começo foi parecido com o de muitos: fiz muitas avaliações. Eu comecei na minha cidade natal, em São Mateus-ES fui fazendo alguns testes ao redor do Brasil. Fui para o Rio de Janeiro e participei de peneiras no Fluminense e em um time chamado Artsul. Depois fui para o interior da Bahia e para o Rio Grande do Sul, onde fui aprovado em minha primeira avaliação no Caxias, clube em que fiquei seis meses e fui dispensado. Aí voltei para a minha cidade natal e continuei treinando firme. Vim para Minas, pela primeira vez, para fazer uma avaliação no América-TO, onde fui aprovado. Só que o treinador do América-TO trabalhou muitos anos no Cruzeiro. Ele ligou para a Toca, me indicou, falou que eu tinha qualidade e me arrumou um teste. Passei e fiquei durante um ano no Cruzeiro, onde eu aprendi muita coisa, mas acabei sendo dispensado. Aí surgiu a oportunidade de vir para o América, clube em que estou há quatro anos. Agradeço demais a todos os clubes por onde eu passei na base, mas agradeço principalmente ao América, que me deu a oportunidade de me profissionalizar.

Em qual a categoria você jogou no Cruzeiro?
Joguei no Sub-20.

A família veio após você se firmar no América?
A minha noiva veio morar comigo agora. Vamos nos casar brevemente, se Deus quiser. Estou começando a constituir uma família. Os meus pais sempre vêm, sempre que podem estão em Belo Horizonte para passar uns dias aqui comigo. Minha mãe é professora, tem que trabalhar. Não consegui estabilidade para ela aposentar ainda, mas se Deus quiser, eu vou conseguir. É muito importante ter o apoio da família.

FOTO: DANIEL HOTT / AMÉRICA
Messias
Ao lado de Rafael Lima, Messias formou a defesa menos vazada da Série B de 2017

Por que sua mãe não gosta de ver os seus jogos? E seu pai, acompanha?
Meus pais sempre me apoiaram. Mas ver os jogos, só o meu pai. Ele gosta muito de futebol, me acompanha desde o amador. Agora acompanha ainda mais. Ele assiste a todos os meus jogos. Já a minha mãe nunca viu um jogo meu (ao vivo), nem na base. Ela só me viu jogar em uma escolinha no Espírito Santo. Ela fica com medo de eu cair e me machucar. É aquela preocupação de mãe. Acho que por isso ela não vê os jogos. Minha mãe vê as reprises depois de saber que eu estou bem.

Qual foram as dificuldades de sair da base até se tornar titular no profissional?
Eu não digo dificuldades, eu digo aprendizado. Eu passei um ano e oito meses só treinando, fazendo amistosos, sem ter a oportunidade de jogar. E graças a Deus tive o apoio de todo o América, dizendo que uma hora ia chegar a minha oportunidade. E ela acabou chegando e eu pude corresponder à altura. Hoje eu consigo mostrar o meu trabalho em alto nível e espero continuar mostrando. A transição da base para o profissional é difícil pelo modo de jogo, que é muito diferente. Na base, estamos em processo de aprendizado ainda. No profissional, os jogadores experientes. Então a gente tenta aprender muito com esses atletas. Eles têm muito a nos ensinar.

No profissional você chegou a sofrer com problemas de câimbra. Como isso foi resolvido?
Tive esse problema de câimbra, realmente. Primeiro tenho que dar mérito a Deus por estar jogando, fazendo o meu melhor, por essas câimbras terem sumido por conseguir mostrar o meu trabalho durante os 90 minutos. E também quero valorizar toda a estrutura do América. O pessoal da nutrição, da preparação física. Eles me deram todo o apoio para que essas câimbras sumissem. Foi a junção de um trabalho.

FOTO: MOURÃO PANDA / AMÉRICA
Messias
Messias superou problemas de câimbras e virou titular da defesa americana

Qual foi a importância da comissão técnica nesse momento das câimbras para que você pudesse se recuperar e se tornar um dos principais jogadores da defesa americana?
As câimbras aconteceram na Série A de 2016. Nos últimos nove jogos, eu senti câimbras em muitas partidas. Aí conversei com o Enderson e falei com ele: 'professor, eu não estou querendo sentir câimbra, não vem de mim, é uma coisa que não estou conseguindo controlar'. Pedi ajuda e ele, com todo carinho e humildade, me ajudou. Ele falou que eu podia ficar tranquilo que eles não iam me culpar por nada. E que eles queriam que eu me cuidasse para conseguir jogar os 90 minutos, pois eu tinha capacidade. Me deram todo o apoio e, graças a Deus, eu consegui retribuir dentro de campo.

Mesmo com muitos atletas experientes no ano passado você conseguiu se firmar como titular. Foi uma conquista?
No ano passado, eu tive a oportunidade de jogar muitos jogos durante a temporada inteira praticamente. Saí do time por lesão e fiquei suspenso uma vez. Fico muito feliz com essa conquista individual por jogar tantos jogos. Neste ano, eu pretendo seguir no mesmo caminho. É fruto de um trabalho árduo, não só meu, mas de todo o grupo que me apoiou: Rafael Lima, João Ricardo, Luan, Bill. Todos me apoiaram para que eu me sentisse seguro e confiante para fazer um bom trabalho.

Além desse reconhecimento dos atletas, você teve o reconhecimento do clube, que renovou o seu contrato por cinco anos. Qual a importância disso?
Foi muito importante pra mim. Fico feliz com a valorização que o clube me deu e vou fazer de tudo para retribuir dentro de campo toda essa valorização.

FOTO: MOURÃO PANDA / AMÉRICA
Messias
Destaque em campo, zagueiro teve que se acostumar com as entrevistas

Como é pra você saber que você tem uma multa contratual de milhões?
Eu sou leigo nesse assunto de valores. O América e o meu agente, que é uma pessoa em que eu confio muito, discutiram os valores. Creio que eles chegaram em um valor bom para o América e bom para mim. Não gosto nem de comentar muito sobre isso porque não entendo muito, e talvez eu fale alguma coisa que não corresponda (à realidade). Mas eu confio plenamente no clube, no meu agente, e sei que eles estão sempre fazendo o melhor pra mim.

Surgiram sondagens de Palmeiras, Corinthians e Flamengo. Como você recebe esse interesse de grandes clubes do país?
Recebo com muita felicidade. São grandes equipes que se interessaram pelo meu futebol. Agora é continuar trabalhando firme para fazer o melhor para o América. Se chegar alguma proposta, o América há de saber o que fazer e irá fazer a melhor opção. Se a melhor opção for ficar, ficarei com muito orgulho. Se a melhor opção for sair, irei com muita alegria. Mas, no momento, eu estou focado no América, estou feliz. É continuar fazendo o meu trabalho bem-feito para conquistarmos os objetivos do clube.

Quais são as suas expectativas para este ano, tanto individual quanto coletivamente?
Individualmente, é continuar fazendo o meu trabalho bem-feito, ajudar a equipe a vencer e conquistar os objetivos do clube. Coletivamente, o objetivo principal é manter o América na Série A. Vamos fazer de tudo, pois é onde o América merece estar.

FOTO: DANIEL HOTT / AMÉRICA
Messias
Zagueiro em ação em um dos treinos no CT Lanna Drumond

O América vai conseguir permanecer na Série A?
A gente trabalha pra isso, estamos focados. A nossa equipe está toda empenhada, mas temos que pensar um dia de cada vez, dar um passo de cada vez. Hoje estamos jogando o Campeonato Mineiro. Estamos nos preparando para a Série A, mas vamos focar no Mineiro.

No primeiro teste de Série A, contra o Cruzeiro, o América encontrou muitas dificuldades. O que o América precisa evoluir para não encontrar as mesmas dificuldades durante o Brasileirão?
Todas as equipes estão em evolução a cada dia, tanto o América, quanto o Cruzeiro, o Atlético. A gente precisa evoluir constantemente. Eu acredito que nossa equipe está qualificada para jogar a Série A. Acredito que iremos surpreender muita gente. Acho que nossa equipe vai evoluir a cada dia com o intuito de fazer uma grande campanha e deixar o América na Série A. Não tem como falar de um ponto específico que precisamos evoluir. Acho que evolução é uma coisa constante e em todas as áreas.

O que o Messias sonha para a carreira no futebol?
Sonho com tudo que um jogador profissional sonha: vestir a camisa da seleção, jogar na Europa. Eu também trabalho para fazer o América cada dia maior e para ajudar os meus companheiros.