O empresário Márcio Cadar afirmou no X (antigo Twitter) que tentou fazer um aporte para comprar parte da Sociedade Anônima de Futebol (SAF) do Atlético, algo que teria sido recusado pelo clube.

“Faz o aporte para a SAF do Galo”, comentou um torcedor. “Já tentei. Não me quiseram”, respondeu, nessa segunda-feira (30/6).

Diante disso, o No Ataque entrou em contato com Márcio Cadar, que deu mais detalhes da tentativa. Segundo ele, a conversa ocorreu com Bruno Muzzi, CEO do Galo, em abril de 2023.

“Isso aconteceu quando a Arena MRV estava acabando (de ser construída). Nem tinha sido aberta. Eu estive lá com o Bruno Muzzi e ofereci que o nosso fundo entrasse em troca de tentarmos uma composição para administrar o estádio, porque uma das nossas empresas estava envolvida no mercado”, explicou.

Ainda de acordo com Cadar, ele teria sinalizado o interesse em realizar um aporte de R$ 250 milhões. Com isso, Muzzi disse que iria estudar a possibilidade, mas não retornou. Desta forma, a SAF do Atlético ficou com total controle da operação da Arena MRV.

O No Ataque procurou o Atlético a respeito do assunto, mas o clube não se posicionou até o momento da publicação desta matéria. 

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Márcio Cadar, ex-conselheiro do Atlético(foto: Reprodução)

Nova tentativa?

A reportagem também questionou Márcio Cadar se ele ainda considera realizar uma nova proposta para comprar parte da SAF, mas o empresário descartou a possibilidade.

 “O Atlético é matemático, não tem jeito. Se ninguém aportar R$ 1 bilhão ou entrar em RJ (Recuperação Judicial), o Atlético vai falir. Entraram em um limbo”, afirmou, se referindo à dívida de R$ 1,4 bilhão do alvinegro.

 Em janeiro deste ano, o empresário disse que tinha boa relação com os gestores da SAF do Atlético, mas fez críticas pontuais. 

 “Tenho uma relação cordial com todos. Não somos próximos, mas gosto deles, acho que são empresários muito bons. Acho que eles estão falhando, pecando na comunicação com a torcida. Você tem que ter uma proximidade com a torcida, e eles estão falhando nessa parte. Mas, fora isso, entendo perfeitamente o que eles querem fazer. Acho que são pessoas do bem e querem o bem do Atlético. Agora com a volta do Domênico Bhering acho que isso vai melhorar muito. Ele tem muita experiência e conhece a torcida, trabalhou mais de 20 anos no Atlético. Isso aí foi um ‘tiro na mosca’ que eles deram”, disse, em entrevista ao No Ataque.

Quem é Márcio Cadar?

Márcio Cadar esteve no Conselho do Galo até 2019. Segundo ele, a saída se deu após um posicionamento contra o orçamento daquele ano. 

 “Eles me tiraram do Conselho porque já era meu último ano. Na votação seguinte eu já não estava mais na lista de conselheiros. Confesso que não fez muita diferença para mim, porque senti que o trabalho já tinha sido cumprido. Mas continuo tendo uma relação ótima com a torcida, né? A torcida sempre me escuta, sempre que twittava alguma coisa me escutavam”, afirmou.

 Cadar foi um dos gestores da SAF do Santa Cruz por quatro meses até maio deste ano, mas deixou o projeto após desentendimento com outros gestores. O mineiro construiu a carreira no mercado de capitais, sendo ex-sócio da REAG Investimentos, que se coloca como a ‘maior gestora independente do Brasil’. Especialista no assunto, Cadar seria o responsável da SAF do Santa Cruz por dialogar com o mercado, trazendo parceiros.

A SAF do Atlético

A venda da SAF do Atlético foi aprovada pelo Conselho Administrativo do clube em julho de 2023, pouco tempo após a tentativa de Cadar em entrar no projeto. 

 Com isso, 75% das ações foram vendidas por R$ 913 milhões à Galo Holding, controlada majoritariamente pelos 4 Rs: Rafael Menin, Rubens Menin, Ricardo Guimarães e Renato Salvador. Além deles, Daniel Vorcaro fez um aporte de R$ 200 milhões no ano passado, diluindo o percentual dos outros gestores.

Nova composição acionária da Galo Holding

Rubens e Rafael Menin: 41,8%
Associação: 25%
Galo Forte FIP (Daniel Vorcaro): 20,2%
Ricardo Guimarães: 6,3%
FIGA (ainda a pagar): 6,7%
SAF do Atlético

O clube mineiro concluiu, em novembro de 2023, o processo de transformação em Sociedade Anônima de Futebol (SAF) e recebeu investimento multimilionário da Galo Holding, na ordem dos R$ 500 milhões. Os recursos foram utilizados majoritariamente para a quitação de dívidas. 

A Galo Holding adquiriu 75% das ações da SAF do Atlético por um aporte de R$ 913 milhões. Do montante total, R$ 313 milhões representam a quitação da dívida do clube com os empresários Rubens Menin, Rafael Menin e Ricardo Guimarães.

O aporte direto de cerca de R$ 500 milhões foi dividido da seguinte maneira: R$ 400 milhões por meio da 2R Holding (Rubens e Rafael Menin) e R$ 100 milhões por meio do Galo Forte FIP. 

 O Galo esperava receber R$ 600 milhões para iniciar as operações da SAF, mas isso não foi possível porque o FIGA (Fundo de Investimentos do Galo, composto por torcedores) ainda está em processo de captação de recursos. 

Agora, o Atlético está novamente no mercado em busca de novos investidores para tentar atacar a dívida onerosa de forma mais rápida.