Time alvinegro supera arquirrival por 2 a 0 em dérbi tenso pelo Paulistão

Assim como ocorreu em 2017, ano em que era apontado como a quarta força do futebol local e conquistou o Campeonato Paulista e o Campeonato Brasileiro, o Corinthians poderá mudar os rumos da sua temporada a partir de um clássico contra o Palmeiras. Na tarde deste sábado, o time que vinha de três jogos sem vitória derrotou o seu grande rival em Itaquera por 2 a 0, com um belo gol de Rodriguinho e outro de Clayson, de pênalti.

Poderia ter sido mais. No princípio do segundo tempo, o árbitro Raphael Claus assinalou pênalti de Jailson sobre Renê Júnior e ainda expulsou o goleiro palmeirense. Jadson desperdiçou a cobrança. Clayson, ao contrário, não falhou quando teve a mesma oportunidade.

A vitória serviu para o Corinthians reagir no Estadual, acumulando quatro triunfos consecutivos diante do Palmeiras. Derrotado por Santo André (2 a 1) e São Bento (1 a 0) e com um empate com o Red Bull Brasil (1 a 1) na rodada anterior, o líder do grupo A passa a contabilizar 17 pontos ganhos.

Já o Palmeiras, primeiro colocado da chave C com 21 pontos, amargou a sua primeira derrota em 2018 e, para piorar, terá que começar a lidar com cobranças. Afinal, só havia empatado com Linense (2 a 2) e Ponte Preta (0 a 0) anteriormente.

Agora, entretanto, Corinthians e Palmeiras deixarão o Paulista momentaneamente de lado. Ambos têm compromissos pela Copa Libertadores da América no meio de semana, na Colômbia. A equipe de Carille enfrentará o Millonarios na quarta-feira. A de Roger, o Junior Barranquilla, no dia seguinte.

Pelo Estadual, o Corinthians disputará outro clássico, contra o Santos, no Pacaembu, no domingo de 4 de março. No dia 5, o Palmeiras receberá o São Caetano no Palestra Itália.

O jogo - O Corinthians não é brincadeira. Com esse pensamento, apregoado pelos torcedores nos gritos que ecoaram nos mais recentes clássicos contra o Palmeiras, o atual campeão paulista subiu no gramado de Itaquera com o sangue no olho não notado nos últimos jogos do Campeonato Paulista.

Mesmo sem dar tapa na orelha de qualquer palmeirense, o Corinthians tinha uma postura tática que colaborava com a sua motivação. O sempre aguerrido Romero atuava como um falso centroavante, com a mesma disposição para ajudar a marcação dos tempos em que era quase um falso ponta. Ou seja, atrapalhava bastante a saída de jogo do Palmeiras.

O sistema de jogo corintiano, também protegido pela presença de Renê Júnior ao lado de Gabriel na contenção do meio-campo, também tinha os seus malefícios. O time de Fábio Carille, quando não conseguia triangular, insistia em levantamentos infrutíferos ao alcançar os fundos do campo. Não havia um atacante de referência dentro da área para aproveitar esse tipo de jogada.

Seja como for, a estratégia do Corinthians incomodou o Palmeiras. Lucas Lima foi um dos que mais sentiram, distribuindo broncas nos seus companheiros. Mais calmo, o técnico Roger tentou dar novo escape à sua equipe com a inversão de lado entre Dudu e Willian.

Aos 18 minutos, o Palmeiras fez o que o Corinthians ainda não havia conseguido - assustou, de fato, o adversário. Borja recebeu a bola após um vacilo de Renê Júnior e ficou diante de Cássio para abrir o placar. O goleiro saiu bem e abafou a conclusão do centroavante colombiano.

No Corinthians, a resposta ainda era à base da disposição. Romero, por exemplo, fez uma jogada estranha ao dar um pontapé na bola e carimbar Dudu. O chute cheio de estilo rebateu no paraguaio e saiu pela lateral, mas foi suficiente para fazer a torcida única de Itaquera se agitar.

Aos 33 minutos, o público gritou "gol". O placar, contudo, não mudou. Clayson colocou a bola na meta depois de receber de Jadson na ponta esquerda, e a arbitragem assinalou impedimento na jogada.

Aos 39, não houve jeito. O Corinthians trocou passes durante mais de um minuto até fazer a bola chegar a Rodriguinho. O meia deixou Borja e o ex-corintiano Antônio Carlos no chão com um drible seco e completou no contrapé de Jailson para - agora, sim - inaugurar a contagem no Derby.

A animação do Corinthians foi tamanha com a vantagem parcial que, em um erro do rival, o Palmeiras ficou perto de empatar ainda antes do intervalo. Balbuena e Cássio se atrapalharam em um cruzamento vindo da esquerda, fazendo lembrar a época em que Juninho Capixaba era titular, e viram a bola fugir pela linha de fundo.

Ainda assim, os jogadores do Palmeiras caminharam para o vestiário abatidos. "Vamos ver se voltamos melhores um pouco, para tentar empatar", limitou-se a dizer Dudu. Do outro lado, Rodriguinho festejava o seu gol: "Isso é mérito de quem trabalha bastante".

Roger trabalhou para tentar reverter o panorama do clássico. O Palmeiras retornou para o segundo tempo com Gustavo Scarpa, desejado pelo Corinthians no início do ano, no posto de William. A intenção era espelhar o esquema tático corintiano.

Com um a menos, porém, não haveria reflexo. Sofrendo com os avanços de Clayson na ponta esquerda - e com direito a uma caneta de letra de Rodriguinho sobre Felipe Melo -, o Palmeiras permitiu que o Corinthians rondasse a sua área até Henrique finalizar para fora, aos 15 minutos. Antes, Jailson saiu com os pés em cima de Renê Júnior. Pênalti assinalado, apesar do atraso do árbitro Raphael Claus.
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Punido com o cartão vermelho, Jailson viu o experiente Fernando Prass, substituto de Lucas Lima, herdar a sua vaga no Palmeiras. Enquanto alguns torcedores do Corinthians brigavam com a Polícia Militar e outros se mostravam apreensivos, Jadson se apresentou para a cobrança. Bateu no canto. Para fora.

Abatido depois da falha, Jadson foi trocado por Mateus Vital pouco depois. O ritmo do jogo não mudou tanto com a alteração. O Corinthians não era mais ameaçado pelo Palmeiras, que perdeu criatividade sem Lucas Lima.

Aos 36 minutos, o Palmeiras se complicou de vez. Rodriguinho driblou Thiago Martins e foi derrubado por Dudu dentro da área. Pênalti, de novo. Agora, quem colocou a bola na marca da cal foi Clayson. O atacante bateu no meio do gol e conferiu para o reabilitado Corinthians, que fez a sua torcida gritar "olé" nos minutos derradeiros.

CORINTHIANS 2 X 0 PALMEIRAS

CORINTHIANS:
Cássio; Fagner, Balbuena, Henrique e Maycon; Gabriel, Renê Júnior, Jadson (Mateus Vital), Rodriguinho e Clayson (Júnior Dutra); Romero (Lucca). Técnico: Fábio Carille

PALMEIRAS: Jailson; Marcos Rocha, Antônio Carlos, Thiago Martins e Michel Bastos; Felipe Melo; Willian (Gustavo Scarpa), Tchê Tchê (Keno), Lucas Lima (Fernando Prass) e Dudu; Borja. Técnico: Roger Machado

Gols: CORINTHIANS: Rodriguinho, aos 39 minutos do primeiro tempo; Clayson, aos 38 minutos do segundo tempo


Local: Estádio de Itaquera, São Paulo (SP)


Data: 24 de fevereiro de 2018, sábado
Horário: 17 horas (de Brasília)

Árbitro: Raphael Claus
Assistentes: Danilo Simon e Anderson de Morais
Público: 42.178 pagantes


Renda: R$ 2.476.111,10
Cartões amarelos: Fagner e Clayson (Corinthians); Lucas Lima, Dudu e Borja (Palmeiras)


Cartão vermelho: Jailson (Palmeiras)