Num futebol brasileiro em que há mais troca de comando dos clubes que rodadas disputadas na Série A, o campeão nacional pode ser, pela primeira vez na década, um clube que passou por demissão de técnico. Com Luiz Felipe Scolari no lugar do pupilo Roger Machado, o Palmeiras está com uma mão na taça do Campeonato Brasileiro.
Além de quebrar uma escrita que vem desde 2009, Felipão, aos 70 anos completados recentemente, faz girar duas lógicas em construção. A de que o campeão brasileiro só se apresenta por meio de trabalhos de um técnico só - o último vencedor que substituiu treinador foi o Flamengo em 2009, quando Andrade pegou o “bonde andando” de Cuca - e que o sucesso viria apenas através de novos “Fábios Carilles”.
Hoje, ainda há exemplos positivos de soluções caseiras, como Odair Hellmann no Internacional (classificado à Libertadores) e Tiago Nunes no Atlético-PR, semifinalista da Sul-Americana e com um pé na decisão do torneio. Em contrapartida, Osmar Loss foi sacado no Corinthians, Thiago Larghi deixou o Atlético e Maurício Barbieri se despediu do Flamengo.
MINAS
Atlético e América apostam no sucesso do passado com os contemporâneos Levir Culpi e Givanildo Oliveira em mais uma passagem. Na mesma linha, e já com resultados, o Ceará se deu bem ao resgatar Lisca Doido, e o Santos pegou o elevador com o retorno de Cuca, após dez anos.
Na 33ª rodada finalizada na segunda-feira (11) com Santos x Chapecoense, Adilson Batista e Diego Aguirre foram as últimas vítimas da máquina de moer treinadores. São 35 trocas de comando em 33 rodadas já disputadas, considerando técnicos interinos - como será no São Paulo até dezembro, com André Jardine substituindo Aguirre, aquele que veio ao Atlético em 2016, no lugar de Levir.
O recordista de trocas é o Vasco, que teve Valdir Bigode como “tapa buraco” por duas vezes, entre Zé Ricardo e Jorginho. Atualmente é Alberto Valentim quem apita os treinos em São Januário, totalizando quatro substituições. Zé Ricardo, por sua vez, foi parar no Botafogo, onde estava Alberto Valentim na 1ª rodada,
MANUTENÇÃO
Somente três clubes passaram ilesos na dança das cadeiras do Brasileiro, e todos em parte nobre ou segura na tabela. No Cruzeiro, Mano Menezes levou a Copa do Brasil e tem chance até mesmo de terminar entre os seis primeiros colocados. Renato Gaúcho quase beliscou a final da Libertadores para o Grêmio e irá para outra edição. E Odair Hellman garante vaga no torneio continental ao Internacional após a subida da Série B no ano passado.
O resto rodou na ciranda típica de quando os resultados não aparecem. Beirando o esdrúxulo das “chegadas e partidas”, Claudinei Oliveira vestiu três camisas na Série A 2018. Começou no Sport, pulou para o Paraná e agora está na Chapecoense, três clubes que brigam para não cair num Z-4 onde está o América de Givanildo, com os mesmos 70 anos de Felipão, mas com uma missão muito mais ingrata.