A Europa é atualmente o continente mais afetado pela pandemia do novo coronavírus, com mais de 250 mil casos confirmados. Em entrevista à Gazeta Esportiva, o mineiro Luiz Phellype, atacante do Sporting, de Portugal, relatou o clima de tensão vivido no Velho Continente e alertou o Brasil para a seriedade da doença. Segundo ele, os brasileiros, assim como os portugueses, demoraram a entender a gravidade da situação.

"Aqui o clima ainda é de tensão. Tudo começou antes, ficou tudo pior antes. No começo, não deram tanto valor, o que acredito que tenha acontecido no mundo todo, não valorizaram tanto. Só que as coisas foram ficando sérias e houve um choque de realidade. As pessoas já não saem mais, só vão às ruas para ir ao mercado e voltam. E têm que entrar com senha, três de cada vez. Não sei até quando isso vai durar. Está muito difícil", declarou o jogador de 26 anos.

"Pelo que acompanhei, vi que no Brasil, assim como aqui em Portugal, as pessoas demoraram a se tocar para o que realmente estava acontecendo, para a gravidade da coisa. Também não deram muito valor, com praias e bares lotados. As pessoas têm que se cuidar, senão a tendência é piorar, não tem jeito. No Brasil costuma ter muito mais aglomeração de pessoas do que na Europa. O cenário melhorou porque todos passaram a se conscientizar. O que estamos vivendo é muito serio, não é brincadeira", acrescentou.

Luiz Phellype sofreu uma lesão no ligamento cruzado anterior do joelho direito no último mês de janeiro e vem se recuperando da cirurgia. O brasileiro relatou que é o único jogador autorizado a comparecer à dependências do Sporting, já que precisa continuar o processo de fisioterapia.

"Minha recuperação segue normal porque só eu estou autorizado a vir ao CT, justamente para poder dar sequência à minha fisioterapia, que preciso fazer todos os dias. Só eu e o fisioterapeuta. Venho, faço meu treino e volto pra casa. Os demais jogadores estão todos em casa, fazendo treino por vídeo, e é assim que estamos levando. Acho que o governo e a federação só autorizaram esse esquema àqueles que estão fazendo tratamento pós-cirúrgico. Quem tem lesões mais comuns não pode vir tratar. Seguem um roteiro e fazem tudo de casa", contou.

O jogador ainda afirmou que prefere que a temporada seja dada como encerrada. Em Portugal, as competições estão paralisadas desde o dia 12 de março. Hoje, o campeonato nacional é liderado pelo Porto, que tem 60 pontos, seguido de perto pelo Benfica, com um tento a menos.

"Sinceramente, prefiro que a temporada termine, que deem um jeito da melhor maneira possível, até para não termos complicações na próxima temporada. Debate vai existir, uns serão contra e outros, a favor, mas acho que é o melhor a se fazer. O plano deles parece que é mesmo encerrar o campeonato", completou o atacante.

Segundo dados do Ministério da Saúde de Portugal, o país europeu já tem mais de 4.200 casos confirmados da covid-19, com o número de mortes ultrapassando 70.