CENSO ESCOLAR
Dados mostram uma queda de 32,7% nessa modalidade de matrículas entre 2017 e 2018
São Paulo. O número de matrículas em tempo integral no ensino fundamental (1º ao 9º ano) caiu 32,7% de 2017 para 2018 – uma redução de 1,3 milhão de estudantes. Dados do Censo Escolar, divulgados nesta quinta-feira (31) pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), mostram que as matrículas desse tipo representavam 13,9% (3,8 milhões de alunos) do total em 2017 – nas redes pública e privada – e caiu, em 2018, para 9,4% (2,5 milhões). A proporção é substancialmente menor na rede privada: apenas 2,2% dos alunos estudam nessa modalidade.
No ensino médio, o porcentual de alunos em tempo integral aumentou. Passou de 8,4% para 10,3%. O porcentual se refere à rede pública, que soma 6.777.892 estudantes. Adicionando a rede privada, o índice foi de 9,5%.
Depois de aprovar a reforma do ensino médio e lançar um programa para expandir o número de matrículas em tempo integral nessa etapa de ensino, o governo Michel Temer não conseguiu alcançar a meta que havia estipulado, de ter 13% dos estudantes nessa modalidade até o ano passado. Especialistas e pesquisas apontam o ensino em tempo integral como forma de garantir melhor aprendizagem.
O governo Jair Bolsonaro não apresentou ainda um plano para aumentar o número de estudantes no período integral. Com a queda, o Brasil fica ainda mais distante de alcançar a meta do Plano Nacional da Educação (PNE) que prevê, até 2024, alcançar 25% das matrículas e 50% das escolas da rede pública nessa modalidade.
Considerando toda a educação básica (da creche ao ensino médio), a rede particular teve a primeira alta no número de alunos desde 2014, ainda que leve. O número total de alunos cresceu 1,23%, chegando a 8.996.249 (19% do total de estudantes).
Já o número de alunos em creches no Brasil cresceu 5,3% em 2018 com relação ao ano anterior. As matrículas chegaram a 3.587.292. Na pré-escola, o volume de alunos subiu 1,1%. O número de estudantes nessa etapa chegou a 5.157.892.
O Brasil contava, em 2018, com 181.939 escolas de educação básica. A rede municipal é responsável por aproximadamente dois terços das escolas (60,6%), seguida da rede privada (22,3%). Em 2018, foram registrados 2,2 milhões de docentes na educação básica – a maior parte atua no ensino fundamental (62,9%).
Uma em dez crianças tinha 10 anos ou mais na 3ª série
São Paulo. Ainda no ciclo da alfabetização, 11,2% das crianças matriculadas no 3º ano do ensino fundamental estão com dois anos ou mais de atraso. A distorção idade-série é a proporção de alunos com mais de 2 anos de atraso escolar. Ou seja, os dados mostram que, no ano passado, uma em cada dez crianças tinha 10 anos ou mais enquanto cursava o 3º ano do ensino fundamental – 8 anos é a idade esperada para a série.
As causas da distorção podem ser o abandono escolar ou a reprovação. Especialistas e pesquisas em educação indicam que a reprovação tem um efeito negativo na aprendizagem.
Uma pesquisa do Cenpec também reforça que os estudos internacionais indicam que a reprovação escolar “é considerada prenunciador importante do abandono escolar, conturba a trajetória escolar, é prática financeiramente dispendiosa e gera resultados contestáveis”.
A reprovação nos anos iniciais também é apontada como fator que leva ao crescimento da distorção série-idade ao longo da vida escolar. Dados do Censo Escolar de 2018 mostram que, nos anos finais do ensino fundamental (do 5º ao 9º ano), chega a 24,7% e no ensino médio, a 28,2%. Além disso, a taxa de distorção do sexo masculino é maior que a do sexo feminino em todas as etapas de ensino.
Por gênero
Contraste. A maior diferença da distorção idade-série entre os sexos é observada no 6º ano do ensino fundamental: 31,6% para o sexo masculino e 19,2% para o sexo feminino.