O técnico Lisca desviou o foco de especulações envolvendo seu nome e garantiu: ‘Meu foco é total no América’. O gaúcho, que tem sido alvo de consultas de clubes da Série A, renovou contrato com o clube mineiro até o fim de 2021 e tem o respaldo da diretoria para dar continuidade ao projeto - que visa a permanência da equipe na elite do futebol nacional.

 

“Você sabe que no ano passado - e isso não foi segredo para ninguém - eu recebi uma série de convites, e a gente soube lidar muito bem com isso. Hoje, eu sou treinador do América. Estou muito feliz aqui. Tive uma valorização que eu gostaria de agradecer a todo clube, ao presidente Salum, à nova diretoria também, que obviamente participou disso. Meu foco é total no América”, afirmou.

O treinador do Coelho também falou sobre as perspectivas para a temporada 2021 e se mostrou otimista em relação ao futuro do clube.

“Difícil dar um limite. Isso ninguém sabe. Isso vai depender muito do nosso trabalho, da nossa capacidade, da nossa entrega, do desenvolvimento de todo o clube, do crescimento estrutural, crescimento de investimento… Tudo isso é uma conjuntura de fatores que vai fazer a gente chegar no nosso máximo”.

 

“Obviamente, o objetivo principal nosso é a manutenção na Série A. Agora, nós não queremos simplesmente a manutenção. Queremos fazer uma boa Série A. Estamos vendo equipes que subiram ano passado brigando até por vaga na Libertadores (caso do Atlético Goianiense e do Red Bull Bragantino). Quem sabe, podemos ficar na ‘primeira página, beliscando’”.

“Quando trabalhei no Ceará, em 2018, peguei o time praticamente rebaixado. Em 27 rodadas, nós fizemos a 7ª melhor campanha, com uma campanha de Libertadores. Nosso sonho é ir o mais longe possível. Não estabelecer um limite, para não nos limitarmos. Nosso objetivo é fazer o nosso melhor, cada dia, trabalhar com afinco, desenvolver, crescer, evoluir. O limite a Deus pertence”, completou.

‘Calma’ em contratações

Questionado sobre os perfis de reforços buscados pelo América, Lisca foi ‘cauteloso’ e falou em ‘calma para não botar os pés pelas mãos’. Até o momento, o Coelho anunciou as contratações do zagueiro Ricardo Silva e do atacante Leandro Carvalho.

“O América tem uma linha de trabalho bem definida desde que eu cheguei aqui. Existe um departamento de análise de mercado, que já vinha desenvolvendo esse trabalho desde o ano passado, captando jogadores que se destacam, selecionando, pesquisando… Estamos tendo paciência. Com calma. Não vamos botar os pés pelas mãos. Estamos olhando o mercado”.

“O treinador do América participa do processo, opina, mas a definição não é dele. A definição é em conjunto, do clube. Eu acho que é assim que tem que funcionar. Já vim assim, sabia disso. Me adaptei muito bem a isso”, disse.

“O Leandro (Carvalho) já estava na análise antes de eu chegar no América. Já era um jogador que vinha sendo observado. É o mesmo caso do Matheus Cavichioli. O clube já tinha uma observação, já tinha uma ideia de trazê-lo, e como já trabalhei com eles, eu dei o aval final”, acrescentou Lisca.

“O Ricardo, a mesma coisa. É um jogador que já tem uma história aqui, muito legal. O clube queria a manutenção do Ricardo ano passado. Algumas coisas aconteceram que ele não permaneceu. Faz parte também ‘da bola’. Agora, chegamos a um consenso que seria importante o retorno do Ricardo para preencher o nosso grupo, para usar a experiência dele, a liderança, a integração que ele já tem com todos aqui no América”.

“Outros jogadores estamos prospectando, com calma. O mercado ainda está começando a se agitar. Agora, findando a Série A, é uma concorrência maior ainda. O América sabe bem onde precisa atacar, sabe onde precisa se reforçar, não vai falar muito sobre isso para não alertar a concorrência também. Quem vai falar sobre jogadores é o Sr. Euler, o Rafael e o Fred”, finalizou.

Segundo o atual presidente do clube, Marcus Salum, a ‘primeira fase’ de contratações do América está focada em promessas de clubes da Série A e jogadores que se destacaram na Série B. Posteriormente, o clube avaliará as possibilidades de investimento em jogadores de maior renome, conforme evolução do grupo no Estadual.

Relação com a futura gestão

“Já conheci o presidente Alencar, que vai ser a cabeça do Conselho Gestor. Esteve aqui no CT. Fizemos uma primeira reunião, que ele participou junto com o Sr. Euler. São as duas pessoas que eu já conheci e vão trabalhar diretamente conosco no futebol. Esse processo está sendo todo comandado pelo presidente Salum. Uma transição bem tranquila, é uma sequência de trabalho”


“O América é um clube que as pessoas brigam pelo seu crescimento. Têm uma paixão em comum. Me receberam muito bem, estão muito imbuídos no crescimento do trabalho. Na sequência, obviamente, com as ideias deles, agregando algumas situações que eles já colocaram”.

Campeonato Mineiro e destaques da base

Lisca também defendeu a realização dos estaduais no país, especialmente por sua importância para os clubes de menor expressão. O técnico projetou a campanha do América, que tem o título como objetivo.
 
“Eu não defendo (o fim do Estadual). Eu acho uma competição interessantíssima. Ainda mais eu, que comecei na base, depois passei por clubes menores… É uma plataforma muito interessante para renovação de jogadores também; vitrine para jogadores que, muitas vezes, não têm esse espaço para aparecer no mercado mais a nível estadual, regional e nacional. O Campeonato Mineiro é visto pelo Brasil inteiro. Todos os regionais”.

“É uma competição que eu gosto, principalmente para essa prospecção de jogadores. O América, obviamente, entra para buscar o melhor e o título da competição. É o nosso objetivo. Mas nós temos o objetivo também de revelação, de formação de plantel, de usar esse campeonato para fortalecer o nosso trabalho para a Série A - que é o principal objetivo do clube -, mas sempre competitivos e sempre buscando o melhor, que é a primeira colocação”.

Por fim, o treinador alviverde apontou os principais destaques da base americana. Muitos nomes trabalham, no dia a dia, com o grupo principal, e estão sob avaliação constante de Lisca e sua comissão técnica.

“A gente conseguiu fazer um planejamento bem interessante para o aproveitamento de todos os jogadores, para poder dar um descanso também para eles. Já vínhamos fazendo esse trabalho de desenvolvimento dos jogadores do América desde o ano passado. Vários jogadores já participaram, como é o caso do Gustavinho, do Carlos, do Kawê… tem outros também. O Thalys, vários. Nós temos bons potenciais aqui, temos um trabalho muito integrado com a categoria de base. É o DNA Formador, é a característica do América. Eu gosto muito desse trabalho”.

“O Carlos Alberto, que teve duas convocações pra Seleção Sub-20, é um jogador que a gente está acreditando muito na evolução dele, dentro desse processo. Gustavinho, Kawê, Goldeson, Thalys, o Rodolfo - zagueiro, que a gente tem gostado muito do trabalho dele. Um menino que chegou agora, do São Paulo. Tem vários jogadores. A gente vai oportunizar, e aí, depende muito deles. Como vão se sentir, como vão desenvolver, como vão se portar em situações de campeonato, de responsabilidade”, completou.