Atlético e WRV buscam acordo para pagamento de dívida; empresários pedem, na Justiça, o bloqueio do dinheiro da venda de Pratto e da multa de Fred

A iniciativa do Atlético em buscar um acordo com a empresa WRV Empreendimentos e Participações para a quitação da dívida referente à contratação do atacante Guilherme, em 1999, e para a renovação do zagueiro Cláudio Caçapa e do próprio atacante, em 2000, pode deixar o clube livre da maior ameaça ao projeto de construção do estádio atleticano.

A diretoria do Galo estava receosa que os credores pedissem, na Justiça, o bloqueio de parte dos valores pagos pela Multiplan, que adquiriu do Atlético a fatia de 50,1% dos shopping DiamondMall por R$ 250 milhões. Essa quantia é parte dos R$ 420 milhões que o alvinegro precisa para transformar o sonho da casa própria em realidade.

A WRV acionou, em 2015, a 24ª Vara Cível de Belo Horizonte para receber a quantia devida pelo Atlético e pediu o bloqueio dos valores da venda de Lucas Pratto ao São Paulo e, nesta semana, ingressou com novo pedido, exigindo os R$ 10 milhões da multa que o Galo tem a receber de Fred por sua negociação com o Cruzeiro. A Justiça, aliás, determinou, no último dia 29, que o clube celeste depositasse o valor em juízo no prazo de 72 horas.

A WRV entende que o Atlético o deve R$ 64,3 milhões. Mas, como a dívida foi feita por causa de um empréstimo de cerca de R$ 7 milhões, que não foi pago, o clube entende que somando-se juros e os reajustes, o valor a ser pago giraria em torno de R$ 37 milhões, ou seja, R$ 27 milhões a menos que é o cobrado pela WRV.

O Atlético não confirma os valores da negociação, mas diz que eles são menores do que os divulgados. "O presidente Sérgio Sette Câmara, desde o início do seu mandato, tem feito contato com os credores do clube com o objetivo ser justo, buscar soluções e honrar os compromissos já existentes. Esteve ontem, de fato, reunido com a WRV iniciando tratativas referente a questão, há anos contestada pelo clube na justiça. No entanto, valores revelados até então estão absolutamente fora de propósito", disse o Atlético, em nota da assessoria de imprensa.

De toda forma, segundo apurou o Super FC, a dívida com a WRV é o maior passivo que o Atlético tem atualmente, vultuoso valor que poderia bloqueado do fundo para a construção da Arena MRV. O Atlético não confirma que essa seria a maior dívida do clube hoje, nem que haveria o receio dos credores pedirem parte do dinheiro do estádio.

Trâmites

O negócio com a Multiplan foi fechado em setembro do ano passado, após aprovação de parte da venda do shopping pelo conselho deliberativo. O valor a ser destinado ao Galo será parcelado em três anos e condicionado à aprovação da construção pelo poder público.

O Projeto de Lei (PL) do executivo deveria ter sido encaminhado à Câmara Municipal no ano passado, o que não ocorreu. O recesso parlamentar terminou na quarta-feira (30) e os vereadores voltaram ao trabalho nesta quinta-feira (1º). A expectativa é que a proposta seja enviada à Casa ainda este mês para aprovação até o mês de março. A previsão de conclusão das obras está mantida para 2020.