Jogador deixa maior time brasileiro de todos os tempos para novo desafio no vôlei italiano; objetivo é manter alto nível demonstrado na Superliga
Leal deixa Belo Horizonte com uma boa dose de ponta de tristeza. Certo de que entrou na história do Sada Cruzeiro por tudo que fez pelo time nos últimos seis anos, ele agora ruma para a Itália, onde defenderá o Lube Civitanova, atual vice-campeão nacional e mundial.
Despedindo-se de Belo Horizonte, ele sai com a certeza de que fez muito pelo clube e que a idolatria da torcida não veio à toa. Em conversa com o SuperFC, ele lembrou de tudo, desde o início, quando desembarcou em terras mineiras acima do peso e foi lapidado pelo técnico Marcelo Mendez. Ao treinador, ele atribiu toda a responsabilidade pelo fenômeno que se transformou na entrada de rede.
Leal se vai, mas já pensa na volta, em reviver na capital mineira o calor da torcida, o bom ambiente de um grupo campeão e um time que não se cansou de brindar seus atletas com os títulos mais desejado que alguém pode desejar.
Qual o sentimento nestas últimas horas antes da sua despedida? De tristeza, com certeza. Minha vida toda como profissional foi aqui no Sada Cruzeiro e em Belo Horizonte. Estou aqui desde 2012, foram várias conquistas, muitas coisas que aprendi, desde a cultura local até amar este país. Virei brasileiro, muita coisa aconteceu nestes seis anos e agora chega o momento da minha despedida nesta final. Vou em busca de novos objetivos, acho que mereço isso por tudo que fiz na minha carreira, é um passo adiante que aparece e que preciso seguir.
Como está sua cabeça para este momento? Está tranquila, estou muito feliz e agradecido por tudo que conquistei e vivenciei aqui dentro. Minha cabeça precisa estar boa neste momento, sei que são as últimas horas, é um momento muito especial e importante pra mim. Nestes seis anos, ganhei tudo com a camisa do Sada Cruzeiro e creio que não vai ser agora que deixarei de ajudar. Sei que o time precisa muito de mim, estou preparado para contribuir da melhor forma possível pra me despedir com mais um título nacional.
O que dizer de toda sua trajetória, com a conquista de títulos nacionais e internacionais e sua transformação como jogador? O trabalho todo começa no inicio, em Cuba tive uma base boa, sempre tive o sonho de chegar um grande jogador. Depois da minha chegada no Brasil, meu jogo melhorou muito. Aprendi muitas coisas com os atletas e também com o Marcelo Mendez. Com o treinador, aprendi a fazer várias coisas que não sabia, sou muito agradecido a ele. Ele represente muita coisa na minha carreira profissional, agradeço muito a ele e também aos jogadores que estiveram comigo em todos estes anos.
Qual a influência do Marcelo na sua evolução como jogador? Total, 100%. Eu sabia jogar vôlei quando aqui cheguei, mas não a nível de clubes. Em Cuba não tivemos esta chance que apareceu pra mim aqui no Brasil. Com o Marcelo, me tornei um jogador estável, ele me forçou e ensinou a pensar em tudo que preciso fazer durante o jogo. Ele teve interferência total no jogador de alto nível que me tornei desde minha chegada a Belo Horizonte.
Como o Sada chegou para esta final? Psicologicamente muito forte também. Passamos por uma série disputada contra Taubaté, definida em cinco jogador. Tivemos que jogar no nosso máximo depois de perder os dois primeiros jogos. Na decisão, pegamos um time que passou com mais facilidade pelo adversário, em três jogos diretos. Eles tiveram um período maior de descanso, a gente teve a nosso favor o maior ritmo de jogo. Mas acho que isso não tem muito a ver para um momento de decisão. Final e final e temos que jogar com as condições que se apresentam. Nos esforçamos ao máximo para fazer dois jogos equilibrados, sabemos que quem errasse menos levaria a melhor, assim como o bom desempenho na parte tática.
Qual sua opinião sobre o golden set? É bom porque temos mais jogos para se fazer em uma final, não era legal decisão em jogo único. Time grande gosta de jogar com frequência, poderia ser que não estivéssemos em um bom dia e tudo se perderia em um único encontro. Existe tempo para se recuperar caso não se vá bem no primeiro jogo. Outra parte interessante é termos um jogo em casa, diante da nossa torcida. Foram duas partidas importantes no momento mais decisivo da competição.
O Sesi foi um adversário á altura para a decisão? Com certeza, eles começaram a temporada de forma irregular, montaram um novo time quase inteiro com várias contratações. Na reta final da Superliga melhoraram muito seu ritmo de jogo, tivemos o encontro entre grandes equipes que se prepararam bem e chegaram muito fortes nesta decisão. Sabíamos que seriam jogos estudados, entre jogadores que já se conhecem bem e sabem a filosofia dos dois lados. O William foi nosso capitão e agora tem esta função do outro lado, é um cara que sabe como a gente joga, mas na quadra é outra coisa. Quem esteve melhor, levou.
Alguma mensagem de despedida para a torcida? Reforço meu sentimento de tristeza, não queria sair do Sada Cruzeiro, aqui virou minha segunda casa. Tenho que seguir com meus objetivos profissionais, tenho que ter essa chance e agradecer a todos que me apoiaram e estiveram do meu lado neste tempo todo. Vou levar todas estas pessoas que me ajudaram a ser um grande jogador, um dos melhores do mundo na minha posição. Sou agradecido a quem contribuiu na minha evolução nestes seis anos.