Estádio do Nacional é o mais antigo da América e teve suicídio de ídolo local; atleticanos pagarão R$ 105 pelo ingresso
Por uma questão de minutos apenas, o Gran Parque Central não se tornou o primeiro estádio a receber um gol de Copa do Mundo. Mas o que não falta à casa do Nacional de Montevidéu é história, lendas e importância. Nesta terça-feira (12), o Atlético visita os donos da casa pela Libertadores em confronto do Grupo E (às 19h15) no palco mais antigo do futebol sul-americano. E será a primeira presença atleticana no lugar tão sagrado do futebol.
Inaugurado em maio de 1900, o Gran Parque Central será acessado pela torcida atleticana ao preço de R$ 105 - 900 pesos uruguaios. É a terceira visita seguida do Galo ao Uruguai nesta Libertadores, depois de empatar com Danubio e vencer o Defensor no Luis Franzini. Cada uma das partidas teve um custo de 300 pesos ao torcedor do Galo (R$ 35).
Perto das celebrações de 120 anos, o estádio do Nacional teve situações marcantes no ano passado. Em setembro, ao eliminar o San Lorenzo (algoz alvinegro) das oitavas da Sul-Americana, 'la hinchada de los albos' comemorou a ampliação do Gran Parque, com a construção de novo lance de arquibancadas em uma das tribunas.
Tempos depois, só que com eliminação diante do Fluminense, ocorreu o recorde de público do futebol uruguaio em jogos fora do Estádio Centenário. Foram 34 mil torcedores na eliminação. Número que deve se repetir nesta terça-feira num lugar sagrado do futebol, onde um dos ídolos do Bolso se suicidou, e também da nação uruguaia.
Em três confrontos contra o Nacional do Uruguai, o Atlético só atuou em Belo Horizonte. Foram três amistosos, sendo dois no Mineirão e um no Independência. O último embate ocorreu em 1977, com o time que seria vice invicto do Brasileirão, liderado por Reinaldo, empatando em 1 a 1.
COPA DO MUNDO
Em 1930, o Uruguai recebeu a primeira edição da Copa do Mundo de Seleções com apenas três sedes: Gran Parque, casa do Nacional; Pocitos, antigo estádio do Peñarol, e o recém-erguido Centenário. Os dois primeiros jogos ocorreram nos lugares mais acanhados, em 13 de julho. EUA x Bélgica no Gran Parque e França x México no Pocitos. Por quatro minutos, o gol de McGhee no Parque Central não foi o primeiro da história das Copas.
O francês Laurent já havia inaugurado o placar do Pocitos.
Entretanto, foi o Gran Parque que o Brasil fez o primeiro jogo de sua história nas Copas. Derrota de 2 a 1 para a Iugoslávia em 14 de julho.
REGIÃO LIBERTADORA
O Bolso - apelido do Nacional entre os torcedores, sem nenhuma razão concreta - surgiu em maio de 1899 com as cores azul, vermelha e branca. Escolha em homenagem à bandeira de José Artigas.
O herói nacional, um dos Libertadores da América Latina homenageado pela Copa da Conmebol, virou " Jefe de los Orientales", em 1811, no processo de independência uruguaia, na região onde surgiu o estádio do Nacional.
MÁRTIR
Abdón Porte é o nome da tribuna do outro lado onde ficará a torcida do Atlético no Estádio Gran Parque. O local leva o nome de lenda do Nacional. O ex-defensor defendeu o clube do coração no início do século XX.
Aos 25 anos, sem o mesmo prestígio no time titular decorrente de lesões, o jogador foi no centro do gramado do Parque Central de madrugada e, com um revólver, tirou a própria vida após se alvejar no peito.
Ele virou mártir no Nacional a partir de 1918. Um exemplo de amor incondicional pela camiseta dos Albos. "Por la sangre de Abdón", carrega uma das bandeiras erguidas pela torcida do Nacional.
POR UNA CABEZA
A rivalidade entre uruguaios e argentinos é separada apenas pelo Rio da Prata e, entre demais ingredientes futebolísticos, existe um que vai no campo da música. O ícone do tango Carlos Gardel tem uma estátua no Parque Central.
O mesmo equivale ao Cilindro, casa do Racing. A nacionalidade de Gardel é fruto de discussão entre os dois países e a França. Tão bem quanto a predileção do cantor de 'por una cabeza' em relação ao clube no futebol: Nacional ou Racing.