MOSCOU - Da Catedral do Cristo Salvador, um dos principais pontos turísticos de Moscou e que tinha em frente a Casa da Conmebol na Rússia, para o Mineirão. Este pode ser o caminho seguido pela decisão da Copa América de 2019 que terá o Brasil como anfitrião e Belo Horizonte como uma das cidades-sede, escolha que aconteceu já com a bola rolando no Mundial de 2018 e dentro do QG do futebol sul-americano em terras moscovitas.
A Casa da Conmebol teve dias agitados na Rússia. Além da definição da escolha das cinco cidades que receberão os jogos da Copa América 2019 e programação com ex-jogadores, o local servia como comitê eleitoral para a candidatura de Argentina, Uruguai e Paraguai como sedes do Mundial de 2030, quando o torneio completa cem anos, sendo que a primeira edição foi toda jogada em Montevidéu.
Mas essa disputa pouco importa para o futebol mineiro. Nos bastidores da Casa da Conmebol o que interessava para o estado era o início da batalha para que o Mineirão possa receber a decisão da Copa América do ano que vem.
Nas duas Copas disputadas recentemente no Brasil, a das Confederações, em 2013, e do Mundo, em 2014, a condição de estádio da final do Maracanã era inquestionável, não só por sua capacidade, mas pelo que representa no universo do futebol e pela rede hoteleira do Rio de Janeiro.
Quando se trata da Copa América 2019, a história é diferente. A questão hoteleira não é tão relevante, como num Mundial, pois o apelo turístico é bem menor. A partir disso, Belo Horizonte e Mineirão entram em campo pela final.
BASTIDORES
O trabalho de bastidores para que o Mineirão brigue pela final da Copa América de 2019 é feito pelos dirigentes junto à Conmebol desde a Rússia. E um ponto é muito explorado nessas conversas, a capacidade do Gigante da Pampulha em oferecer estrutura para que a decisão seja uma grande festa. E isso está ligado diretamente à esplanada que contorna todo o estádio e que permite uma enorme área de convivência.
Ex-presidente da FMF e eleito vice-presidente da CBF para o mandato de Rogério Cabloco, que se inicia no ano que vem, Castellar Guimarães Neto tem muita força na Conmebol e com seu reeleito presidente, o paraguaio Alejandro Domínguez.
Ele ajuda no processo de reestruturação da entidade sul-americana, arrasada pelo escândalo de corrupção que explodiu no futebol logo depois da Copa do Mundo de 2014, e além disso integra um comitê da Fifa, criado também após o vendaval de 2015, responsável por resolver litígios entre clubes, agentes de jogadores e atletas.
Este processo conta ainda com o novo presidente da FMF, Adriano Aro, e seu irmão, Marcelo Aro, deputado federal pelo PHS e que ocupa atualmente a vice-presidência de ética e transparência da CBF.
Na presidência da Conmebol desde 26 de janeiro de 2016, Alejandro Domínguez terá a sua primeira Copa América realmente apenas no ano que vem, no Brasil, pois a edição do centenário, nos Estados Unidos, entre 3 e 26 de junho de 2016, já estava encaminhada quando ele deixou a presidência da Federação Paraguaia para assumir a entidade “continental”.
E a intenção é fazer da final um grande evento. E o Maracanã não oferece estrutura para isso, pois não tem uma área externa com um espaço como a esplanada do Mineirão.
Além disso, a onda de violência no Rio de Janeiro assusta e as imagens da confusão que foi a final da Copa Sul-Americana do ano passado, entre Flamengo e Independiente, da Argentina, ainda estão bem vivas na memória.
Apesar de São Paulo ser uma das cinco sedes da Copa América, a cidade, que ainda não decidiu qual estádio indicará para receber os jogos do torneio, tem remotas chances de brigar pela decisão porque suas duas arenas modernas, pertencentes a Corinthians e Palmeiras, têm capacidade de público bem inferior ao Mineirão.
Porto Alegre vive a mesma situação de São Paulo, pois ainda não definiu se Beira-Rio ou Arena do Grêmio receberá as partidas da Copa América. Por mais que sejam estádios com maior capacidade de público, a questão geográfica praticamente tira a capital gaúcha da briga pela final, pois está distante do eixo Rio-São Paulo.
A batalha não é fácil, por tudo o que representam o Maracanã e o próprio Rio de Janeiro. Mas nos próximos meses, Minas estará em campo batalhando para receber a decisão da Copa América de 2019, num processo em que FMF e Mineirão trabalham juntos, na tentativa de dar ao Gigante da Pampulha mais um grande momento da sua história.
EUROCOPA
A definição do estádio que receberá a final da Copa América de 2019 deve acontecer ainda este ano, mas a composição dos grupos e tabela só devem sair no início do ano que vem. Uma certeza é que será a última edição em ano ímpar.
Em 2020 a Copa América será disputada novamente, nos Estados Unidos, paralelamente à Eurocopa, que estará sendo jogada em 12 países com a decisão já definida para acontecer no Estádio de Wembley, em Londres.
O torneio de 2020 será nos moldes da Copa América do Centenário, em 2016, e muito provavelmente com 16 participantes, quatro a mais que a edição do ano que vem no Brasil.
A partir de então, a Conmebol passará a organizar a Copa América em anos pares, no mesmo período de disputa da Eurocopa. A edição de 2023, prevista para o Equador, seguirá no país, mas sendo jogada em 2024.
Esta decisão aparece como uma sinalização de que a Conmebol pode passar a adotar, no futuro, o calendário europeu, que começa em agosto e termina em maio.
Atualmente, as competições sul-americanas de clubes são jogadas durante todo o ano, com início em fevereiro e as decisões disputadas em novembro ou dezembro.
Isso provoca longas interrupções nesses torneios nos anos em que são disputadas as Copas do Mundo ou América, como acontecerá, por exemplo, nesta temporada, pois a fase de grupos da Libertadores foi encerrada em maio e as oitavas de final da competição começam a ser jogadas apenas na segunda semana de agosto.