App oferece de doces a planos de saúde e pode chegar a 100% do faturamento
Do bombom ao plano de saúde, passando por roupas, presentes e terapias alternativas, o WhatsApp está mudando a forma de vender dos pequenos negócios no Estado. Uma pesquisa do Sebrae apontou que, em Minas Gerais, 69% das empresas de pequeno porte, microempreendedores e microempreendedores individuais usam a ferramenta para divulgar, se relacionar com clientes e finalizar vendas.
“Posso dizer que 100% das minhas vendas são concluídas pelo WhatsApp. Faço a divulgação no Facebook e no Instagram, mas negocio com o cliente via WhatsApp”, afirma a microempresária Michelle dos Anjos, 34, da Delícias da Mih. Confeiteira, ela vende bolos e doces há três anos na internet. “Como não tenho a loja virtual, o WhatsApp se torna uma alternativa boa, porque o custo é menor e isso ajuda a oferecer um preço menor ao cliente”, diz. Ela afirma que a estratégia tem funcionado, já que as vendas aumentaram 50% em setembro deste ano frente ao mesmo mês do ano passado.
Para o analista de acesso ao mercado do Sebrae Minas Marcelo Massensini, as redes sociais e o WhatsApp são uma alternativa para quem ainda não tem estrutura para investir em um e-commerce. “Essas ferramentas surgiram para relacionamento, mas os empresários souberam adaptá-las para as vendas”, avalia.
O relacionamento com o cliente também é feito pelo aplicativo de bate-papo. “Tenho contato com cerca de 300 clientes (no celular) tanto para o empório como para a clínica de terapias alternativas Espaço do Afeto. Fazemos o contato personalizado, enviando fotos de produtos, e divulgamos eventos”, afirma Cléo Zocrato, do Empório Trecos e Afetos, no edifício Maletta, região Centro-Sul da capital mineira, onde também funciona a clínica de terapias, que oferece reiki, ioga e reflexologia. Ela afirma que cerca de 60% das vendas do empório e 85% da clínica passam pelo contato no Whatsapp.
“O mercado está mudando, e toda a minha divulgação é digital”, afirma o corretor de plano de saúde Heliel Pereira de Souza, que usa os Stories do WhatsApp para divulgar seus produtos. Ele conta que 100% de suas vendas passam pela ferramenta de mensagens instantâneas. “Ele otimiza meu tempo. Enquanto um corretor mais convencional está no telefone com um cliente, posso atender dez. Em um dia, chego a conversar com mais de 200 pessoas pelo aplicativo”, declara Souza.
Para a microempresária e cantora Hilmara Fernandes, a comodidade é a grande vantagem da tecnologia. “Já comprei roupa e biquíni pelo Facebook e agora só faço sacolão pelo WhatsApp”, afirma Hilmara.
Apps. Depois do WhatsApp, os aplicativos mais usados para venda por pequenos negócios em Minas são o Facebook (36%) e o Instagram (20%), segundo a pesquisa do Sebrae.
Empresário deve evitar ser invasivo
Um dos cuidados que o microempresário deve ter quando usar o WhatsApp como ferramenta de vendas é não ser invasivo, na avaliação do analista do Sebrae Minas Marcelo Massensini. “Muita gente acha que receber propaganda pelo WhatsApp é invasivo. O empresário deve dosar e pedir permissão na hora de divulgar”, explica ele.
“Sou supercuidadosa. Eu faço propaganda pelo WhatsApp, mas não toda semana. Até porque fica muito cansativo. Eu participo de feiras, posto na internet e recebo encomenda pelo WhatsApp. Quando eu peço o número de telefone da cliente, já aviso que vou enviar só novidades e promoções”, afirma a artista plástica Simone Ros, da Chérie, que produz bijuterias de mosaico de azulejo.
Cuidados na hora de usar o aplicativo
Resposta. O WhatsApp é um app de mensagens rápidas e, por isso, o cliente não gosta de esperar muito. O empresário não deve deixá-lo sem resposta por muito tempo, diz Marcelo Massensini, do Sebrae.
Obrigações. Massensini lembra que, mesmo pelo aplicativo, o empresário tem os mesmos deveres, como emitir nota fiscal, atender prazos e seguir o Código de Defesa do Consumidor.