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Mineirão 53 anos: festa do aniversário recebe protagonistas do maior jogo da história do estádio

02/09/2018 00h00 - Atualizado em 21/03/2019 12h37 por Admin


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Alexandre Simões
asimoes@hojeemdia.com.br

O Mineirão inicia a semana em que comemora 53 anos recebendo o confronto entre os dois clubes que fizeram aquele que é considerado o maior jogo da sua história, o Cruzeiro 5, Internacional 4, na estreia das duas equipes na Copa Libertadores de 1976, que foi conquistada pelo time da Toca. Raposa e Colorado se enfrentam na noite deste domingo (2), a partir das 19h, numa das partidas que encerram a 22ª rodada da Série A do Campeonato Brasileiro.

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A ficha de Cruzeiro 5 x 4 Internacional que integra os arquivos do Mineirão

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Apesar do bom momento dos dois times, pois o Cruzeiro é semifinalista da Copa do Brasil e está nas quartas de final da Libertadores, e o Internacional é vice-líder do Campeonato Brasileiro, o torcedor que for ao Gigante da Pampulha na noite deste domingo dificilmente verá a repetição do espetáculo que foi o confronto dos esquadrões que cruzeirenses e colorados tinham na metade da década de 1970 naquela tarde de 7 de março de 1976, um domingo.

Rivais na decisão do Campeonato Brasileiro do ano anterior, vencida pelo Internacional por 1 a 0, no Beira-Rio, com um gol de cabeça do zagueiro chileno Figueroa, numa final em jogo único, os dois clubes contavam com craques como Raul, Nelinho, Zé Carlos, Palhinha, Jairzinho e Joãozinho, pelo lado do Cruzeiro; e Manga, Figueroa, Falcão, Valdomiro e Lula, no Internacional.

PALHINHA

Um dos personagens daquele jogo foi o centroavante Palhinha. Com dez minutos ele já tinha balançado a rede de Manga duas vezes, mas por pouco não comprometeu a vitória cruzeirense, pois foi expulso por uma cotovelada em Figueroa, fruto de uma rixa que tinha começado na final do ano anterior.

“Foi o jogo mais emocionante que disputei ou assisti. Cruzeiro e Internacional tinham um potencial técnico muito grande e os confrontos eram sempre muito bem disputados. Esse jogo teve uma particularidade, pois pouco tempo antes tínhamos perdido o Campeonato Brasileiro para eles. Tive a infelicidade de ser expulso num lance até infantil. Na final do Nacional tinha levado uma cotovelada do Figueroa e fraturei o nariz. E tinha o pensamento de dar o retorno. Nesse 5 a 4 tinha feito dois gols e estava 3 a 1, ainda no primeiro tempo. Encostei uma bola no fundo do campo e deu o revide. Acabei sendo expulso. O Internacional empatou, o Cruzeiro fez 4 a 3, eles voltaram a empatar e no final fizemos o 5 a 4. A partida se tornou inesquecível porque o Joãozinho desequilibrou”, recorda Palhinha, em depoimento no livro “Rei de Copas”.

E realmente Joãozinho desequilibrou naquela tarde. Tanto, que o técnico Rubens Minelli, do Internacional, chegou a trocar o lateral para ver se conseguia parar o Bailarino da Toca. Mas ele foi genial e decretou a arrancada cruzeirense para a conquista do título.

A atuação do ponta esquerda cruzeirense, que cinco meses depois marcou o gol do título sobre o River Plate, em Santiago, foi tão espetacular, que gerou uma crônica inspirada de Roberto Drummond no jornal “Estado de Minas”.

A COLUNA DE DRUMMOND

(Parte da coluna de Roberto Drummond publicada no jornal Estado de Minas de 9 de março de 1976)

A Jairzinho nota 10.
A Figueroa, o genial Figueroa, outra vez nota 10.
Para Manga (mesmo com os cinco gols) também dou 10.
A Palhinha, idem: nota 10.
A Eduardo (Por que não?) nota 10.
Um 10 eu dou também a Lula.
Agora para Joãozinho, o assombrado Joãozinho, eu dou nota mil, mas nota mil é pouco: eu dou a Joãozinho a volta da alegria e da vontade de chorar e de cantar e de rir, independente da cor da sua camisa que é azul (mas isso não importa); eu dou a Joãozinho a volta de um momento que havia desaparecido do futebol brasileiro com Garrincha, Pelé e Tostão, a volta de uma emoção que não nos larga depois do jogo, que segue com a gente e fica, como as emoções muito intensas... O que eu senti durante o excelente jogo entre Cruzeiro e Inter, um jogo que mostra como o futebol brasileiro está voltando a ser o que já foi, o que eu senti é que, quando Joãozinho pegava a bola, cada um dos milhares de torcedores não ficava mais sentado na cadeira, não ficava nas arquibancadas, não ficava mais nas gerais: cada um entrava na pele de Joãozinho.
Aquele drible em Figueroa foi meu – foi meu e de milhares de pessoas. Aqueles dois gols de Joãozinho foram meus – foram meus e de milhares de pessoas.

REPETIÇÃO

Apesar de se ter praticamente a certeza de que um espetáculo como aqueles 5 a 4 nunca mais deve acontecer no gramado do Mineirão, o torcedor que for ao estádio na noite deste domingo não deixará de participar de um momento histórico, pois estará presente na partida que abre as comemorações do aniversário de 53 anos do Gigante da Pampulha.

E com certeza a torcida será para que os craques de 1976 inspirem a turma de 2018. E que o Mineirão inicie a sua festa com mais um espetáculo protagonizado por cruzeirenses e colorados.