Brasília- Cada dia mais isolado, o ministro da Educação, Ricardo Vélez Rodriguez, que chamou os brasileiros de ladrões, deverá deixar o cargo, após uma sucessão de polêmicas que têm gerado insatisfação dentro do governo. O governo de Jair Bolsonaro já procura um substituto para o ministro colombiano. Vélez só não teria sido demitido ainda porque não encontraram alguém disposto a ser ministro da educação de Bolsonaro.
Em fevereiro, Vélez afirmou à Revista Veja que, viajando, o brasileiro é um "canibal", "rouba coisas dos hotéis, rouba o assento salva-vidas do avião" e acha que "sai de casa e pode carregar tudo". "Esse é o tipo de coisa que tem de ser revertido na escola", disse ele.
Também no mês passado, o Ministério da Educação enviou um e-mail para as escolas do país pedindo a leitura de uma carta do ministro. A orientação era a de que os responsáveis pelas escolas também executassem o Hino Nacional e filmassem as crianças durante o ato. A carta se encerrava com as frases "Brasil acima de tudo" e "Deus acima de todos", slogan da campanha do presidente Jair Bolsonaro.
A dificuldade de clareza e convencimento nas ideias também gerou descontentamento no escritor Olavo de Carvalho, guru do presidente Jair Bolsonaro e responsável pela indicação de Vélez. Por consequência do episódio envolvendo a carta, o ministro se afastou de um grupo que se identificava com o escritor para embasar decisões nas opiniões dos assessores Ricardo Roquetti e Luiz Antonio Tozi. O grupo ligado a Olavo passou a ser oposição. O coronel Roquetti está entre os seis demitidos pelo MEC após críticas de Olavo.
Segundo o jornal O Estado de S.Paulo, além dos “olavistas”, militares também ajudaram no bombardeio contra os dois assessores, que segundo eles, impediam uma estratégia essencial: priorizar a educação básica e reduzir recursos para educação superior.
Após críticas do escritor, o MEC demitiu seis funcionários, o que revela a incapacidade de articulação e de apoio dentro do governo por parte do colombiano, que pode cair a qualquer momento.