Numa semana em que o setor cultural foi abalado pela notícia do adiamento de repasse dos recursos previstos pelas leis Aldir Blanc e Paulo Gustavo – imprescindíveis para a sustentação da área no pós-pandemia – a Virada Cultural promete ser um “grito” de resistência, invadindo o centro de Belo Horizonte por 24 horas.

A ideia de ocupação não é força de expressão. Está nas afirmações da secretária de Cultura Eliane Parreiras, para quem a Virada, com início às 19h deste sábado, busca “viver a cidade de uma maneira diferente, a partir de novas experiências. E isso está relacionado a uma ocupação, à ideia de redescobrir regiões, prédios e espaços públicos”.

Serão cerca de 200 atrações, dos mais variados tipos, flertando com a gastronomia e vários tipos de intervenções urbanas. “A espinha dorsal continua sendo as apresentações musicais, que representam 35% da programação. Mas a Virada ampliou muito a ideia de intervenções urbanas. Há desde a relação com o bem estar e o prazer até a questão da gastronomia”.

A secretária resume esse conceito como a oportunidade de as pessoas “experimentarem a cidade de um outro jeito”. Além dos palcos tradicionais, ocorrerão ações constantes nos trajetos desses espaços, como esquetes, cortejos e projeções. A diversidade será grande, atingindo os vários públicos de cultura em Belo Horizonte.

“Algumas coisas são bem de nicho. Há palcos para o rock, para o rap, para a música popular... e também uma programação de atividades esportivas vinculadas ao comportamento, à saúde, ao bem-estar”, avalia Eliane. Para ela, o encontro desses públicos promove a diversidade e a ampliação do entendimento do que é cultura.

A valorização da cultura local é outro pilar da Virada Cultural, chegando a 99% da programação. “Entendemos que o momento é de prioridade no fomento da produção artística local, garantindo espaço para quem está iniciando até perfis mais consolidados”, observa a secretária, que também destaca a construção de uma atuação em rede, a partir da parceria com vários festivais.

“Esse trabalho conjunto, de diálogo, já acontecia, mas foi muito intensificado nesta edição. Com esse número enorme de agentes culturais, de projetos que vêm dialogar com a proposta de ocupação da cidade, geramos a ideia de pertencimento. Não é só um evento, que aconteceu e acabou, mas deixar um legado”, assinala.

Eliane lembra que a Virada é o primeiro grande evento cultural de rua em BH após a pandemia. “A gente teve o arraial de Belô, que foi extraordinário, com uma adesão enorme de público e, principalmente, muita cordialidade nessa convivência. Acredito que faremos uma celebração da arte e da cultura em BH de uma maneira linda”.