Apenas 1,5% dos homens no mundo se dedicam exclusivamente a tarefas do lar, revela a OIT

Mais de 640 milhões de mulheres em idade de trabalho em todo o mundo se dedicam exclusivamente aos afazeres domésticos. Os dados, divulgados nesta quinta-feira (7) pela Organização Internacional do Trabalho (OIT), mostram que, enquanto 21,7% delas cuidam dos filhos e da casa, sem nenhuma remuneração, apenas 1,5%, cerca de 45 milhões, dos homens desempenham a mesma função. Os números revelam o retrato de uma desigualdade histórica em que mulheres precisam trabalhar mais e ganham menos. Cuidar das obrigações do lar e dos filhos fez com que, em 2018, as mulheres tivessem 26% menos chances de conseguir um emprego do que os homens, segundo a OIT.

O órgão, que quer mostrar essa desigualdade no Dia Internacional da Mulher, revela ainda que 70% das que cuidam exclusivamente da casa e da família queriam trabalhar fora, mas não conseguem.

No Brasil, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), pelo menos nos últimos cinco anos, as mulheres lideraram a taxa de desocupação no país. Enquanto o número de homens desocupados cresceu 87,6%, entre as mulheres o saldo foi de 90,14%. Só no ano passado, das 12,19 milhões pessoas desempregadas, 52,4% eram mulheres.

Desde que estava grávida do primeiro filho, a jornalista Maria (nome fictício) viu as oportunidades de emprego e de ascensão na carreira diminuíram até ser obrigada a atuar como autônoma. Segundo ela, alguns empregadores sugeriram que a jornada profissional poderia ficar comprometida, caso o filho adoecesse, ou que os afazeres domésticos se tornariam prioridade. “Antes de ser mãe, em uma reunião de trabalho, já exigiam muito mais experiência de mim do que dos homens. Depois que meu filho nasceu, piorou, e fiquei desempregada”, conta ela.

As mulheres que se aventuram a cumprir a jornada dupla em casa e no mercado de trabalho ainda precisam conviver com a diferença salarial na relação aos homens. Conforme dados do IBGE, a média salarial das mulheres é historicamente menor que a dos homens. O rendimento médio deles é de R$ 2.416, enquanto o delas é equivalente a 77,6% do salário dos homens. Em Minas Gerais, a situação é pior. Elas recebem, em média, 73,34% do salário masculino. Os dados são do fechamento de 2018.

Para dar conta da carreira profissional e das demandas de casa, a secretária Priscila Dieffenthaler, 30, precisa dividir com a filha, de 10 anos, os afazeres domésticos, mesmo o marido estando em casa. “Ele trabalha no computador todos os dias, a gente divide as contas do mês, mas as obrigações de casa ficam comigo e com minha filha, que me ajuda com algumas tarefas mais simples, como lavar louça”, conta ela. (Com agência)

Dupla jornada motiva empreendedorismo

Motivada a seguir um caminho diferente de uma colega de trabalho, que precisava conciliar a vida profissional com os cuidados com o filho recém-nascido, a empresária Laura Luciano, 27, em parceria com a irmã Clara Luciano, 26, resolveu empreender e trazer a Minas Gerais a hamburgueria Bullguer, presente no país desde 2014. “Quero viver minha vida pessoal, mas não quero comprometer minha carreira, por isso, para mim, empreender é uma possibilidade de conseguir os dois”, conta.

Apesar do sucesso que a marca já conquistou em Belo Horizonte, desde novembro do ano passado, a empresária conta que os desafios por ser mulher ainda são muitos. “Nós, mulheres, temos mais dificuldades de sermos levadas a sério, mas tento ser firme nunca errar”, revela.

Mudança em anos

Constante

O problema da disparidade profissional entre homens e mulheres não registrou um declínio real nos últimos 25 anos.

Divisão

Segundo dados da ONU, essa situação só vai mudar quando os homens assumirem mais as tarefas domésticas.