Em quadra, a vida contra a China nunca é fácil. O sorriso da gigante Ting Zhu traz de volta as lembranças amargas da derrota nos Jogos do Rio. Por isso, talvez, a inconstância. Na manhã desta terça-feira (horário de Brasília), na abertura da quarta semana da Liga das Nações, o Brasil experimentou momentos opostos. Muito mal no início, reagiu e se agigantou para virar o placar. Voltou a cair, mas se recuperou de imediato. No tie-break, a seleção de José Roberto Guimarães se mostrou forte e bateu as campeãs olímpicas por 3 sets a 2, parciais 19/25, 25/23, 27/25, 10/25 e 16/14, em Jiangmen. O ponto decisivo vai para a conta do técnico, que viu desvio no bloqueio em ataque de Drussyla e garantiu a vitória no desafio.
O Brasil deu passo importante rumo à fase final da Liga das Nações. Com a vitória contra as chinesas, a seleção chegou aos 26 pontos, na segunda colocação. As cinco melhores seleções se juntam à China, já garantida por sediar a disputa decisiva. As asiáticas têm 17 pontos, na sétima posição.
Ting Zhu, sempre gigante, marcou incríveis 34 pontos. O Brasil, porém, contou com a força de seu grupo. Amanda foi o grande destaque, com 13 pontos, defesas importantes e passes precisos. Tandara e Adenízia foram as maiores ponturadoras, com 14 pontos cada.
A seleção volta à quadra na madrugada desta quarta-feira. Às 5h, o Brasil encara os Estados Unidos, líderes da competição, em Jiangmen. O SporTV 2 transmite a partida ao vivo.
Dia de altos e baixos, mas com vitória
Logo de cara, Ting Zhu mostrou suas armas. Ela, porém, não estava sozinha. As chinesas eram fortes também no conjunto e abriram na frente (4/2). O Brasil conseguiu chegar ao empate, mas tinha problemas na recepção e no passe. As donas da casa, então, chegaram à primeira parada técnica em vantagem: 8/6. As visitantes até foram buscar, mas logo a China voltou a abrir (13/10). Zé Roberto tentou acertar seu time ao pedir tempo. Orientou, pediu uma recepção diferente, apontou a marcação junto à rede. Tentou, também, a inversão 5 por 1, ao mandar Monique e Macris para a quadra. Nada, porém, parecia arrumar o passe brasileiro. A seleção até ensaiou uma reação, mas acabou engolida pelas rivais chinesas: 25/18, em ataque de Ni Yan.
Gabi, ainda em processo de recuperação, deu lugar a Drussyla. Tandara, com uma pancada, abriu a contagem, e o Brasil até pareceu acordar. Foi por pouco tempo. Apática, a seleção ainda sofria no passe. Bolas que pareciam tranquilas paravam longe das mãos de Roberta. A China, então, foi para a primeira parada técnica em 8/4 no placar.
Mas as broncas de Zé Roberto, enfim, funcionaram. A equipe brasileira foi buscar e passou à frente pela primeira vez no placar no erro de Ting Zhu no saque (10/9). O Brasil cresceu. O bloqueio entrou, o ataque encaixou, e a vantagem chegou a 21/16 com Tandara. A China buscou e chegou a ficar a um ponto do empate. Amanda, no entanto, resolveu e fechou a conta: 25/23 no segundo set.
Foi a própria Amanda quem abriu a contagem no terceiro set. A ponteira, aliás, era quem fazia a diferença naquele momento. O Brasil manteve o bom momento e abriu 4/1. Lang Ping, então, parou o jogo. A China melhorou à medida que as rivais tiveram uma queda de rendimento. Ainda assim, a equipe de Zé Roberto foi à primeira parada em vantagem (8/6). Ting Zhu levou seu time ao empate com ace, sem defesa para Drussyla. Li, garota-prodígio do vôlei mundial, foi à quadra e recolocou a China na dianteira (14/13).
As chinesas conseguiram abrir 20/18, mas o Brasil empatou com um bloqueio de Amanda e um ace de Adenízia. Era um jogo equilibrado. As donas da casa voltaram a abrir dois pontos; as brasileiras buscaram mais uma vez. Suelen, pefeita, salvou duas bolas em sequência. Foi quando a arbitragem tornou tudo confusa. Em ataque de Drussyla para fora, o Brasil pediu desafio em toque no bloqueio, que não houve. Houve, porém, toque na rede, e as visitantes seguiram vivas. As donas da casa se perderam, e Tandara fechou a contagem: 27/25.
Só que tudo mudou no quarto set. A China voltou ao jogo, e o Brasil se perdeu. Em meio aos erros brasileiros, as donas da casa dispararam no placar e abriram 10/3. Quando o placar marcou 12/4 para as asiáticas, Zé Roberto parou o jogo. Foi o último pedido de tempo do treinador, que também já havia esgotado seus desafios. Nada, porém, surtiu efeito: 25/10 para as chinesas. Um set a ser esquecido.
O jogo zerou no tie-break. Zé Roberto conseguiu trazer seu time de volta à partida. Principalmente Amanda, sumida no set anterior e essencial no jogo até então. O placar seguiu à risca o equilíbrio. Os dois times se alternaram na dianteira, sem desgrudar no placar. Tandara, Adenízia e Drussyla cresceram, enquanto Ting Zhu desapareceu. No bloqueio de Adê, a vitória se apresentou muito próxima (13/11). A seleção permitiu o empate, mas manteve a calma para fechar o jogo. E foram os olhos de Zé Roberto que garantiram a vitória. Depois de ataque de Drussyla, o técnico viu desvio no bloqueio, com razão: 16/14 e triunfo para dar gás à seleção.