As duas primeiras geadas que ocorreram no Centro-Sul do Brasil neste inverno afetaram cerca de 1 milhão de hectares plantados com cana-de-açúcar na região, ou 11,9% da área de colheita e 26,9% do que ainda restava para ser colhido até o fim da temporada atual (2021/22), de acordo com dados divulgados nesta terça-feira pela União das Indústrias de Cana-de-Açúcar (Unica). O levantamento não considerou o impacto da terceira geada, ocorrida em agosto.

O fenômeno reduziu a produtividade e o ritmo de colheita e moagem ao longo das últimas semanas. Na primeira quinzena de agosto, as usinas processaram 44,6 milhões de toneladas de cana, volume 4,2% menor que o de um ano atrás.

Desde o início da safra, a moagem soma 349,5 milhões de toneladas de cana, 6,7% (25 milhões de toneladas) a menos que no mesmo período da temporada passada. Segundo a Unica, os produtores estimam que a colheita desta temporada será de 530 milhões de toneladas - 70 milhões abaixo de 2020/21.

Essa perspectiva, porém, tem “viés de baixa, tendo em vista o impacto ainda incerto da terceira geada e dos focos de incêndio observados nos últimos dias”, disse Antonio de Padua Rodrigues, diretor técnico da Unica, em nota.

Entre o início da safra, em abril, e a metade de agosto, a produtividade agrícola caiu 12,8% em comparação com a safra passada, para 75,1 toneladas por hectare. “A queda de produtividade mais intensa em julho e agosto já era esperada, já que nesse período foi colhida muita cana afetada pela geada. O fenômeno climático exigiu uma alteração significativa na dinâmica da colheita, prejudicando ainda mais o rendimento das lavouras”, disse Padua.

Com menos oferta de matéria-prima, a produção de açúcar da quinzena caiu 7,5%, para 3 milhões de toneladas, e a de etanol hidratado recuou 17%, a 1,3 bilhão de litros. As usinas têm preservado a produção de etanol anidro, que na primeira metade de agosto aumentou 28,2%, para 922 milhões de litros.

No intervalo, também caíram as vendas totais de etanol - o declínio em relação à primeira quinzena de agosto do ano passado foi de 5,2%, a 1,154 bilhão de litros. Na comparação com a quinzena imediatamente anterior, o recuo foi de 17%.

A baixa comercialização do etanol hidratado no mercado interno continua a puxar a queda geral das vendas. Na primeira metade de agosto, a comercialização de etanol hidratado somou 675,97 milhões de litros, ou 12,3% a menos que no mesmo período do ano passado.

O consumo do hidratado - usado para abastecer os tanques de combustível diretamente - segue se enfraquecendo por causa da baixa competitividade do produto em relação à gasolina nos postos. Segundo a Unica, a produção do hidratado na primeira quinzena de agosto caiu 17%, para 1,3 bilhão de litros.

As vendas do etanol para exportação, por sua vez, somaram 52 milhões de litros na segunda quinzena deste mês de agosto, de acordo com a entidade. O volume é 22% inferior ao registrado no mesmo intervalo do ano passado.

 

Fonte: Valor Econômico