Do UOL, em São Paulo
O estudante Rafael Marcos Sartori Costa, 18, estava reunido com os amigos no cursinho em São Paulo quando soube que havia sido aprovado em Medicina nas duas das mais importantes universidades do país: a USP (Universidade de São Paulo) e a Unesp (Universidade Estadual Paulista), nessa última em primeiro lugar.
O resultado do vestibular das duas instituições públicas de ensino superior foi divulgado na manhã desta sexta-feira (2). No caso da Unesp, foram 107.753 candidatos disputando as 7.365 vagas da instituição. Na Fuvest, foram 8.402 alunos convocados.
Ele conta que "desabou em lágrimas" quando conseguiu ver o nome dele nas listas dos aprovados da Fuvest e Vunesp. "A gente estava na festa dos aprovados do colégio Objetivo. Quando eu vi meu nome [nas duas] foi uma alegria imensurável, inenarrável. Logo depois disso eu desabei em lágrimas e liguei para os meus pais para contar a notícia. Eles também ficaram bastante emocionados", disse Rafael.
Filho de empresários, ele conta que sempre sonhou em ser médico desde a infância e nunca imaginou que passaria em primeiro lugar no vestibular. "Passei nas duas, mas já decidi que vou estudar na USP", contou.
Os aprovados no vestibular da Unesp precisam confirmar o interesse pela vaga até segunda-feira (5) no site da Vunesp, responsável pelo exame. É preciso preencher um formulário online e enviar, de forma eletrônica, os seguintes documentos para matrícula: certificado de conclusão do ensino médio ou equivalente; histórico escolar completo do curso de ensino médio ou equivalente.
No caso da Fuvest, os convocados devem fazer a matrícula não presencial, por meio do site, nos dias 5 e 6 de fevereiro. A segunda chamada será divulgada no dia 8 de fevereiro.
Essa foi a terceira vez que Rafael prestou Fuvest e Vunesp. "Tento desde o terceiro ano do ensino médio. Foram três anos de muito esforço, principalmente nesse último ano, que foi o que mais me dediquei", conta.Morador de Jundiaí, ele conta que saia de casa todos os dias às 3h30 para pegar o ônibus e ir para o cursinho, em São Paulo, e que, para ele, qualquer lugar era lugar para estudar. "Chegava umas 6h40 no cursinho e ficava até 19h estudando. No caminho de volta para casa também estudava, sempre estava lendo alguma coisa, no metrô, dentro do ônibus. Ficava estudando basicamente o tempo todo. Minha vida passou a ser o vestibular", disse.
Ele aconselhou quem não conseguiu o resultado esperado a não desistir. "Eu acho que dedicação é essencial, tem que se entregar ao seu sonho, com tudo e ter esperança. Se não tiver esperança não dá", disse.
Vindo da rede pública de ensino, o estudante Giorggio Galli Belloti, 19, também tentou três vezes antes de conseguir a aprovação no curso de Medicina pela Fuvest. A primeira foi logo depois de terminar o ensino médio, cursado todo em escola pública, as outras duas em dois anos de cursinho.
"Foi complicado este ano. A Santa Casa tirou as vagas que destinava à Fuvest, foram separadas vagas para o Sisu. A prova foi mais difícil em relação ao ano anterior", contou.
Ele disse ter ficado surpreso principalmente com o resultado que obteve na primeira fase. "Eu não estava seguro que seria aprovado [na chamada regular], mas me preparei bastante, tive um bom tempo, ao longo desses três anos, para desenvolver minhas habilidades de fazer a prova. Eu saí da sala de aula com aquela certeza de que tinha chance. Apesar de ter confiança, nunca dá para saber", contou.
Está cada vez mais difícil ser aprovado
O coordenador de Física do Colégio e Curso Objetivo, Eduardo Figueiredo, disse que é preciso muita dedicação para conseguir passar em Medicina na Fuvest, curso mais concorrido do país. "Tem aluno que é muito bom no colégio, um dos melhores, mas não consegue passar. Muita gente não consegue entrar de primeira. A dica é não esmorecer, tem que lutar sempre por aquilo que ela acredita. Estudar bastante e acreditar em si mesmo. A cada ano que ele tenta ele se torna mais experiente", disse.
Ainda segundo ele, as mudanças que vêm ocorrendo nas universidades públicas sobre distribuição das suas vagas, com uma parcela destinada a alunos aprovados no Sisu (Sistema de Seleção Simplificada) e outra para as chamadas cotas sociais e raciais, a exemplo do que aconteceu este ano na USP, tem aumentado ainda mais o nível de dificuldade dos vestibulares e tido efeito dentro dos colégios e cursinhos.
"Muitos pais em vez de colocarem seus filhos no ensino médio em escola particular colocam na escola pública e pagam cursinho para eles, por causa dessas mudanças. Sai até mais barato. Se no cursinho eles pagam até R$ 800, dependendo da instituição, tem colégio que cobra R$ 3.000 a mensalidade", disse afirmando ter sentido isso dentro do Objetivo.
"Temos alunos com esse perfil aqui, principalmente nas turmas da tarde", concluiu.