A organização do Grande Prêmio de São Paulo de Fórmula 1 estima que cerca de 230 mil pessoas vão comparecer ao Autódromo de Interlagos entre os dias 11 e 13 de novembro, quando se celebra a 50ª edição da prova no Brasil. O número de espectadores será recorde, ultrapassando as 181.711 pessoas que acompanharam de perto o evento no ano passado, quando foi estabelecida a marca máxima anterior. 

O prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB), participou da coletiva de apresentação do Grande Prêmio de São Paulo ao lado do CEO do evento, Alan Adler, nesta quarta-feira. O chefe do Executivo paulistano afirma que a expectativa para a corrida deste ano é de números expressivos e positivos referentes ao impacto econômico do desembarque da Fórmula 1 em São Paulo. Em 2022, serão movimentados aproximadamente R$ 1 bilhão nas datas da prova, R$ 40 milhões a mais que em 2021. Cada visitante deve gastar na cidade cerca de R$ 1,6 mil diariamente.

"Interlagos é um espaço muito importante da cidade. A cada dia nós vamos melhorá-lo para torná-lo um polo de grandes eventos. Certeza absoluta que teremos um evento de grande sucesso da cidade de São Paulo, com muita emoção", declarou o prefeito Ricardo Nunes.

Diferentemente de outros palcos, especialmente na Europa, o Brasil tem dificuldades em atrair público estrangeiro para a corrida em Interlagos. Um dos principais motivos se refere ao isolamento do País no calendário, dado que não existem outras provas na América do Sul. Mesmo assim, por causa do GP, a rede hoteleira da capital está reservada em 92% nos dias da prova.

O público presente no autódromo será formado majoritariamente por pessoas de fora da cidade de São Paulo, 75%. Este porcentual é composto em 25% por moradores do interior do Estado, 40% de fora do Estado, enquanto 10% do público será formado por visitantes estrangeiros.

Alan Adler, CEO do GP de São Paulo, reforçou que o evento deste ano será mais uma etapa de aprendizagem para o novo grupo que comanda a prova. O objetivo é melhorar a experiência do fã de F-1, ancorado no rejuvenescimento do público que acompanha a categoria. Em Interlagos, haverá mais shows, melhoria na qualidade do som, novas atividades no paddock, DJs espalhados pelo circuito em áreas VIP e a promessa de uma "estrela da música" cantando o hino nacional no domingo da corrida.

"Não é qualquer esporte que acontece por 50 anos no mesmo país. São 40 edições em São Paulo. Vamos fazer uma homenagem àqueles que ajudaram a chegar nesta marca. Nossa felicidade é muito grande de viver esta fase diferente sob a liderança da Liberty Media. Temos responsabilidades social e ambiental. A experiência tem de ser completa, desde que o fã chega no autódromo", afirmou Adler.

A organização prevê homenagens especiais ao bicampeão Emerson Fittipaldi, que completa 50 de ano de seu primeiro título mundial na Fórmula 1 (1972), e Sebastian Vettel. O alemão da Aston Martin é tetracampeão e se despede da categoria ao término da temporada.

NOVO ESPAÇO

O Autódromo de Interlagos terá um novo espaço para os fãs acompanharem a corrida. Patrocinado pela Heineken - patrocinadora e detentora dos naming rights da prova -, ele está sendo construído em formato de estrela na Curva do Café, na área interna do espaço composto pelo Mergulho e Junção. O local será acessado por uma passarela sobre a pista, ligado à Arquibancada A. O palco contará com DJ e tirolesa, e o torcedor poderá acompanhar a prova do gramado, a cerca de 30 metros da pista.

FALHA

Durante o tour pelo autódromo, Ricardo Nunes foi acompanhado de autoridades em um Cadillac preto. Após a pausa para observar as obras, o prefeito retornou ao veículo, que teve dificuldades para dar a partida, atrasando em alguns minutos seu deslocamento. Depois, Ricardo Nunes deu duas voltas rápidas como passageiro em um carro da Porsche Cup, pilotado por Norberto Gresse.

CONCESSÃO

Durante a coletiva de imprensa, Ricardo Nunes afirmou que durante sua gestão na prefeitura não colocará em prática o projeto de concessão do Autódromo de Interlagos. O prefeito ironizou a velocidade de análise do tema pelo Tribunal de Contas do Município, que autorizou a concessão há algumas semanas. Agora, porém, a prefeitura não tem mais interesse em fazê-la.

Originalmente, a ideia era privatizar o Autódromo de Interlagos. À época, o então prefeito João Doria tentou levar adiante o projeto. Mais tarde, o projeto sofreu alterações, passando a ter como objetivo a concessão sob a gestão de Bruno Covas, buscando arrecadar R$ 1 bilhão ao longo de 35 anos. Ricardo Nunes garante que a situação dos cofres de São Paulo permitem à cidade abandonar até 2024 a ideia de concessão do Autódromo à iniciativa privada.

"Na minha gestão, enquanto eu for prefeito, não será vendido nem será feita a concessão do Autódromo de Interlagos. Nós temos hoje uma situação financeira diferente do município. Assim, não se faz necessário qualquer tipo de concessão ou venda. O Autódromo fica público, e a gente vai melhorando a infraestrutura dele para atender melhor o público. Interlagos é um espaço que observamos como grande oportunidade para geração de emprego e renda", indicou Ricardo Nunes.

SUSTENTABILIDADE

A preocupação com a sustentabilidade também envolve a Fórmula 1. Ao longo dos três dias de corrida, a organização pretende compensar 100% das emissões de gás carbônico. Cerca de 18 toneladas de resíduos orgânicos gerarão duas toneladas de fertilizantes para hortas comunitárias da cidade. Há a promessa de zerar o uso de plástico no Grande Prêmio até 2025. Neste ano, 200 mil embalagens tetrapak serão transformadas em telhas, da mesma forma como a organização dará início a testes de uso de biodiesel para substituir o diesel nos geradores.