Superar barreiras sociais e garantir espaço no mercado de trabalho ainda é um desafio para determinados grupos, como mães, idosos, deficientes, gays e negros. Com o intuito de diversificar as vagas nas empresas e ajudar esses grupos a encontrá-las, plataformas como MaturiJobs, EmpregueAfro, HerForce, Vagas PCD e Contrate uma Mãe trabalham com a seleção de profissionais por nicho.


Além de ajudar a dar o “match” da vaga entre empresa e candidato algumas dessas plataformas também dão consultoria para corporações que desejam ter a diversidade como pilar da sua cultura organizacional. É o caso da HerForce, plataforma criada em 2018 pela catarinense Silaine Stüpp, voltada para inserir mulheres no mercado de trabalho e que permite que elas façam avaliações das empresas.


Com base em critérios que incluem representatividade, flexibilidade e desenvolvimento profissional, as avaliações gratuitas e anônimas também consideram aspectos importantes para a mulher no trabalho, como benefícios para os filhos e duração das licenças maternidade e paternidade.


“Somos um local onde as mulheres podem encontrar um lugar em que possam trabalhar e colocar seu conhecimento em prática sem ter que lidar com o viés inconsciente do machismo e outros atritos. E as empresas podem trazer mais mulheres para os seus processos seletivos, mostrando que valorizam a diversidade de gênero”, explica Stüpp.


No caso da MaturiJobs, criada há quatro anos, o investimento é voltado para capacitar e incluir profissionais com mais de 50 anos no mercado de trabalho. A plataforma, que atualmente possui mais de 100 mil profissionais cadastrados, realiza processos de conscientização com líderes de organizações antes da contratação desses profissionais, além de cursos, palestras e encontros de networking para os candidatos.


De acordo com o CEO da MaturiJobs, Mórris Litvak, têm crescido as buscas na sua plataforma e, entre as razões para isso, ele aponta o comprometimento e estabilidade do público 50+, que contribui para a diminuição da rotatividade de pessoal (o “turnover”).


Diferentes visões de mundo


Uma das beneficiadas pelo trabalho da MaturiJobs é a engenheira química Gislaine Murilo, de 51 anos, que pediu demissão de um emprego de que não gostava e, por meio da plataforma, conseguiu reinserção no mercado. Ela já havia passado por diversas experiências ao longo da carreira, tendo atuado em multinacionais, mas queria um novo propósito para sua vida, com mudança de carreira.


Pela MaturiJobs, encontrou uma vaga numa empresa onde a idade não importa. Hoje, é responsável pela área de relacionamento com o cliente de A Taba, clube de assinatura de livros para o público infantil - e trabalha ao lado de funcionários bem mais jovens.


“Cheguei achando que conhecia muito sobre processos e sobre como lidar com as pessoas. De repente, um garoto de 18 anos que trabalha comigo me deu uma dica que abriu meus olhos. Hoje, compartilhamos experiências e eu aprendo com todos eles”, conta Gislaine.


Para o especialista em educação corporativa e recrutador da LEO Learning Brasil Richard Vasconcelos, apesar de as empresas enxergarem a diversidade como importante, os movimentos de mudança ainda são incipientes. “Não adianta a empresa achar que só com um único perfil no seu quadro de funcionários ela vai ter um bom desempenho.”


Atuando no segmento étnico-racial, a EmpregueAfro realiza ações de treinamento, recrutamento e seleção de profissionais com o objetivo de “corrigir uma desigualdade que é histórica e prejudica a população negra”, segundo diz a CEO e fundadora da plataforma, Patricia Santos.


Há quase 15 anos no mercado, a organização alinha o perfil que os contratantes querem com os possíveis candidatos antes de encaminhá-los às empresas. Para Patrícia, as corporações têm aumentado a busca por esse público profissional ao perceber sua potência econômica.


“O fato de sermos 55% da população economicamente ativa, que movimenta R$ 800 bilhões por ano em consumo, nos torna fortes. Quando a empresa investe em diversidade, ela também sabe que isso traz retorno para os negócios e lucratividade.”


A opinião é compartilhada por Denise Guilherme, CEO do clube de livros A Taba, que ainda aponta que a diversidade leva às empresas habilidades que se complementam, com diferentes olhares para o mesmo problema.


“Hoje, o empresário que não considerar isso já está atrasado. Durante muito tempo, empresas buscaram pessoas exatamente iguais. A diferença não é um problema e precisamos desse olhar diverso, porque nem os nossos clientes são iguais.”


Plataformas e seus nichos de atuação


Camaleao.co / profissionais da comunidade LGBT


Contrate uma Mãe / mães que buscam recolocação com flexibilidade


EmpregueAfro / consultoria e recrutamento de profissionais negros


Empresas com Refugiados / iniciativa para inserir refugiados no mercado brasileiro


HerForce / recrutamento de mulheres com avaliação anônima das contratantes


MaturiJobs / profissionais com mais de 50 anos


Segunda Chance /iniciativa do AfroReggae para inserir ex-presidiários no mercado de trabalho


Vagas PCD / vagas voltadas para profissionais com deficiência


As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.