Impulsionadas pelo setor agropecuário, as vendas de óleo diesel vêm mantendo a trajetória de crescimento no Brasil, mesmo em meio à pandemia de covid-19. Segundo projeções da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), porém, o consumo de combustíveis, como um todo, deve continuar abaixo dos níveis pré-pandemia ao longo de 2021, no país. A expectativa é que os volumes do mercado nacional só se aproximem dos patamares de 2019 no ano que vem.

A projeção da EPE é que o consumo de combustíveis no Brasil totalize em 2021 cerca de 134 bilhões de litros, o que representa uma alta de 2,9% em relação a 2020, mas um nível ainda 3,5% abaixo do de 2019. Para 2022, são projetadas vendas de 139 bilhões de litros, em linha com 2019, antes da eclosão da pandemia. Os números, contidos no estudo “Perspectivas para o mercado brasileiro de combustíveis no curto prazo” incluem as vendas de diesel, gasolina, etanol hidratado, querosene de aviação (QAV) e de gás liquefeito de petróleo (GLP, também conhecido como gás de cozinha).

Os únicos derivados que têm conseguido se manter em alta, diante das restrições à circulação de pessoas, são o óleo diesel, sustentado pelas fortes safras agrícolas, e o GLP, cuja demanda é associada principalmente ao uso domiciliar, para cozinhar, e vem se beneficiando das medidas de distanciamento social. Os combustíveis mais ligados à mobilidade urbana, como a gasolina e o etanol, permanecem em baixa.

No primeiro trimestre, os volumes comercializados de óleo diesel cresceram 5,2% em relação a igual período de 2020. A expectativa é que a safra recorde de grãos neste ano ajude a manter a tendência de alta. A EPE prevê um aumento de 4,2% nas vendas do derivado em 2021 e de 2,2% no ano que vem.

Já no mercado do ciclo Otto (veículos que consomem etanol e/ou gasolina), os efeitos da pandemia permanecem. Segundo a EPE, as vendas de gasolina e etanol, somadas, fecharam o primeiro trimestre com queda de 2,6%, na comparação anual. A estimativa é que, com o avanço da vacinação, haja uma recuperação gradual desse número. A previsão é que a comercialização no ciclo Otto, tradicionalmente vinculada ao comportamento de consumo das famílias, cresça 1,1% em 2021 e 2,9% em 2022.

A estatal responsável pelo planejamento energético estima que as vendas de gasolina comum, que recuaram 2,1% no primeiro trimestre, apresentarão uma recuperação lenta e gradual. A expectativa é que o derivado só dê sinais de recuperação, ante os níveis pré-pandemia, no segundo semestre de 2021. A EPE projeta um crescimento das vendas de 3,4% em 2021 e de 0,6% em 2022 - mesmo assim, em patamares anuais ainda abaixo dos apurados em 2019.

A comercialização de etanol hidratado, por sua vez, segue sendo influenciada, dentre outros fatores, pelo mercado internacional do açúcar - commodity que tem apresentado boa atratividade em 2021. As vendas do biocombustível fecharam o primeiro trimestre com queda de 3,8% e devem registrar, no ano, um declínio de 5%. Para 2022, a EPE espera aumento de 9,3%.

Já o QAV segue como o combustível mais afetado pelas medidas de distanciamento social. Nos três primeiros meses de 2021, houve uma retração de 38% nas vendas do derivado. A expectativa é que, entre abril e maio, haja uma nova redução, devido ao recrudescimento da pandemia. A projeção é que a comercialização do querosene de aviação só se aproxime dos níveis pré-pandemia no fim do ano que vem. A EPE projeta um crescimento de 26% na demanda em 2021 e de 38% em 2022. Os patamares, porém, ainda devem se manter abaixo daqueles volumes do ano de 2019.

No caso do GLP, a estatal destaca que as medidas de distanciamento social e o auxílio emergencial têm ampliado o uso do combustível no preparo de alimentos nas residências. Isso se reflete nas projeções de crescimento de 0,4% para 2021 e de 1,1% em 2022, depois do aumento de 3% já registrado em 2020.

 

Fonte: Valor Econômico