No ano em que completa 60 anos, a Turma da Mônica ganha as telas do cinema e segue atualizada em novos livros
Do bairro do Limoeiro, onde construíram uma bela amizade, Mônica, Cebolinha, Cascão e Magali já saíram para percorrer o mundo e seguem explorando outras plagas, como, mais recentemente, o Sítio do Picapau Amarelo, apresentado por Monteiro Lobato (1882-1948). Essa novidade pode ser conferida no livro “Narizinho Arrebitado”, lançado agora e com enredo adaptado pela especialista em Lobato e em literatura infantil Regina Zilberman.
Ainda está previsto mais um título baseado nas aventuras ao redor da casa de Dona Benta e que deverá sair, em breve, pela Girassol Brasil Edições junto com a Mauricio de Sousa Editora. Também está confirmado o lançamento, a partir de março, de mais quatro volumes produzidos a partir da parceria entre o selo Mauricio de Sousa Produções (MSP) e cinco quadrinistas brasileiros da cena independente.
O primeiro da leva será “Mônica: Tesouros”, de Bianca Pinheiro. O segundo corresponde a um exemplar sobre Piteco assinado por Eduardo Ferigato, com previsão de vir a público em junho. Já em setembro, será a vez de a personagem Tina protagonizar as páginas do tomo elaborado por Fefê Torquato; e, em dezembro, os irmãos Marcelo e Magno Costa vão apresentar outro trabalho que dá continuidade às histórias do Capitão Feio.
Além desses projetos editoriais, é aguardada a estreia do longa-metragem “Turma da Mônica: Laços”, que é a primeira adaptação em live-action (filmado com atores reais) do quadrinho, a partir do livro de mesmo nome da dupla belo-horizontina Vitor e Lu Cafaggi, publicado em 2013. Até hoje, esse é o produto de maior sucesso entre os título sob o guarda-chuva da MSP.
Assim, no ano em que completa 60 anos, a Turma da Mônica permanece multiplicando seus passos, mas sem abrir mão de suas origens, como reforça seu criador, Mauricio de Sousa.
“Eu penso que esses personagens brincam com outros universos, mas eles nunca esquecem de onde vêm. Eles acabam voltando correndo para o bairro do Limoeiro, para beber um pouco mais da fonte, brincar com os outros personagens e, assim, não perder a identidade”, diz Mauricio de Sousa. Muito feliz com o resultado das filmagens, ele considera essa a primeira de outras experiências, sinalizando que o presente e o futuro da Turma da Mônica também será nas telonas.
“Nós queremos fazer outros filmes e já estamos trabalhando na ideia de produzir uma versão da Turma da Mônica Jovem. Nós estamos procurando atores que vão protagonizar Mônica, Cebolinha e todos os outros. Isso é algo que está começando a fluir entre os nossos planos”, completa Sousa.
Televisão. Paralelamente a essa entrada nos cinemas, as criações do quadrinista brasileiro também vêm conquistando espaço no terreno das séries animadas. Exemplo disso é a versão da HQ “Astronauta”, assinada por Danilo Beyruth, para o canal HBO e com estreia também neste ano, como detalha o jornalista Sidney Gusman, editor da MSP. “O mais legal dessa série é que ela vai contar o que aconteceu antes dos acontecimentos mostrados na trama da graphic novel de Danilo Beyruth”, relata Gusman.
À frente do selo que mudou o panorama do quadrinho brasileiro nos últimos anos, Gusman recorda que a atualização dos personagens de Mauricio de Sousa, com narrativas concebidas por quadrinistas convidados, teve início em 2012, com esse trabalho de Beyruth. Mas o embrião dessa iniciativa surgiu em 2009, com a série de quatro livros “MSP 50”, em que 50 artistas brasileiros foram convidados a comemorar os 50 anos da carreira de Mauricio de Sousa, propondo releituras dos seus icônicos desenhos.
De lá para cá, essa parceria se intensificou, e nomes pouco conhecidos até então passaram a ganhar vitrine nacional ao criar histórias inéditas com os personagens de Sousa.
A receita da boa repercussão, para Gusman, é justamente a mescla entre a preservação das características principais de todos os protagonistas acrescentada à ousadia dos novos talentos.
“Algumas coisas não podem ser alteradas. Nós sabemos que o que une a Turma da Mônica é a amizade. A Mônica nós a conhecemos por ser valente; o Piteco é um caçador, mas não é um guerreiro. Então, o grande barato disso tudo é você poder identificar as personagens, mas, às vezes, em uma situação diferente do que a maioria conhece – o que motiva as pessoas a lerem. Afinal, elas percebem que ali existe um universo bacana de histórias sendo contadas”, completa Gusman.