O Mito está de volta. O reconhecimento completo para um jogador que nunca deixou de lutar. Foram três anos de inúmeras batalhas. Mas são momentos assim, Dedé, que fazem a vida valer a pena. Se existe justiça no futebol, ela pertence a Dedé. Convocado para defender a seleção brasileira nos amistosos com Estados Unidos e El Salvador, ambos em solo norte-americano, nos próximos dias 7 e 11 de setembro, o defensor do Cruzeiro não conseguia explicar o sentimento. A voz de Tite ainda ecoa em sua mente.
“Estava em casa, com meus empresários que vieram para ver o jogo (contra o Santos) e ficaram atéhoje. Foi um momento especial para mim, diferente de todas as convocações, é claro. Vi muitos pedindo meu nome na seleção. A gente sempre fica com aquele: será? Graças a Deus deu certo. Estou curtindo muito esse momento. O celular até travou de tanta mensagem", disse Dedé.
"A gente para e pensa em tudo que se passou. Já falei inúmeras vezes aqui de tudo que eu senti. Até na pré-lista para a Copa do Mundo foi muito emocionante para mim. Hoje vi meu empresário emocionado, uma das únicas vezes que o vi olhar para mim com os olhos cheios de lágrimas. É uma vitória que a gente buscou e batalhou. Não apenas por estar na seleção, mas por voltar em alto nível. Temos muitas coisas para lembrar, pelos momentos difíceis. Não consigo parar de pensar na voz do Tite falando o meu nome na televisão", complementou o defensor do Cruzeiro.
Só Dedé sabe o quão difícil foi. O menino de Volta Redonda, filho da dona Maria Helena e do seu Nivaldo, despontou com grande destaque no Vasco, chegou ao Cruzeiro como o mais caro reforço do clube, conquistou o bicampeonato brasileiro, mas quando tudo parecia sucessos, um vendaval no caminho. A última vez de Dedé com a Amarelinha foi contra a Zâmbia, em outubro de 2013, quando Dedé ainda marcou um gol na vitória por 2 a 0, seu primeiro pela seleção. Passaram-se cinco anos, um período cercado de muitas dúvidas, até mesmo de brincadeiras que o magoavam.
"Muitos torcedores debocharam, brincaram com meu momento, e eu sempre deixei levar. Mas, se um brincava, eu tinha dois que me defendiam. Isso me deixava confiante e motivado. Sempre falo da nação azul, quando eu posto em rede social. Tenho carinho enorme, eles estão dentro do meu coração. É uma forma que eu tenho de agradecimento a eles", relata o jogador, que não esperava que tantas provações se juntariam à sua história.
"A gente sempre sonha, né?! Em vestir a camisa da Seleção. Lá no Volta Redonda, falei para a minha mãe. Meu objetivo é te ajudar. Graças a Deus consegui ajudar e segui um sonho. É uma motivação para todas as crianças (...). A gente andando em passos curtos, chegamos bem longe. Falando de mim, foi assim. Em passos curtos, consegui chegar até a seleção brasileira", pontua o jogador.
E é assim, com o sentimento de um novato, aos 30 anos, que Dedé retorna ao radar do time canarinho. “Depois de cinco anos, depois de um bom tempo, voltei à seleção. Não só por isso, mas por tudo que passei nesse tempo. Eu vou como novato. Foi tudo renovado, novo treinador, vou chegar lá, com minha humildade, como se fosse a primeira vez. Está sendo diferente essa convocação”, destaca Dedé.
O que virá daqui para frente, Dedé prefere não planejar. É deixar que as coisas aconteçam para, quem sabe, em 2022, seu nome figurar, enfim, em uma Copa do Mundo. A consagração máxima.
"Gosto muito de andar em passos curtos. Não sou muito de ‘vou buscar um objetivo em 2022’. Prefiro buscar no agora, pois sempre foi assim. Desde as minhas contusões, sempre foquei no que estava precisando, querendo aquele momento. Vou tentar fazer meu melhor agora. O espaço que buscarei na Seleção será nessa convocação. Assim eu vou, seguindo o meu caminho", encerrou o cruzeirense.