Atlético vai aumentar a capacidade de público da arena para 47 mil sem implicar nos custos; presidente da MRV Engenharia, Rafael Menin, explica como
O Atlético anunciou, na noite de terça-feira (6), o aumento de 5.000 lugares na expectativa de público da Arena MRV, que terá agora a capacidade de receber 47 mil torcedores. Segundo o clube, a ampliação não implica em acréscimos nos custos da obra, que segue orçada em R$ 410 milhões.
Desde a aprovação do empreendimento no conselho deliberativo em setembro do ano passado, o Atlético e seus parceiros vêm se debruçando em detalhamentos do projeto, incluindo os trâmites legais na prefeitura e na elaboração do Projeto de Lei que precisa ser aprovado pela Câmara Municipal.
Para explicar o andamento do processo, o Super FC conversou com Rafael Menin, presidente da MRV Engenharia. A empresa adquiriu, por R$ 60 milhões, os naming rigths do estádio pelo período inicial de dez anos. A empresa não será a responsável pela construção da arena, mas, pela experiência no mercado, está coordenando os trabalhos técnicos para a escolha da construtora, que deve ser anunciada em três semanas.
Menin explicou que o aumento da capacidade sem custos foi obtido após estudos e alterações no projeto com base em negociação com fornecedores. A ampliação se dará nos camarotes e na arquibancada superior. O projeto é assinado pela Farkasvölgyi Arquitetura.
O presidente da MRV também está otimista para o início das obras. “A gente pretende conseguir a licença preliminar e começar alguma movimentação no canteiro no começo de maio”, adiantou Menin. A previsão de conclusão do estádio está mantida para o fim de 2020.
Além da comercialização dos naming rights para viabilizar a obra, o Atlético vendeu metade do shopping DiamondMall por R$ 250 milhões para a Multiplan, empresa que já administra o complexo de compras. Além disso, o clube pretende arrecadar R$ 100 milhões com a venda de cadeiras cativas. Caso não consiga, o Banco BMG deu garantia de compra de 60% desses lugares. O estádio será erguido no bairro Califórnia, região Noroeste da capital.
Confira a entrevista com Rafael Menin, presidente da MRV Engenharia:
Como vocês conseguiram aumentar a capacidade sem aumentar os custos da obra?
A gente conseguiu otimizar ainda mais o projeto, negociação com fornecedores. Estamos na reta final do processo de assinatura com a construtora. Hoje temos três empresas na disputa. Já passamos por uma rodada nova de negociação e hoje temos a segurança que vamos conseguir fazer uma arena um pouco maior com o mesmo custo estimado inicialmente. O projeto deve estar na 25ª versão. Foram feitas muitas alterações, discutimos novas tecnologias, novos processos. Foi um trabalho muito grande. Está chegando um projeto mais otimizado, mais confortável e com o menor custo por assento do Brasil. Estamos tendo o benefício de fazer com tempo, com calma. O que foi feito na Copa do Mundo foi às pressas, na correria e o nosso modelo é o oposto, com calma, discutindo, analisando projeto, discutindo soluções de engenharia, alternativas tecnológicas e vendo também o que deu errado (na Copa do Mundo). Visitamos todas as arenas da Copa, conversamos com muita gente, vimos que muita coisa foi feita de maneira inadequada. Você tem que aprender com os erros. Temos a segurança do melhor projeto do Brasil e o menor custo por assento. O projeto está fantástico, superconfortável, acabamento legal, materiais escolhidos para dar conforto térmico e acústico, a proximidade da arquibancada com o campo. É um projeto fenomenal. A acessibilidade ficou muito boa, a quantidade de rampas e banheiros. Será uma arena única, a melhor do Brasil.
Inicialmente, a ideia já era fazer um estádio para 50 mil, depois, foi reduzido para diminuir os custos e, agora, conseguiu aumentar novamente, foi isso?
Exatamente. A gente entende que esse tamanho de 47 mil lugares é um tamanho mágico, perfeito. Em função do nosso orçamento original, tínhamos limitado a 41.500, mas com esse novo aumento, chegamos ao tamanho que queríamos, mantendo o orçamento. Foi um gol de placa. Teve muito trabalho do arquiteto, das empresas parceiras, dos investidores. Nesses meses após a aprovação do projeto no conselho, a gente vem trabalhando a sete, oito mãos, com o Atlético apresentando ideias. Foi um trabalho muito intenso e tendo como consequência final deste trabalho estruturado, aumentando o tamanho da arena, preservando os custos, que é fundamental. Não podemos ir além do que temos de recursos disponíveis e com muita responsabilidade.
Onde se deu esse aumento na capacidade?
Vamos ter mais camarotes do que o previsto. Do último projeto, aumentamos em 50% a capacidade de camarotes. Entendemos que o custo adicional de camarotes era muito pequeno e (esses setores) têm um apelo, medido pelo preço correto. O aumento dos camarotes é a menor parte, a maior é nas arquibancadas.
Quantas construtoras estão concorrendo para pegar a obra?
São três empresas. Não é bom falar de nome para não atrapalhar o processo competitivo, mas são três empresas que estão no páreo final, de altíssima competência, todas com 40 anos de história, portfólio espetacular. São as melhores empresas do Brasil para este tipo de obra, que estão investindo muito dinheiro, muito tempo, muita energia, nos ajudando nas soluções de engenharia, um trabalho que não foi feito nas outras arenas, um trabalho de tecnologia, investimento de tempo, de arquiteto, de engenheiro, de consultor, solução do telhado, tipo de cobertura, estrutura das cadeiras, da circulação. Esperamos em três semanas escolher a construtora vencedora. Está dentro do cronograma.
Como está a situação do Projeto de Lei do executivo que precisa ser enviado à Câmara?
O licenciamento está em andamento. São várias etapas de licença. A gente pretende conseguir a licença preliminar e começar alguma movimentação no canteiro no começo de maio. As licenças definitivas, todas elas, esperamos conseguir no meio do ano. É um investimento muito grande para a cidade, vai gerar emprego. São mais de R$ 400 milhões de investimento, vai gerar ISS (Imposto sobre Serviços) para a prefeitura. Está tendo uma boa vontade do poder público. Não vai ser bom só para o Atlético, mas será bom para a cidade. Vamos ter uma arena para shows, eventos. Vamos gerar por volta de 800 a 900 empregos diretos durante a construção. Mas temos que seguir o rito correto, sem atropelos, que o licenciamento não tenha discussão, com todas as normas ambientais. Está tudo sendo feito com muito carinho.
Como tem sido a repercussão da Arena MRV para a empresa, que adquiriu os naming rights do estádio?
Está bem consolidado. É um trabalho que será feito com mais intensidade a partir de agora. A MRV investe forte (no futebol) há mais de 20 anos. A gente acha que é uma modalidade de marketing excepcional, tem engajamento com a sociedade, é simpático. O futebol no Brasil é o esporte mais popular. Estamos no Galo, no Flamengo, no São Paulo, no Fortaleza. A gente sabe da importância deste investimento em marketing esportivo, sabemos que vale a pena. Será bom para o clube e para a MRV. O esporte cria um engajamento muito legal para a marca e dá um retorno. Além da visibilidade para o nome, é algo saudável para a empresa. O futebol é a paixão do povo. A gente gosta e dá muito retorno. São dez anos com opção de renovação por mais cinco.