Manhã de 6 de setembro de 2015. Pela 23ª rodada da Série A, o Cruzeiro, que tinha levantado o caneco em 2013 e 2014, não luta pelo tri. Muito pelo contrário. Recebe o Figueirense, no Mineirão, ocupando a 15ª posição a apenas dois pontos da zona de rebaixamento. Os 5 a 1, com show de Willian, que balança por quatro vezes a rede de Alex Muralha, então goleiro do time catarinense, marcam a estreia de Mano Menezes na Raposa. Tinha início uma história que parecia de amor, mas que com o passar do tempo ganhou também o “ódio” como ingrediente.
Desde aquela manhã, o Cruzeiro já entrou em campo 199 vezes. Em 161 delas com Mano Menezes no comando. E o treinador vive numa verdadeira gangorra na sua relação com a torcida cruzeirense.
Em baixa neste momento, o comandante tem o desafio de mudar novamente de posição em agosto, quando o Cruzeiro decide o seu futuro num ano em que gastou demais, mas ainda não convenceu.
E os desafios começam nesta quarta-feira (1º), quando a Raposa encara o Santos, às 19h30, na Vila Belmiro, no jogo de ida pelas quartas de final da Copa do Brasil.
Há ainda as oitavas da Libertadores, sendo o Flamengo o adversário. No último domingo, após a derrota de 2 a 0 para o São Paulo, no Mineirão, pelo Brasileiro, o presidente Wagner Pires de Sá afirmou que as Copas serão as prioridades do Cruzeiro a partir de agora.
Isso joga ainda mais pressão na gangorra de Mano, que não consegue fazer o Cruzeiro ser forte defensivamente, como na conquista da Copa do Brasil do ano passado, muito menos eficiente no ataque, como era o time de 2015.
TRAJETÓRIA
O belo trabalho de 2015, quando mais que salvar o Cruzeiro do rebaixamento quase o levou à Libertadores, transformou Mano Menezes numa unanimidade cruzeirense. E sua ida para a China por uma proposta milionária provocou depressão, até porque Deivid e Paulo Bento não vingaram.
O retorno foi rápido e com enredo parecido, pois quando o Cruzeiro beirava a zona da degola na Série A, Mano voltou à Toca II substituindo Paulo Bento, ainda na reta final do turno.
Esta segunda passagem, que segue até hoje e torna Mano Menezes o treinador mais longevo da Série A, é instável. Chamado de maestro pelo presidente e com a renovação como prioridade quando a nova diretoria assumiu no final do ano passado, o treinador tem dificuldade para fazer seu time jogar por música.
Situação parecida foi vivida no ano passado, pois a conquista da Copa do Brasil antecedida pela perda do Estadual e a eliminação na Sul-Americana. Resta saber se Mano terá em 2018 condições de afinar a sua orquestra.