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Salto compartilhado: coworking cresce 191%, deixando a locação de salas individuais

13/08/2018 00h00 - Atualizado em 21/03/2019 12h36 por Admin


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Luciana Sampaio Moreira
lsampaio@hojeemdia.com.br

Enquanto a locação e venda de salas comerciais fechou o primeiro trimestre deste ano em queda de 5,5% em Belo Horizonte, em relação ao mesmo período de 2017, a cidade tem se firmado como espaço de crescimento para as empresas do setor de coworking (escritórios profissionais compartilhados), com índices de crescimento superiores a 30% e anúncios de lançamentos para este ano.

Segundo o diretor de Pesquisa, Estatística e TI da CMI/Secovi, Leonardo Matos, os dados indicam recuperação lenta do setor imobiliário tradicional. Em contrapartida, as novidades do mercado atraem consumidores. O empresário reconhece que os escritórios compartilhados já geram impacto nos contratos de locação tradicionais.


“A oferta desses imóveis (salas tradicionais) continua grande e inclui unidades vazias por falência ou transferência de empresas para sedes menores. Os empreendimentos lançados até 2016 também não foram absorvidos”, observa.

Mudança
O diretor da empresa de desenvolvimento de sistemas e informática 3 Geo Link, Sandro Laudares, migrou do aluguel de uma sala de 30 metros quadrados para um espaço compartilhado no Ciatos Coworking, região Centro-Sul da capital.

“A comodidade de não ter que comprar móveis, procurar novas instalações a todo tempo e alugar auditório e salas de reunião por fora motivaram essa transferência”, disse.

Com dois anos de atividades, o Ciatos Coworking é um dos negócios do grupo mineiro Ciatos. Atualmente, são entre 60 a 70 bases de trabalho instaladas na sede da empresa.

“Somos uma startup que está inovando no conceito de coworking. Como o nosso grupo já presta serviços de gestão administrativa, gestão financeira, abertura de empresa, apoio jurídico e contábil, o cliente ficará apenas com o seu trabalho”, apontou o diretor da empresa, Diego Garcia.

No empreendimento dele, a locação de escritórios compartilhados custa entre R$ 400 e R$ 600 ao mês. Salas privativas para sete pessoas saem por R$ 3.200 ao mês. Para cinco, R$ 2 mil pelo mesmo período. Ao lado, o interessado tem sala de reunião para quatro ou oito pessoas e, ainda, um auditório com 15 assentos. “As empresas de construção civil e engenharia têm nos procurado muito”, comentou. Conforme Garcia, as micro e pequenas empresas estão na mira do negócio.

Expansão acelerada
A capital mineira é a terceira do país em espaços de coworking, com 47 empresas do gênero, segundo resultado do Censo Coworking Brasil 2017. No Estado, entre 2015 e 2017, o número de empresas do gênero saltou de 23 para 67, um incremento de 191%.

Em âmbito nacional, o sistema, que chegou ao Brasil em 2007, registrou crescimento superior a 114% entre 2016 e 2017. Nesse período, o número de empresas saltou de 378 para 810.

No ano passado, o sistema tinha 56 mil estações de trabalho, em área de 313 mil metros quadrados, com circulação de 210 mil pessoas. A novidade também movimentou, por consequência, o mercado de trabalho O sistema gerou 3.500 empregos diretos e movimentou R$ 82 milhões apenas no ano passado.

Nicho
Para empresários, um dos setores que aderiu ao coworking foi o de saúde. O dermatologista Gladstone Pereira de Mendonça Procópio Júnior tem um consultório próprio em Contagem, na Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH), mas também acompanha pacientes na capital, onde ele mantinha um consultório alugado.

Depois que migrou para o formato compartilhado, o custo fixo do segundo endereço caiu para um terço.

A Multi Consultórios Compartilhados, empresa localizada no bairro Santa Efigênia, foi pioneira em Belo Horizonte nesse modelo de clínica compartilhada, com o lançamento de dez consultórios de alto padrão.

A empresa registrou crescimento de 30% no primeiro semestre deste ano e vai abrir, em dezembro, sua segunda unidade, com quatro novos consultórios.

Imóvel tradicional é bom negócio para quem quer ‘pechinchar’

De acordo com pesquisa da CMI/Secovi, dos imóveis comerciais disponíveis para venda na capital, 54% são salas. Para locação, o percentual é de 55%, sendo que desses, 27% têm aluguel de até R$ 1 mil. Com um valor mais em conta e muita oferta no mercado, especialistas apontam que as salas tradicionais podem converter-se em um bom negócio para quem gosta de pechinchar.

Já para as vendas, a valorização do preço das salas comerciais, no primeiro trimestre deste ano foi de 1,3%, ante o mesmo intervalo de 2017. Mesmo assim, a compra requer paciência, já que a taxa de retorno do mercado é de médio a longo prazos, como ressaltou o vice-presidente do Conselho Regional de Corretores de Imóveis (Creci-MG) e diretor da CMI Secovi-MG, Vinícius Ângelo Araújo. “Os investidores têm retornado sua atenção para imóveis. Mas ainda é na da parecido com o que aconteceu em 2013, por exemplo”, afirmou.

Segundo ele, quem tem sala comercial não faz diferenciação entre aluguel ou venda, na hora de fechar o negócio. A oferta que aparecer primeiro, é aceita.

Novas parcerias
Se o mercado de locação e vendas de salas não anda tão bem assim, as imobiliárias têm sido procuradas com ofertas e demandas para os escritórios compartilhados.

O diretor da Anuar Donato Consultoria Imobiliária, Breno Donato, disse que o crescimento do setor de coworking tem promovido uma mudança no mercado imobiliário da capital. “Já temos recebido contatos de empresas de coworking que nos procuram para que possamos ampliar o nosso portfólio de serviços com a oferta desses produtos que têm se tornado cada vez mais atraente aos olhos dos clientes pela infraestrutura, mobílias modernas, decoração bonita, instalações aconchegantes e propostas inovadoras de custos”, adiantou.

Para acertar na escolha, o consumidor deve ficar atento. Segundo o consultor, companhias de médio e grande porte conseguem diluir os custos fixos do negócio - aluguel, impostos e contas de energia e telefonia - mais facilmente que as micro e pequenas. “Nesses casos, o contrato de coworking pode ficar até mais caro que o aluguel tradicional”, alertou.

Além disso

Com área de 2.500 metros quadrados e 100 escritórios em pontos nobres da região Centro-Sul de Belo Horizonte, a multinacional belga de coworking, Regus, anuncia inauguração de mais uma base na capital até dezembro deste ano, para ampliar de 78% para 90% a taxa de ocupação média dos escritórios compartilhados da empresa e aumentar o ritmo de crescimento dos negócios.

Entre os serviços oferecidos, a empresa tem escritórios de trabalho prontos para uso com internet de alta velocidade, móveis e serviços variados. O aluguel pode ser pago por dia, por semana ou por ano. A Regus também tem planos com atendimento de ligações telefônicas e gestão de correspondência. Um dos diferenciais é o acesso a um endereço profissional nos três mil centros de 900 cidades de 120 países, sete dias por semana, 24 horas.

No quesito preço, a promessa de redução fica entre 30% e 50% dos custos. Segundo o gerente da área em Minas Gerais, Marco Antônio de Assis, a empresa registrou crescimento de 44% no primeiro semestre deste ano, em comparação com o mesmo período de 2017, um percentual que está em consonância com o crescimento acelerado do setor no Brasil.