Técnico campeão do mundo com o Brasil em 1994, comandante da seleção brasileira em 2006 e de outros times em outras Copas do Mundo, o ex-treinador Carlos Alberto Parreira, hoje integrante do Grupo de Estudo Técnicos da Fifa, espera que Tite siga à frente da equipe nacional até o Mundial do Catar, em 2022.
Em entrevista ao Super FC nesta segunda-feira, em São Petersburgo, ele avaliou como positivo o trabalho do técnico brasileiro, mesmo depois de uma precoce e sofrida eliminação. “O que fica claro é que ganhar uma Copa do Mundo é muito difícil. Uma série de fatores precisa convergir na hora certa para que tudo aconteça de uma maneira muito positiva. Pela primeira vez, se reconheceu o mérito de um trabalho. Estou fora do Brasil, mas tenho acompanhado o noticiário e fiquei feliz em saber que parte da população e da imprensa quer a continuidade do Tite. Acho muito bacana que se avalie o trabalho”, destacou.
Detalhes contribuíram para a eliminação do Brasil nesta Copa do Mundo, avaliou Parreira. “Não se ganhou a Copa do Mundo, mas se perdeu para um time muito bom, a Bélgica. Tivemos chance de ganhar o jogo, oportunidades que não foram aproveitadas. A gente não gosta de perder, mas o trabalho foi reconhecido e acredito que tem que haver continuidade. O Tite aprendeu, ganhou experiência, está mais maduro e tem tudo para continuar até o Catar”, ponderou.
Os resultados obtidos em pouco tempo e o resgate da confiança para com o futebol brasileiro são elementos que balizam o trabalho de Tite no cargo. “Ele ficou apenas dois anos, pegou um trabalho no meio do caminho. Ele tem um novo ciclo, com jogadores jovens que podem ser incorporados, tem uma base montada por ele. Quebrar essa sequência não seria bom para o futebol brasileiro. Sou favorável que ele continue”, destacou.
Parreira, de 75 anos, está na Rússia como membro de um grupo de observação técnica da Fifa do qual também fazem parte o holandês Marco van Basten, o sérvio Bora Milutinovic, o nigeriano Emmanuel Amunike, o escocês Andy Roxburgh e o italiano Alessandro Nesta.
Na próxima quinta-feira, inclusive, eles farão um balanço do trabalho em entrevista coletiva no estádio Luzhniki, em Moscou. “Esse é um trabalho que faço pela terceira vez. É um grupo de estudo técnico da Fifa que avalia como foi a Copa sob o aspecto técnico, tático, as tendência, o que aconteceu, o que surgiu de novo. Ela faz um relatório e apresenta às federações depois da Copa”, explicou.
Adiantado os resultados ao Super FC, Parreira elogiou o árbitro de vídeo, usado pela primeira vez numa Copa do Mundo, e a decisão disciplinar que favoreceu a classificação do Japão às oitavas de final. “Foram duas novidades: o árbitro de vídeo, que veio trazer justiça para o futebol, impactou no início, mas no final está todo mundo acostumado já. Já foi um sucesso absoluto e a classificação do Japão pelo critério disciplinar, um time que foi à outra etapa pelos cartões amarelos”, afirmou.