Arthur Moreira Lima fará concerto único na capital, sábado (21), no Grande Teatro do Sesc Palladium

A fala, em um fluxo, é sempre permeada por risos ou mesmo gargalhadas. Simpático ao extremo, Arthur Moreira Lima transborda entusiasmo ao falar de seu retorno a Minas Gerais. No sábado (21), às 21h, ele adentra o palco do Grande Teatro do Sesc Palladium para única apresentação. No repertório, clássicos que se conectam com públicos dos mais variados perfis. Vai de Bach a Pixinguinha, ou seja, é uma fórmula que funciona muito bem para plateias de qualquer lugar, sejam eruditas ou populares.

“E, na verdade, quando falo ‘clássicos’, me refiro também a alguns que, de tão manjados, como se dizia antigamente, já se tornaram populares, e vice-versa. Pixinguinha é um clássico. No fundo, o clássico é o que foi aceito pelo tempo, pela tradição, pelas pessoas”, afiança.

O entusiasmo ao se referir a Minas é por ele destrinchado em vários momentos do bate-papo. Para começar, o Estado foi um dos que mais recebeu visitas do projeto “Um Piano pela Estrada”. “E, sem fazer pouco dos outros, diria que, culturalmente, é um dos mais fortes do Brasil”, elogia. Para ele, aliás, Minas é visto quase como um país, por conter várias regiões diferentes – “parece até quatro Estados distintos. E a tradição aí é muito grande. Às vezes, você se depara com cidades que são economicamente pobres, mas que têm tanta tradição, tanta prosperidade cultural”, pontua.

Iniciado em 2003, o projeto “Um Piano pela Estrada” já está chegando à baliza de 600 concertos realizados. “E eu comecei justamente por Minas, mais precisamente por São Roque de Minas. Fui descendo o São Francisco da nascente à foz”, orgulha-se, relembrando a turnê “São Francisco: Um Rio de Música”.

Minas também tem um lugar afetivo junto ao maestro por conta da culinária. “Quando vou aí, de cara vou ao Dona Lucinha”, diz, referindo-se ao tradicional restaurante de comida típica mineira. “Gosto muito da carne de porco de vocês, da couve e, poxa, daquelas linguiças. Aliás, adoro aqueles restaurantes de vaquinhas na estrada...”, diverte-se, para, na sequência, enumerar outros quitutes. “Realmente, aprecio muito o arroz de vocês, assim como o feijão, a farofa e as sobremesas. E, olha, vocês são rigorosos. Certa vez, não encontrei o doce de abóbora e, quando fui lamentar, falaram que era porque não tinham achado uma abóbora boa”, ri. O pianista também faz questão de enaltecer os queijos – em particular, o canastra. “Estou voltando para onde comecei o projeto” (citando, mais uma vez, o “Um Piano pela Estrada”).

Aliás, embora esteja sempre fazendo apresentações fechadas, como a que o traz de volta a BH, o projeto segue a todo vapor – inclusive, envolvendo a família. “Minha esposa é cirurgiã-dentista e, junto com a filha, bolou um programa muito bacana de educação em saúde com distribuição de kits de escovação em comunidades carentes. Já ensinaram até índios a escovar dentes”, conta.

A enteada, aliás, é mãe das netas do maestro, que, involuntariamente, interromperam a entrevista. “Falo minhas netas porque são mesmo, vi nascer. São umas gracinhas, olha a gritaria”, diz ele. “A maior, que tem 4 anos, vai estudar piano. E tem a outra, que tem de 2 para 3. E vem mais um, desta vez, menino”, completa.

Orgulhoso que só, ele também cita o neto mais velho, Chico, 20. “Ele é talentoso, viu? Começou a estudar direito, mas, já há algum tempo, se dedica ao piano e, agora, anda falando que a faculdade está atrapalhando a música”, ri. “Mas ele é, sim, muito bom, e também compõe”, orgulha-se.

Serviço. Sesc Palladium (r. Rio de Janeiro, 1.046, Centro). Dia 21 (sábado), às 21h. R$ 120 (inteira/plateia 1 e 2) e R$ 100 (inteira/plateia 3).