O Campeonato Mineiro começa nesta terça-feira com dois jogos: Coimbra x URT e Uberlândia x Atlético. Será o início de uma competição que terá nuances que prometem dar muita emoção ao torcedor. Atual bicampeão, o Cruzeiro inicia uma temporada que promete ser das mais duras depois do inédito rebaixamento à Série B do Brasileiro e uma crise administrativa e financeira que parece não ter fim. Essa situação acaba transferindo o favoritismo a Atlético e América, mas algumas equipes do interior chegam fortes – a maioria vai brigar pra não cair para o Módulo II – e devem dar trabalho aos grandes da capital . No primeiro dos três dias da série que apresenta o Campeonato Mineiro’2020, confira o que Coimbra, que estreia na Primeira Divisão do Estadual,  e Tombense trazem de novidade para tentar complicar a vida dos adversários.

Quem pode surpreender?

 
No extenso território mineiro, as cidades de Contagem e Tombos são separadas por 388 quilômetros e abrigam duas das equipes candidatas a surpresas no Campeonato Mineiro de 2020. Denominados como clubes-empresas, os jovens Coimbra (estreante na elite) e Tombense despontam como favoritos ao título do interior e contam com características semelhantes, como salários em dia, o investimento em estrutura, aposta nas categorias de base e forte amparo de grandes empresários dentro dos projetos. Por mais que a disputa seja decidida dentro de campo, as equipes saem mais à frente do que as concorrentes devido à melhor organização fora das quatro linhas.
 
Com o auxílio do Banco BMG, que também investe em Atlético, Vasco e Corinthians, o Coimbra chega ao Módulo I do Mineiro embalado por dois acessos consecutivos em anos anteriores, conquistados com a mesma base e treinador. Na terceira temporada à frente do jovem time de Contagem, Diogo Giacomini, de 40 anos, atuou na busca por reforços pontuais para qualificar o grupo. Além do lateral-direito Alex Silva, do volante Ralph e do armador Daniel Penha, emprestados pelo Galo, o clube contratou o goleiro Uilson (que rescindiu com o próprio Atlético), o lateral-direito Igor Formiga (ex-Corinthians), e o armador Allan Dias (ex-Santa Cruz). Eles se juntam às demais peças que estão há mais tempo, como o goleiro Glaycon (ex-América), o zagueiro Carciano (ex-Villa Nova), de 38, e o atacante Bruno Mineiro (ex-América e Portuguesa), de 36.


Giacomini exalta o equilíbrio da competição, mas diz que a meta do Coimbra em seu primeiro Estadual é ambiciosa: “O desafio é muito grande, pois aumenta o nível de exigência, começando pela presença dos grandes da capital. Equipes como Boa, Tombense e Caldense já estão bem estabelecidas no cenário estadual. A expectativa do Coimbra é permanecer na elite. Precisamos nos sustentar na Primeira Divisão para que o projeto não dê passos para trás. A partir disso, vamos buscar a classificação na Série D do Brasileiro”.
 
O treinador avalia que o trabalho duradouro à frente da equipe possibilita a evolução na característica de jogo e na busca pelos objetivos: “A grande vantagem do clube-empresa é o tempo de trabalho. Há um planejamento de resultados esportivos e financeiros e, cumprindo essas metas, conseguimos ter tempo para implementar as ideias de jogo. A cada ano, o Coimbra consegue melhorar sua forma de jogar, justamente porque estou em minha terceira temporada e os atletas também foram mantidos. Conseguimos desenvolver um modelo de jogo interessante e diferente, mais arrojado, pela confiança que existe na sustentabilidade do trabalho”.
 
Além dos reforços, outra novidade é o volante Kauê, de 24, que retorna ao clube depois de breve empréstimo ao Atlético-GO, quarto colocado na última Série B e de volta à elite nacional. “Estamos num clube estruturado, que paga em dia, mas favoritismo não existe. Temos de trabalhar em silêncio, como sempre fizemos. Temos muito os pés no chão. Mas temos certeza de que vamos fazer nosso melhor papel e dar trabalho às outras equipes.” O Coimbra abre o Estadual contra a URT, terça-feira, às 20h, no Independência.
 

Em Tombos, um craque nos bastidores 

O Tombense é outro clube com forte poderio financeiro nos bastidores e chega também como candidato à vaga nas semifinais. Fundada em 1999, a agremiação tem como sócios os empresários Eduardo Uram – que agencia a carreira do técnico Cuca e do armador Lucas Paquetá, entre outros – e Lane Gaviole e disputa a elite estadual desde 2015. Na atual temporada, a principal novidade está fora dos gramados: a presença do ex-zagueiro e ex-comentarista Edinho, que esteve presente nas Copas do Mundo de 1978, 1982 e 1986, no cargo de coordenador técnico do Gavião. Quem vai dirigir a equipe é outro ex-zagueiro, Eugênio Souza, de 56, campeão da Série D do Brasileiro com o time da Zona da Mata em 2014.
 
Edinho diz ter aceitado o convite da diretoria para ficar mais perto da bola. Nos anos 1990 e 2000, ele dirigiu equipes como Fluminense, Botafogo, Flamengo, Atlhetico e Grêmio e agora vem participando da montagem do grupo do Tombense. “Pela minha aproximação com o Eduardo Uram e com o Lane Gaviolle, optei por ajudá-los. O próprio clube, que está crescendo muito, viu a necessidade de ter essa pessoa no cargo, que já foi ocupado até pelo próprio Túlio Maraviha, há dois anos. É uma atividade que motiva muito, pois é uma sequência. Comecei como jogador, depois passei a ser treinador e agora coordenador. O mais importante é estar no meio do futebol. Por ter experiência como treinador, vejo como é importante que um profissional o auxilie em todos os mecanismos”, diz Edinho.
 
O ex-zagueiro ficou os últimos dias avaliando a qualidade do grupo, que teve como principais reforços o goleiro Felipe (ex-Sport), o lateral-esquerdo Manoel (ex-Almirante Barroso-SC) e o volante Rodrigo (ex-Paraná). Um dos líderes da jovem equipe é o armador Ibson, de 36, campeão brasileiro em 2009 com o Flamengo, que disputou a última Série C pelo próprio Tombense.
 
Edinho entende que o clube poderá fazer grande papel no Mineiro e atingir as semifinais: “A tendência é que mudemos de patamar com o passar dos anos. O clube tem investido muito. É natural que fiquemos atrás de Cruzeiro, Atlético e América e briguemos pela quarta posição. Mas é claro que, com o trabalho, as coisas vão acontecendo. Esperamos que possamos ficar entre os quatro”.
 
Para Eugênio Souza, a manutenção da base de 2019 é um dos trunfos do Tombense na disputa: “Estou muito confiante, feliz e motivado. A continuidade é importante em qualquer segmento de vida profissional, porque você vai estar sempre aprimorando, buscando melhorar, conhecendo defeitos e virtudes, e buscando evoluir”. A estreia do Tombense será diante do Tupynambás, quarta-feira, às 20h, em Juiz de Fora.