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Foliões de outras cidades dizem que escolheram BH pela animação e qualidade dos blocos, mas admitem que os preços mais em conta também pesaram a favor da festa na capital
A fama do carnaval de Belo Horizonte se espalhou e trouxe milhares de turistas para curtir os blocos e festas da capital mineira este ano, para a alegria de comerciantes e empresários da rede hoteleira, que esperam chegar na quarta-feira de cinzas faturando alto com a folia. Grupos de amigos, casais ou pessoas sozinhas vieram de outras cidades e estados para conhecer ou repetir a participação na festa. Questões como o ambiente saudável, a qualidade dos blocos e os preços mais em conta do que em outros locais tradicionais pesaram na hora da escolha do lugar para passar o feriado prolongado.
O médico Hélio Coelho, de 48, chegou a BH na sexta-feira em busca do que chama de um carnaval “mais civilizado”. Ele deixou o Rio de Janeiro para vir pela segunda vez para a festa mineira. “Gosto da maneira como sou tratado aqui. No Rio é muito tumultuo, muito calor, este carnaval daqui é bem alegre e mais tranquilo”, disse. Ele é um dos milhares de turistas que estão injetando cerca de R$ 30 milhões na rede hoteleira da capital mineira. Pagou R$ 1 mil por cinco diárias no Mercure.
A engenheira civil Fernanda Santos, de 25, e o namorado, Joel Donato, de 31, também escolheram o carnaval de Belo Horizonte por indicação de um amigo. Ela mora em Goiânia e ele em Brasília. “Cresceu muito o carnaval de BH e, além dos blocos tem muitas festas privadas famosas”, conta Joel. O casal estreante na festa da capital mineira, que está hospedado no Hotel Hilton, chegou na quinta-feira. Na sexta-feira, eles passaram em uma loja da Savassi para comprar adereços e aproveitaram para fazer um esquenta. “Aqui é bem mais barato que no Rio, tanto em passagem como na hospedagem. Tudo ficou em R$ 1,5 mil para os dois”, conta. Ontem, eles foram para o Então, Brilha! e à noite para uma festa no Mirante Olhos D’Água. “Queremos aproveitar ao máximo a cidade”, diz Fernanda.
Um grupo de amigos que estava com o carnaval praticamente fechado para Salvador acabou trocando a folia baiana pela mineira por causa da publicitária mineira Marcela Miraglia, de 27. É que o também publicitário Pedro Galvão, de 27, começou a namorar a moça e acabou arrastando os outros rapazes do grupo de São Paulo em busca do carnaval de BH. Vieram o atuário Guilherme Sore, de 26, e o economista Otávio Dutra, de 27. “Estamos esperando muita folia e festa”, diz Guilherme. Otávio, que já passou carnavais em Ouro Preto e Diamantina, já aprovou o estilo mineiro de folia e disse esperar muita animação até a quarta-feira. Eles planejam ir a dois blocos por dia e à noite frequentar as festas fechadas. Todos estão hospedados na casa da Marcela.
O advogado Hugo Alcântara, de 33, veio com outros quatro colegas de Montes Claros, no Norte de Minas. Eles costumavam ir a Diamantina e, como muitos, migraram para BH depois que a festa ganhou fama na capital. Para economizar, os cinco vieram de carro e vão comprar bebida em supermercados para já sair abastecidos para os blocos. “Carnaval aqui é muito bom porque não tem briga, dá para curtir em vários pontos diferentes e o preço da cidade é muito bom”, diz. Eles estão pagando R$ 85 na diária do Ibis Hotel para passar a festa pela segunda vez em Belo Horizonte. “A expectativa é de que seja melhor que o do ano passado”, diz.
OCUPAÇÃO - A economia para quem escolhe BH é comprovada por levantamento realizado pelo Sindhorb. De acordo com os dados, BH é a capital com média de diárias mais barata ao longo do ano. O sindicato anunciou uma taxa de crescimento de 5% no número de hospedagens, e ocupação média variando de 50% a 55% dos leitos na capital mineira, que dispõe hoje de 220 hotéis, que somam entre 22 mil e 24 mil vagas.
A expectativa para os comerciantes também é de lucrar. Levantamento da área de Estudos Econômicos e o setor de Negócios Turísticos da Fecomércio MG aponta que 55,5% dos empresários esperam melhorar suas vendas na festa de Momo, em comparação a 2017. O otimismo está maior do que no ano passado, quando 73,8% acreditavam que o período seria positivo para o comércio. Este ano, esse índice subiu para 80,2%. Essa melhora é justamente por causa de uma perspectiva maior de presença de turistas na cidade. A analista de Turismo da Fecomércio MG, Milena Soares, explicou que o carnaval se tornou uma data para as empresas do comércio de bens, serviços e turismo da capital investirem pensando no viés turístico.