FINANÇAS PESSOAIS

O ex-jogador Dudu Cearense, que defendeu o Atlético entre 2011 e 2012, revelou o principal fator para a falência de jogadores de futebol. Aposentado dos gramados desde 2018, o meio-campista revelado no Vitória e com passagens por CSKA Moscou (Rússia), Olympiacos (Grécia) e Botafogo atua no mercado financeiro à frente da OKTO Investimentos, empresa fundada em novembro de 2023.

Segundo Dudu Cearense, a aquisição de carros de luxo sem planejamento faz com que os atletas entrem em dificuldades. O ideal é limitar esse tipo de gasto em no máximo 20% do patrimônio total. O ex-jogador e agora investidor faz outra ressalva: se um profissional com salário de R$ 50 mil optar por investir R$ 10 mil por mês, em vez de comprar um veículo importado, teria um retorno mensal de 0,5% acima da inflação, o que representaria quase R$ 3 milhões de capital em 15 anos.

“O maior erro do jogador é a ganância. Se o cara não se preparar o quanto antes ele vai sofrer. E ele não consegue enxergar isso pós carreira. Pois ele só está olhando para o campo. O meu papel para os atletas é criar uma proposta de vida para ajudar eles de verdade. Quem está comigo está protegido!”, declarou Dudu, destacando que mais de 90% dos jogadores decretam falência em até cinco anos após o término da carreira por não receberem orientação financeira.

“O atleta quer comprar um carro top. O cara ganha 200 mil por mês, se ele comprar um carro de 20 mil tá dentro. Agora se ele compra um carro com um valor mais alto, isso compromete o seu patrimônio líquido. Quando eu atendo um atleta, meu propósito é ajudá-lo. E meu desejo é que eles possam manter seu legado com toda uma estrutura financeira e patrimonial”.

 Dudu Cearense, ex-jogador do Atlético e CEO da OKTO

 

Investimentos errados

Ainda sobre carrões, Dudu explicou que quanto mais luxuoso, maior é a depreciação na hora da revenda. Dependendo do valor, os jogadores perdem de R$ 20 mil a R$ 30 mil na troca, não percebendo que em 15 anos poderiam ter quase R$ 900 mil. O investidor ainda citou as más sociedades e as propostas de dinheiro fácil como gatilho para que os atletas tenham seus patrimônios dilapidados.


“Não existe dinheiro fácil. Os caras vendem um sonho de entrega muito rápido, chegam para pessoa e oferecem um negócio top com 5% ao mês. Como eles não estudam e não estão preparados para essa parte, acabam caindo em pirâmides e muitas vezes perdem tudo que levaram 14 ou 15 anos para construir, pois têm dificuldades de tomar decisões certas. É preciso saber que o planejamento financeiro não se aplica apenas às grandes estrelas, o mercado é soberano e as taxas podem cair. Entregar seu patrimônio na mão de leigos é arriscado, por isso quem não se sente em condições ou não tem tempo de gerir seus investimentos deve procurar uma gestão profissional como a que fazemos”, finalizou Cearense.


Dudu Cearense no Atlético

O Atlético contratou Dudu Cearense em abril de 2011 pelo valor de 1,1 milhão de euros (R$ 2,5 milhões na cotação da época). O meio-campista vinha de longa trajetória na Europa, onde representou Rennes (França), CSKA (Rússia) e Olympiacos (Grécia). Ele ainda esteve a serviço da Seleção Brasileira na Copa das Confederações de 2003 e na Copa América de 2004.

 Dudu acabou jogando pouco pelo Galo, pois lidou com problemas de lesão. Ao todo, disputou 17 partidas e marcou três gols. Em 2012, foi liberado pelo clube para defender o Goiás. Posteriormente, vestiu as camisas de OFI (Grécia), Maccabi Netanya (Israel), Fortaleza e Botafogo. Por este último, encerrou a carreira aos 35 anos, em 2018.

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Dudu Cearense em treino na Cidade do Galo na temporada 2012

(Marcos Michelin/EM D.A Press)